Bela Guttmann (1905 - 1981)
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Doping
A Federação Internacional de Ténis (ITF), suspendeu o argentino Mariano Puerta dos courts durante 8 anos, devido a um controlo anti-doping no qual o tenista acusou etilifrina, uma das substâncias classificadas como estimulante pela Agência Mundial Anti-dopagem (AMA). O tenista de 27 anos, reincidente em casos de dopagem (acusou clenbuterol em 2004), vê assim a carreira praticamente terminada, assim como vê retirado da sua conta os prize moneys e os troféus ganhos nos últimos anos.
Apesar de ter passado ao lado da maior parte da imprensa, esta notícia provocou-me algumas questões: porquê uma pena tão pesada a um tenista que não é propriamente jovem? E porque os casos de dopagem têm invariavelmente rostos argentinos por detrás?
Se a medida visa criar um exemplo para os mais jovens que se sentem tentados a seguir o caminho do doping, duvido que resulte, isto porque o desporto é cada vez mais rentável ao alto nível e quanto mais depressa se atinge esse nível, mais fama e melhor nível de vida se alcança, mesmo que seja às custas de práticas mercenárias como consumo de substâncias ilegais. Na minha opinião, e mesmo sabendo que Puerta é reincidente nestes casos, parece-me que a medida é exagerada. 8 anos é a vida desportiva de muitos atletas e neste caso específico, ajuizar uma medida destas a um atleta de 27 anos é tirar-lhe não só o resto da carreira desportiva, como mandá-lo directamente procurar outra profissão à qual terá dificuldade acrescida devido ao seu passado criminal.
Quanto à segunda questão, o facto é que já são demasiadas vezes que argentinos surgem em casos destes: Juan Ignacio Chela (em 2000), Guillermo Coria (2001), Martín Rodríguez (2003), Mariano Hood e Guillermo Cañas (em 2005), são outros casos de tenistas argentinos apanhados na rede do doping, isto para não referir casos de futebolistas que têm bem mais impacto devido à expressão deste desporto no mundo. São muitas e cada vez mais as referências a actos ilegais associados a argentinos e, por muito respeito que o mundo queira ter por indíviduos dessa nacionalidade, torna-se cada vez mais difícil acreditar na verdade desportiva que contenha argentinos pelo meio.
A Federação Internacional de Ténis (ITF), suspendeu o argentino Mariano Puerta dos courts durante 8 anos, devido a um controlo anti-doping no qual o tenista acusou etilifrina, uma das substâncias classificadas como estimulante pela Agência Mundial Anti-dopagem (AMA). O tenista de 27 anos, reincidente em casos de dopagem (acusou clenbuterol em 2004), vê assim a carreira praticamente terminada, assim como vê retirado da sua conta os prize moneys e os troféus ganhos nos últimos anos.
Apesar de ter passado ao lado da maior parte da imprensa, esta notícia provocou-me algumas questões: porquê uma pena tão pesada a um tenista que não é propriamente jovem? E porque os casos de dopagem têm invariavelmente rostos argentinos por detrás?
Se a medida visa criar um exemplo para os mais jovens que se sentem tentados a seguir o caminho do doping, duvido que resulte, isto porque o desporto é cada vez mais rentável ao alto nível e quanto mais depressa se atinge esse nível, mais fama e melhor nível de vida se alcança, mesmo que seja às custas de práticas mercenárias como consumo de substâncias ilegais. Na minha opinião, e mesmo sabendo que Puerta é reincidente nestes casos, parece-me que a medida é exagerada. 8 anos é a vida desportiva de muitos atletas e neste caso específico, ajuizar uma medida destas a um atleta de 27 anos é tirar-lhe não só o resto da carreira desportiva, como mandá-lo directamente procurar outra profissão à qual terá dificuldade acrescida devido ao seu passado criminal.
Quanto à segunda questão, o facto é que já são demasiadas vezes que argentinos surgem em casos destes: Juan Ignacio Chela (em 2000), Guillermo Coria (2001), Martín Rodríguez (2003), Mariano Hood e Guillermo Cañas (em 2005), são outros casos de tenistas argentinos apanhados na rede do doping, isto para não referir casos de futebolistas que têm bem mais impacto devido à expressão deste desporto no mundo. São muitas e cada vez mais as referências a actos ilegais associados a argentinos e, por muito respeito que o mundo queira ter por indíviduos dessa nacionalidade, torna-se cada vez mais difícil acreditar na verdade desportiva que contenha argentinos pelo meio.
terça-feira, dezembro 20, 2005
Bacalhau
Não entendo a tradição portuguesa do bacalhau. Não sei donde vem e só esse facto já é meio caminho andado para a incompreensão bacalhoense natalícia. Não se pode comer carne? Então porque se come peixe ao invés da carne? Soja não seria mais orgânico e de acordo com a natureza? Querem tanto respeitar as tradições e nem sabem donde elas vêm, para que servem e qual o seu propósito. Quanto a mim, acho que vou comer cenouras e ervilhas na consoada num gesto de puro paganismo e arrogância ateia.
Não entendo a tradição portuguesa do bacalhau. Não sei donde vem e só esse facto já é meio caminho andado para a incompreensão bacalhoense natalícia. Não se pode comer carne? Então porque se come peixe ao invés da carne? Soja não seria mais orgânico e de acordo com a natureza? Querem tanto respeitar as tradições e nem sabem donde elas vêm, para que servem e qual o seu propósito. Quanto a mim, acho que vou comer cenouras e ervilhas na consoada num gesto de puro paganismo e arrogância ateia.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Do comunismo
O comunismo está em extinção e já é preciso que os indivíduos de direita escrevam sobre ele. Por outro lado, esses indivíduos podem estar disfarçados, isto é, quanto mais afastados estão, mais vivem o poder. Contrasenso? Não, pois assim Franco, o galego, nunca seria o cruel ditador que foi. O poder vem da província, por isso olhem sempre de lado para o velho que ganha as partidas de dominó e da sueca.
Do indivíduo
Já repararam que a palavra indivíduo sugere um ser em dívida para com algo. Será o indivíduo um cidadão em dívida para com a democracia? E se não houver democracia, não há indivíduos? Assunto a rever.
Do bacalhau
Não gosto dele cozido.
O comunismo está em extinção e já é preciso que os indivíduos de direita escrevam sobre ele. Por outro lado, esses indivíduos podem estar disfarçados, isto é, quanto mais afastados estão, mais vivem o poder. Contrasenso? Não, pois assim Franco, o galego, nunca seria o cruel ditador que foi. O poder vem da província, por isso olhem sempre de lado para o velho que ganha as partidas de dominó e da sueca.
Do indivíduo
Já repararam que a palavra indivíduo sugere um ser em dívida para com algo. Será o indivíduo um cidadão em dívida para com a democracia? E se não houver democracia, não há indivíduos? Assunto a rever.
Do bacalhau
Não gosto dele cozido.
sábado, dezembro 10, 2005
"Os estádios serão os centros das cidades no futuro"
Esta é uma declaração do canal Discovery, a qual eu espero que seja apenas uma frase atirada ao ar e sem sentido. Infelizmente, e olhando ao nosso Portugal, os estádios foram o principal investimento em 2003 e 2004. Os resultados de tal investimento, dizem muitos, são positivos. Opinião com a qual eu não concordo, senão vejamos: para além do Euro2004 e dos 3 grandes, não vejo um usufruto benéfico de tais estádios, pois a mim até me parece que estes, por serem maiores e melhores que os anteriores, só causam maior crise aos clubes, confrontados com as despesas de um estádio de grande nível. Casos flagrantes são os estádios de Leiria, Coimbra, Faro/Loulé e Aveiro. Mas voltando à questão, serão os estádios os grandes centros citadinos do futuro?
Eu quero acreditar que não, pois tal seria a mediatização máxima do desporto como "a" representação das culturas, fossem elas bairristas ou nacionais. Isto não anda muito longe do que acontece em Portugal, onde o futebol é quem dita algumas das leis morais, porém as pessoas que vão, por exemplo, a Lisboa pela 1ª vez, não querem só ver o Estádio da Luz. Claro está, é um dos locais de visita, no entanto os turistas também gostam de conhecer a Baixa, Belém, o Parque das Nações, entre outros. Mas se por acaso chegar o dia em que só se vem a Lisboa para ver o Estádio da Luz ou o de Alvalade, aí acho que estaremos nesse tal futuro de que fala o canal Discovery. Acho esse mesmo futuro de difícil concretização em grandes cidades cosmopolitas como Londres, Paris ou Nova Iorque, cidades das quais o que nos vem primeiro à mente é o Big Ben, a torre Eiffel e a estátua da Liberdade, e não Wembley, o Parc des Princes ou Madison Square Garden, respectivamente. Um dia que os estádios sejam o centro da urbe será um mau dia para a história das civilizações, mas talvez não seja um mau dia para a identidade desse país.
Esta é uma declaração do canal Discovery, a qual eu espero que seja apenas uma frase atirada ao ar e sem sentido. Infelizmente, e olhando ao nosso Portugal, os estádios foram o principal investimento em 2003 e 2004. Os resultados de tal investimento, dizem muitos, são positivos. Opinião com a qual eu não concordo, senão vejamos: para além do Euro2004 e dos 3 grandes, não vejo um usufruto benéfico de tais estádios, pois a mim até me parece que estes, por serem maiores e melhores que os anteriores, só causam maior crise aos clubes, confrontados com as despesas de um estádio de grande nível. Casos flagrantes são os estádios de Leiria, Coimbra, Faro/Loulé e Aveiro. Mas voltando à questão, serão os estádios os grandes centros citadinos do futuro?
Eu quero acreditar que não, pois tal seria a mediatização máxima do desporto como "a" representação das culturas, fossem elas bairristas ou nacionais. Isto não anda muito longe do que acontece em Portugal, onde o futebol é quem dita algumas das leis morais, porém as pessoas que vão, por exemplo, a Lisboa pela 1ª vez, não querem só ver o Estádio da Luz. Claro está, é um dos locais de visita, no entanto os turistas também gostam de conhecer a Baixa, Belém, o Parque das Nações, entre outros. Mas se por acaso chegar o dia em que só se vem a Lisboa para ver o Estádio da Luz ou o de Alvalade, aí acho que estaremos nesse tal futuro de que fala o canal Discovery. Acho esse mesmo futuro de difícil concretização em grandes cidades cosmopolitas como Londres, Paris ou Nova Iorque, cidades das quais o que nos vem primeiro à mente é o Big Ben, a torre Eiffel e a estátua da Liberdade, e não Wembley, o Parc des Princes ou Madison Square Garden, respectivamente. Um dia que os estádios sejam o centro da urbe será um mau dia para a história das civilizações, mas talvez não seja um mau dia para a identidade desse país.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Gozar com as bandas
Já sabemos que a coisa não anda muito animadora para as bandas portuguesas que tentam criar alguma música decente, mas não fazia ideia que isto também já acontecia com bandas de nome feito, senão veja-se o que aconteceu com Therion:
"We are at this moment travelling to Omaha for the show (in a fucking uncomfortable van with a trailer). We drove til 5 in the morning and continued to drive today after 4 hour sleep and would have hade it for the Omaha show. We would have been late compared to normal load in time, but we would have had the time to set up our stuff, do a quick soundcheck and do the show (without any support acts). However, we just received a call saying the local promoter already cancelled the show. Nothing we can do about that, but again being very sorry. Especially as we could have done this show, it was not necessary to cancel it.
We will get the new tour bus this evening though, so be sure of that none of the remaining shows will be cancelled."
Para quem não conheça, os Therion são uma banda com mais de 10 anos, muito conhecida no meio do metal internacional, mas pouco ou nada no 'mainstream'. Se mesmo para os Therion a vida é difícil, imaginem então como ela é para os milhares de bandas portuguesas que procuram ainda o seu cantinho no mundo da música.
Já sabemos que a coisa não anda muito animadora para as bandas portuguesas que tentam criar alguma música decente, mas não fazia ideia que isto também já acontecia com bandas de nome feito, senão veja-se o que aconteceu com Therion:
"We are at this moment travelling to Omaha for the show (in a fucking uncomfortable van with a trailer). We drove til 5 in the morning and continued to drive today after 4 hour sleep and would have hade it for the Omaha show. We would have been late compared to normal load in time, but we would have had the time to set up our stuff, do a quick soundcheck and do the show (without any support acts). However, we just received a call saying the local promoter already cancelled the show. Nothing we can do about that, but again being very sorry. Especially as we could have done this show, it was not necessary to cancel it.
We will get the new tour bus this evening though, so be sure of that none of the remaining shows will be cancelled."
Para quem não conheça, os Therion são uma banda com mais de 10 anos, muito conhecida no meio do metal internacional, mas pouco ou nada no 'mainstream'. Se mesmo para os Therion a vida é difícil, imaginem então como ela é para os milhares de bandas portuguesas que procuram ainda o seu cantinho no mundo da música.
terça-feira, dezembro 06, 2005
Sobre o nada
O nada é meu amigo. Acompanha-me sempre que o meu pensamento procura algo não discernível, como se fosse um sonho encoberto por uma névoa da qual nem consigo dizer a cor. O nada torna-se tudo quando quero falar sobre ele, isto é, o debate centra-se na sua não-figura e na sua capacidade de extremar posições a limites que nos suplantam o imaginário.
Visto de uma maneira positiva, o nada é a felicidade pura. Quando a vida é feita de pequenos nadas (não confundir com momentos), ela torna-se simples, humilde...tosca. Portanto, quanto mais nadas existirem, maior será a felicidade. Muitos autores gostam de dizer que a ignorância é um estado saudável, pois permite-nos viver longe dos males do mundo, resumindo-nos a uma existência que em tudo se assemelha com o nada. Quem procura o nada acaba por (e sem o notar) tornar-se no nada. Nesse caso, apenas a busca pelo seu "eu" irá aproximá-lo da sua busca, todavia, o sujeito nunca procurará dentro de si pelo nada, visto ser ignorante.
Apesar deste paradoxo, o nada não é impossível de ser alcançado. Há nadas na nossa memória, tal como há algos. É tudo uma questão de moldar-nos o nosso cérebro para registar os nadas e não os algos.
Simples, não é? Não.
O nada é meu amigo. Acompanha-me sempre que o meu pensamento procura algo não discernível, como se fosse um sonho encoberto por uma névoa da qual nem consigo dizer a cor. O nada torna-se tudo quando quero falar sobre ele, isto é, o debate centra-se na sua não-figura e na sua capacidade de extremar posições a limites que nos suplantam o imaginário.
Visto de uma maneira positiva, o nada é a felicidade pura. Quando a vida é feita de pequenos nadas (não confundir com momentos), ela torna-se simples, humilde...tosca. Portanto, quanto mais nadas existirem, maior será a felicidade. Muitos autores gostam de dizer que a ignorância é um estado saudável, pois permite-nos viver longe dos males do mundo, resumindo-nos a uma existência que em tudo se assemelha com o nada. Quem procura o nada acaba por (e sem o notar) tornar-se no nada. Nesse caso, apenas a busca pelo seu "eu" irá aproximá-lo da sua busca, todavia, o sujeito nunca procurará dentro de si pelo nada, visto ser ignorante.
Apesar deste paradoxo, o nada não é impossível de ser alcançado. Há nadas na nossa memória, tal como há algos. É tudo uma questão de moldar-nos o nosso cérebro para registar os nadas e não os algos.
Simples, não é? Não.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
quarta-feira, novembro 23, 2005
Mar de outrora, mar de amanhã
Hic uasto rex Aeolus antro
luctantis uentos tempestatesque sonoras
imperio premit ac uinclis et carcere frenat
luctantis uentos tempestatesque sonoras
imperio premit ac uinclis et carcere frenat
[ Eolo, rei, aqui numa espaçosa
Gruta, com o seu império e mando enfreia
Dos ventos a cruel ferocidade,
E em prisões tem a insana tempestade ]
Gruta, com o seu império e mando enfreia
Dos ventos a cruel ferocidade,
E em prisões tem a insana tempestade ]
A Eneida de Virgilio, apesar de nunca o ter lido na íntegra, é uma obra saudável e rica em conteúdo mitológico, assim como palavras exóticas e poderosas. Nela encontramos treixos absolutamente maravilhosos que nos proporcionam uma pequena viagem ao mundo em que o mare nostrum era a força reinante. Hoje o mar não é a força dominante mas a força dominada. O aquecimento global tornou o mar no cemitério da humanidade. Engane-se quem pense que o mar é apenas o elo de ligação entre aquecimento global e morte da humanidade. O mar é mais que isso, é um ser com vida própria que chora por cada um de nós. O mundo é um ser perfeito, ninguém tenha dúvidas disso, mas como todos os outros seres, também morrerá. E com ele irá o mar, inspirador de paixões e de saudade. Que pena que em vez o perpetuarmos até onde pudermos, o assassinemos da pior maneira: lenta e dolorosamente.
segunda-feira, novembro 21, 2005
quinta-feira, novembro 17, 2005
O mar
Por vezes o mar é cruel e leva-nos aquilo que nos é querido. Outra vezes o mar é gentil e traz-nos recordações que queríamos de volta.
O mar é tudo aquilo que a vida devia ser e ao mesmo tempo, tem em si tudo o que podemos encontrar no pior dos pesadelos. O mar é isto. Por isso quando viajo para longe dele, sinto-me estrangeiro. O frio, a calma e a raiva...tudo nele é majestoso e tudo nele deixa saudade. Só através do mar conseguimos explicar esse sentimento chamado saudade. Tirar o mar a um português é tirar-lhe a saudade, é matá-lo por dentro.
Por vezes o mar é cruel e leva-nos aquilo que nos é querido. Outra vezes o mar é gentil e traz-nos recordações que queríamos de volta.
O mar é tudo aquilo que a vida devia ser e ao mesmo tempo, tem em si tudo o que podemos encontrar no pior dos pesadelos. O mar é isto. Por isso quando viajo para longe dele, sinto-me estrangeiro. O frio, a calma e a raiva...tudo nele é majestoso e tudo nele deixa saudade. Só através do mar conseguimos explicar esse sentimento chamado saudade. Tirar o mar a um português é tirar-lhe a saudade, é matá-lo por dentro.
segunda-feira, novembro 14, 2005
Ex nihilo
Hoje descobri o real significado da palavra ex nihilo. Foi por acaso, num livro que nada tinha que ver com o assunto. Numa daquelas frases normais de quem está a tentar explicar alguma coisa, o autor usa de uma expressão em latim. Cá está algo que sempre me confundiu: apesar de criticados no longínquo século XV por Erasmo de Roterdão, os intelectuais dos dias de hoje continuam a abusar das expressões em latim, como que para mostrar que também têm um dicionário de latim em casa. E explicar o real sentido das coisas continua também a ser mentira. Começo cada vez mais a intrigar-me se tal uso de expressões consiste apenas numa constante falta de ideias. Assim, os tais intelectuais seriam apenas idiotas (sem ideias).
Ao também usar expressões latinas, entro para o lote destes (pseudo) intelectuais, no entanto e tal como quero ser um rico inteligente, também quero ser um intelectual idiota.
Hoje descobri o real significado da palavra ex nihilo. Foi por acaso, num livro que nada tinha que ver com o assunto. Numa daquelas frases normais de quem está a tentar explicar alguma coisa, o autor usa de uma expressão em latim. Cá está algo que sempre me confundiu: apesar de criticados no longínquo século XV por Erasmo de Roterdão, os intelectuais dos dias de hoje continuam a abusar das expressões em latim, como que para mostrar que também têm um dicionário de latim em casa. E explicar o real sentido das coisas continua também a ser mentira. Começo cada vez mais a intrigar-me se tal uso de expressões consiste apenas numa constante falta de ideias. Assim, os tais intelectuais seriam apenas idiotas (sem ideias).
Ao também usar expressões latinas, entro para o lote destes (pseudo) intelectuais, no entanto e tal como quero ser um rico inteligente, também quero ser um intelectual idiota.
terça-feira, novembro 08, 2005
Uma falha.
Uma simples falha e a confiança dos outros em mim desaparece. Não entendo porque funciona assim. Eu dou oportunidades aos outros, não uma última hipótese mas sim uma hipótese que se não for cumprida, será renovada. Não consigo dizer que não e não consigo deixar de ajudar os outros, mesmo que estes sejam meros interesseiros. Não me gosto de humilhar, por muito que a leitura destas palavras leve a crer nisso, acho apenas que o meu orgulho se encontra num patamar diferente do resto dos outros. Não me revejo nesta sociedade individualista e narcisista. Para mim [e por estúpido que tal pareça ao mundo], o bem dos outros é o meu bem. Acho que vivi a idade das invejas, dos orgulhos e das ganâncias na infância e por isso, tudo o que olho à minha volta parece um rídiculo perpetuamento da adolescência.
PS: Ainda bem que há excepções.
Uma simples falha e a confiança dos outros em mim desaparece. Não entendo porque funciona assim. Eu dou oportunidades aos outros, não uma última hipótese mas sim uma hipótese que se não for cumprida, será renovada. Não consigo dizer que não e não consigo deixar de ajudar os outros, mesmo que estes sejam meros interesseiros. Não me gosto de humilhar, por muito que a leitura destas palavras leve a crer nisso, acho apenas que o meu orgulho se encontra num patamar diferente do resto dos outros. Não me revejo nesta sociedade individualista e narcisista. Para mim [e por estúpido que tal pareça ao mundo], o bem dos outros é o meu bem. Acho que vivi a idade das invejas, dos orgulhos e das ganâncias na infância e por isso, tudo o que olho à minha volta parece um rídiculo perpetuamento da adolescência.
PS: Ainda bem que há excepções.
domingo, novembro 06, 2005
O corpo.
O que é afinal esta massa movediça que nos acompanha? Porque choramos mais por qualquer fissura nele do que choramos por outras coisas bem mais valorosas? O corpo traz consigo um certificado de orgulho. Este altera-se conforme a simetria mais perfeita ou conforme a raridade: quanto maiores forem estes dois, mais orgulho existe, mais o corpo é preservado, mais o absurdo cresce. Basta sair à rua pra se perceber isto. No entanto fica uma sugestão: experimentem olhar aos pormenores e compará-los com animais. Por exemplo, se tiver uma crista é galo, se tiver um capacete é um porco, se tiver cores bizarras é um pavão e por aí fora. Depois imaginem-se como um explorador perdido que encontra todas essas espécies raras a circular à sua volta e, no entanto, completamente alheadas dos vossos movimentos. Este imaginário pode trazer momentos hilariantes...pelo menos comigo traz.
O que é afinal esta massa movediça que nos acompanha? Porque choramos mais por qualquer fissura nele do que choramos por outras coisas bem mais valorosas? O corpo traz consigo um certificado de orgulho. Este altera-se conforme a simetria mais perfeita ou conforme a raridade: quanto maiores forem estes dois, mais orgulho existe, mais o corpo é preservado, mais o absurdo cresce. Basta sair à rua pra se perceber isto. No entanto fica uma sugestão: experimentem olhar aos pormenores e compará-los com animais. Por exemplo, se tiver uma crista é galo, se tiver um capacete é um porco, se tiver cores bizarras é um pavão e por aí fora. Depois imaginem-se como um explorador perdido que encontra todas essas espécies raras a circular à sua volta e, no entanto, completamente alheadas dos vossos movimentos. Este imaginário pode trazer momentos hilariantes...pelo menos comigo traz.
quarta-feira, novembro 02, 2005
Um problema
Nem todos transportam cultura. Um B.I. não significa que o seu portador seja fechado nas fronteiras que delimitam a nação e muito menos significa que este esteja limitado culturalmente ao espaço a que está confinado. Ao invés, o sujeito nacional pode estar idóneo a novas tradições, novos estilos, novas maneiras...enfim, ao que entendemos como o conjunto de factores que formam uma cultura, isto é, o sujeito poderá nunca se identificar com a cultura em que nasceu e viveu. Dizer que a cultura se ganha com a educação escolar e familiar não é totalmente correcto, pois no sujeito poderá existir uma propensão à diferença, procurando assim novas tendências e novos fenómenos identificadores do seu "eu cultural".
Concluíndo, o multiculturalismo enquanto relação de identidades através do conflito e interactividade ou como relação de culturas não totalmente definidas, pode partir da procura pelo "eu cultural", ou seja, começa na mobilidade interior do sujeito e não da mobilidade exterior. A viagem é dentro de nós, só depois ela se aplica ao mundo.
Nem todos transportam cultura. Um B.I. não significa que o seu portador seja fechado nas fronteiras que delimitam a nação e muito menos significa que este esteja limitado culturalmente ao espaço a que está confinado. Ao invés, o sujeito nacional pode estar idóneo a novas tradições, novos estilos, novas maneiras...enfim, ao que entendemos como o conjunto de factores que formam uma cultura, isto é, o sujeito poderá nunca se identificar com a cultura em que nasceu e viveu. Dizer que a cultura se ganha com a educação escolar e familiar não é totalmente correcto, pois no sujeito poderá existir uma propensão à diferença, procurando assim novas tendências e novos fenómenos identificadores do seu "eu cultural".
Concluíndo, o multiculturalismo enquanto relação de identidades através do conflito e interactividade ou como relação de culturas não totalmente definidas, pode partir da procura pelo "eu cultural", ou seja, começa na mobilidade interior do sujeito e não da mobilidade exterior. A viagem é dentro de nós, só depois ela se aplica ao mundo.
terça-feira, outubro 18, 2005
Divago.
A noite aproxima-se de mim. O mundo meu que aos outros pertence, devolvo. Sem gratidão, ela foge. Consigo leva as ilusões que o dia semeou, que os ventos frios sonharam. Nada mais há a esperar, o dia seguinte é um dilúvio de pensamentos incosequentes, a vida cegou-me e aos demais que esta terra povoam (mas não semeiam), é lhes pedida a colheita. O usufruto aos outros pertence enquanto à oração me condeno. Oro a deuses que não existem, a ilusões que alimento, a ícones que me lembro. Mas nenhum me dá um sinal...como podem os outros acreditar? A colheita da desilusão é capaz de retirar o fardo da ignorância? Quero crer que sim para aspirar a um dia me tornar como eles: fúteis e desenquadrados num sistema que vagueia regras. Quero reclamar a minha razão, mesmo sabendo que nunca serei dono da verdade. Se tenho o trabalho de entender porque não hei de querer orgulho aos meus ombros? O trabalho traz orgulho, o desencanto as divagações. E a divagar me encontro, em marés altas que o mundo não sente mas que me abalroam. O que seria do mundo sem os outros e o que seria do mundo sem mim?
A noite aproxima-se de mim. O mundo meu que aos outros pertence, devolvo. Sem gratidão, ela foge. Consigo leva as ilusões que o dia semeou, que os ventos frios sonharam. Nada mais há a esperar, o dia seguinte é um dilúvio de pensamentos incosequentes, a vida cegou-me e aos demais que esta terra povoam (mas não semeiam), é lhes pedida a colheita. O usufruto aos outros pertence enquanto à oração me condeno. Oro a deuses que não existem, a ilusões que alimento, a ícones que me lembro. Mas nenhum me dá um sinal...como podem os outros acreditar? A colheita da desilusão é capaz de retirar o fardo da ignorância? Quero crer que sim para aspirar a um dia me tornar como eles: fúteis e desenquadrados num sistema que vagueia regras. Quero reclamar a minha razão, mesmo sabendo que nunca serei dono da verdade. Se tenho o trabalho de entender porque não hei de querer orgulho aos meus ombros? O trabalho traz orgulho, o desencanto as divagações. E a divagar me encontro, em marés altas que o mundo não sente mas que me abalroam. O que seria do mundo sem os outros e o que seria do mundo sem mim?
domingo, outubro 09, 2005
Ainda sobre o agnosticismo
Apesar do teste ter-me dado como um ser agnóstico, não caibo integralmente no termo. Tenho as minhas dúvidas quanto à existência de Deus, é certo, mas das dúvidas a ter a certeza absoluta que não existe, vai um grande passo. A minha formação cristã leva-me a respeitar os demais credos e isso para muitos corresponde a um pecado católico (não idolatres outros deuses), no entanto o meu credo maior vai para aquilo que observo, aquilo que faz mover o mundo. Até em prova do contrário, para mim a Natureza é a responsável pela existência, pelo bem e pelo mal. O Homem é um ser extraído e nascido dela. De um acaso talvez, de uma mão divina não. Isto porque não tenho provas para acreditar nisso.
Acredito também no poder da religião. Ela foi responsável por muitas guerras, mas também pela paz e pela construção de nações. Certamente que o seu valor será mais negativo que positivo para a história universal, mas não nos cabe a nós ajuizar isso, cabe-nos sim a tarefa de tornar este mundo melhor ajudando o próximo. Este é um dos ensinamentos da religião cristã e devido a isto, ela deve ser respeitada e amada. A mim só me cabe a tarefa de respeitá-la porque nunca a amei verdadeiramente, sempre tive muitas dúvidas. Alguém há de a amar, como outro alguém há de a odiar, a diferença está quando o ódio é tanto que nos cega a visão. O amor também nos pode cegar, mas não mata ninguém.
Apesar do teste ter-me dado como um ser agnóstico, não caibo integralmente no termo. Tenho as minhas dúvidas quanto à existência de Deus, é certo, mas das dúvidas a ter a certeza absoluta que não existe, vai um grande passo. A minha formação cristã leva-me a respeitar os demais credos e isso para muitos corresponde a um pecado católico (não idolatres outros deuses), no entanto o meu credo maior vai para aquilo que observo, aquilo que faz mover o mundo. Até em prova do contrário, para mim a Natureza é a responsável pela existência, pelo bem e pelo mal. O Homem é um ser extraído e nascido dela. De um acaso talvez, de uma mão divina não. Isto porque não tenho provas para acreditar nisso.
Acredito também no poder da religião. Ela foi responsável por muitas guerras, mas também pela paz e pela construção de nações. Certamente que o seu valor será mais negativo que positivo para a história universal, mas não nos cabe a nós ajuizar isso, cabe-nos sim a tarefa de tornar este mundo melhor ajudando o próximo. Este é um dos ensinamentos da religião cristã e devido a isto, ela deve ser respeitada e amada. A mim só me cabe a tarefa de respeitá-la porque nunca a amei verdadeiramente, sempre tive muitas dúvidas. Alguém há de a amar, como outro alguém há de a odiar, a diferença está quando o ódio é tanto que nos cega a visão. O amor também nos pode cegar, mas não mata ninguém.
Which religion is the right one for you?
You scored as agnosticism. You are an agnostic. Though it is generally taken that agnostics neither believe nor disbelieve in God, it is possible to be a theist or atheist in addition to an agnostic. Agnostics don't believe it is possible to prove the existence of God (nor lack thereof). Agnosticism is a philosophy that God's existence cannot be proven. Some say it is possible to be agnostic and follow a religion; however, one cannot be a devout believer if he or she does not truly believe
Which religion is the right one for you? (new version) created with QuizFarm.com |
quinta-feira, setembro 08, 2005
Implosões
Aqui vão algumas coisas que eu gostaria de ver implodidas:
- A classe política portuguesa. O Alberto João Jardim podia explodir se assim o desejasse
- A comunicação social portuguesa no geral e a TVI em particular
- Os Morangos com açucar, o às 2 por 3 e os D'zrt (é assim que se escreve?)
- O Pavilhão novo da Faculdade de Letras de Lisboa
- O Ultima Online
Aqui vão algumas coisas que eu gostaria de ver implodidas:
- A classe política portuguesa. O Alberto João Jardim podia explodir se assim o desejasse
- A comunicação social portuguesa no geral e a TVI em particular
- Os Morangos com açucar, o às 2 por 3 e os D'zrt (é assim que se escreve?)
- O Pavilhão novo da Faculdade de Letras de Lisboa
- O Ultima Online
domingo, agosto 28, 2005
Pátria, Comércio e Madeira
O que é a pátria? Que conceito é esse que nos movimenta em direcção à guerra? A pátria torna-nos primitivos, faz-nos lutar contra um inimigo por uma causa, faz-nos matar por um objectivo. A pátria é aquilo que mais animalesco há em nós, pois não é possível pátria sem que haja inimigo. Quando todos os valores da civilização nos apontam para os códigos de ética, para fazer o bem e condenar o mal, surge então a pátria como elo de ligação entre as pessoas de uma determinada região, raça ou classe contra algo que lhes parece errado e que deve ser alterado. O grande mérito da democracia é permitir que se altere algo sem derramamento de sangue, mas por outro lado é também a democracia o habitat perfeito para a pátria. A delimitação de fronteiras e a hierarquia dos homens regidos sobre um código de leis fomenta a valorização de uma força que muitos chamam de pátria, outros de nação e alguns mais radicais de portugalidade. Para mim é positivo clamarmos que a terra que habitamos é a ideal, pois só assim lhe damos o devido valor, mas por outro lado, torna-se terrivelmente negativo tomarmos a terra que não é a nossa como inimiga. A pátria faz-nos isso e é devido à sua existência e força que vários políticos a usam a seu favor.
Veja-se o caso de Alberto João Jardim na Madeira. Para Jardim aquela é a sua terra e tudo o que está para além dela é território inimigo. É certo que trata Portugal continental de maneira diferente e vê este território como uma região amiga pois para além de lhe doar fundos para o crescimento da Madeira também fala a mesma língua, mas fica-se por aqui. Tudo o que seja além-fronteiras portuguesas é pátria inimiga e por isso não merece pisar a "nossa" terra. Primeiro foram os chineses e depois os espanhóis, para Jardim são todos inimigos da pátria portuguesa e num plano mais avançado, inimigos da pátria madeirense. Ao contrário de Jardim, penso que o investimento espanhol não é mau, assim como o chinês também não o é. A realidade é que economia e politica só devem ser juntas para actos governativos e nunca para actos de patriotismo. O investimento espanhol e o chinês é útil ao nosso país porque, contrariamente ao que diz Alberto João Jardim, obriga o nosso comércio a adaptar-se ao comércio mundial onde a velocidade de adaptação é a chave para o sucesso. O fénomeno das falências nas pequenas e médias empresas não é só nosso, por isso a solução consiste em deixarmos de vez de nos fiar em valores patriotas que por muito apelativos que sejam, não alimentam as famílias portuguesas.
Veja-se o caso de Alberto João Jardim na Madeira. Para Jardim aquela é a sua terra e tudo o que está para além dela é território inimigo. É certo que trata Portugal continental de maneira diferente e vê este território como uma região amiga pois para além de lhe doar fundos para o crescimento da Madeira também fala a mesma língua, mas fica-se por aqui. Tudo o que seja além-fronteiras portuguesas é pátria inimiga e por isso não merece pisar a "nossa" terra. Primeiro foram os chineses e depois os espanhóis, para Jardim são todos inimigos da pátria portuguesa e num plano mais avançado, inimigos da pátria madeirense. Ao contrário de Jardim, penso que o investimento espanhol não é mau, assim como o chinês também não o é. A realidade é que economia e politica só devem ser juntas para actos governativos e nunca para actos de patriotismo. O investimento espanhol e o chinês é útil ao nosso país porque, contrariamente ao que diz Alberto João Jardim, obriga o nosso comércio a adaptar-se ao comércio mundial onde a velocidade de adaptação é a chave para o sucesso. O fénomeno das falências nas pequenas e médias empresas não é só nosso, por isso a solução consiste em deixarmos de vez de nos fiar em valores patriotas que por muito apelativos que sejam, não alimentam as famílias portuguesas.
quinta-feira, agosto 18, 2005
Negativo, eu?
Não desespero, mas apetece-me. Tudo me parece mal, tudo me parece errado e no entanto, não altero nada. Nem sequer penso no que podia alterar. Fútil. Inútil. As palavras rimam e não suavizam o amargo que atravesso, o deserto que me absorve e a tempestade que se afasta. Nada me salva e tudo me condena. Mas tudo isto não atravessa a pele. Sou uma muralha alemã que não teme nada e todos os ataques sofre. Mas nunca cai. Porque aqui os sentimentos passam, ajudam a crescer, mas nunca se fixam. Como a fruta que da árvore brota e para o estomâgo vai.
Não desespero, mas apetece-me. Tudo me parece mal, tudo me parece errado e no entanto, não altero nada. Nem sequer penso no que podia alterar. Fútil. Inútil. As palavras rimam e não suavizam o amargo que atravesso, o deserto que me absorve e a tempestade que se afasta. Nada me salva e tudo me condena. Mas tudo isto não atravessa a pele. Sou uma muralha alemã que não teme nada e todos os ataques sofre. Mas nunca cai. Porque aqui os sentimentos passam, ajudam a crescer, mas nunca se fixam. Como a fruta que da árvore brota e para o estomâgo vai.
quinta-feira, julho 28, 2005
O meu tempo
Luto contra o tempo, mas ele não luta contra mim. Não quer ser meu adversário, mas sim um amigo, uma identidade que me quer ajudar segundo as suas regras e a sua conduta. Só que o tempo é escasso para mim. Quero muita coisa e nada faço, o tempo não me ajuda a fazê-lo mas ao mesmo tempo, eu também não tenho a capacidade e engenho para fazer essas coisas.
Será que eu quero culpar o tempo em vez de mim?
Será que a minha existência finita me leva a condenar aqueles que são infinitos?
Terei eu inveja do tempo?
Se me fizerem esta última pergunta de rompante, responderei com quase toda a certeza que não. No entanto, e analisando os últimos anos da minha vida, o que vejo é que não consigo fazer as coisas porque as forço em demasia, torno as metas tão realizáveis como se todo o mundo fosse feito com as minhas medidas. Depois, quando descubro que não funciona bem dessa maneira, acabo por condenar o tempo e toda a sua calma. Ele deve rir-se da minha pressa em viver a vida. Ou simplesmente não entende essa pressa. Inclino-me para esta última, em grande parte porque nem eu entendo correctamente o porquê dessa pressa. Desconfio que o sangue corre mais depressa nas minhas veias do que a electricidade corre nos fios que brotam das paredes cá de casa. Acho até que a própria electricidade não consegue acompanhar (quanto mais entender), a pressa com que eu quero viver a vida.
No meio disto tudo é importante constantar que quem me conhece de vista ou de conversas em amena cavaqueira, me vê como uma pessoa calma e ponderada. A palavras esquizofrenia ecoou sorrateiramente após esta última frase, mas não creio (e não quero acreditar), que me ande para aí a desmultiplicar em personalidades tão antagónicas quanto uma pessoa calma e outra completamente descontrolada no seu desejo de debitar activos numa vida pouco lucrativa.
Será que acomodei o desejo de viver intensamente a vida na minha aparente calma?
Não consigo responder a isto, e nem sequer vou pensar na resposta, pois a consequência típica de conclusões a esta pergunta é depressão ou euforia desmedida.
quinta-feira, julho 14, 2005
A teia
Adoro as pessoas que conseguem transmitir em palavras os seus sentimentos. São únicas. Podem por vezes achar que o que escreveram é sinóptico demais e pouco clarividente para os outros, mas o que realmente interessa é que conseguiram transcrever em palavras o que lhes ia na cabeça. Não digo na alma porque isso é um frase feita que me desagrada, até porque a visão da alma é algo que me escapa, do qual sou céptico. Já acreditei na natureza para além do que observamos, mas por alguma razão consegui fugir dessa teia. Só a desilusão, só uma imperfeição nessa teia nos transporta para essa falta de fé. Infelizmente aconteceu-me. Não há volta a dar para retornar a essa rara prisão agradável, o que há a fazer é seguir em frente, olhar o mundo no seu vazio, tentar encontrar respostas frias e calculistas para assuntos que não devem ser analisados dessa forma. Através desta frieza consigo discernir a fonte de todo o mal, mas não a consigo reparar. Esta é capaz de ser a maior tristeza do mundo: saber qual a raíz do mal e nada poder fazer para a solucionar...mesmo que saibamos a solução, isto porque falta-me estar dentro da teia, falta-me a crença na alma. Apenas acreditando na alma conseguimos ajudar quem necessita de ajuda, mesmo que o caminho seja muito mais longo que o de uma pessoa calculista e sem sentido de alma. Um psicólogo sem o sentido de alma é o melhor analista dos problemas, mas unicamente o psicólogo pleno de alma consegue curar. O psicólogo perfeito tem que ser, obviamente, esquizofrénico. Surreal, mas só o psicólogo doente é capaz de milagres para os quais não temos forças para sarar.
quarta-feira, julho 06, 2005
Londres 2012
Está encontrada a cidade que irá acolher os Jogos Olímpicos em 2012. Fiquei algo decepcionado com a escolha, pois para mim, Madrid reunia as melhores condições climatéricas e logísticas (os vários acampamentos olímpicos ficariam no máximo a 10km dos locais de competição). Além disso, tanto Londres como Paris já acolheram Jogos Olímpicos anteriormente, enquanto Madrid não. O facto de Barcelona ter recebido os Jogos em 1992 foi certamente um outro factor contra a candidatura madrileña. Paris foi a grande derrotada, já que a era apontada como favorita desde o ínicio e apesar disso perdeu. Apoiada por Chirac, esta foi outra derrota política do presidente após o chumbo dos franceses no referendo da Constitução Europeia.
terça-feira, junho 28, 2005
Estado político português em Junho de 2005:
PSD, restantes partidos da oposição, sindicatos e opinião pública generalizada são equivalentes a debate político baseado em antagonia a tudo o que o governo execute e sem soluções no argumento que utilizam. O termo "trapalhada contabilística" pode servir bem como chacota política, mas para mim, e devido ao vazio de soluções que apresentou, representa pura perda de tempo.
O meu único desejo para a política portuguesa é que os portugueses não tenham memória curta e saibam dar o devido tempo a um governo que pode ser medíocre, mas no qual temos que nos fiar para reanimar um país em coma desde o segundo mandato cavaquista.
PSD, restantes partidos da oposição, sindicatos e opinião pública generalizada são equivalentes a debate político baseado em antagonia a tudo o que o governo execute e sem soluções no argumento que utilizam. O termo "trapalhada contabilística" pode servir bem como chacota política, mas para mim, e devido ao vazio de soluções que apresentou, representa pura perda de tempo.
O meu único desejo para a política portuguesa é que os portugueses não tenham memória curta e saibam dar o devido tempo a um governo que pode ser medíocre, mas no qual temos que nos fiar para reanimar um país em coma desde o segundo mandato cavaquista.
terça-feira, junho 21, 2005
segunda-feira, maio 23, 2005
Separados à nascença
Em cima: Hokusai: Fuji
Em baixo: Cezánne: Saint-Victoire
quinta-feira, maio 19, 2005
quarta-feira, maio 18, 2005
É dificil falar sobre este assunto, visto que a derrota ainda está muito presente nas mentes dos portugueses e para além disso, existe um género de fantasma do Euro2004 pelo ar que torna complicado pensar no impacto desta derrota. Antes de mais há que assinalar que se trata mais de uma derrota do Sporting, do que de uma vitória do CSKA. Curiosamente, o CSKA ainda não tinha ganho qualquer jogo fora de casa nesta prova da UEFA, no entanto foram ganhar precisamente no dia em que não deviam.
O resultado está feito, não penso que sirva de muito saber que o Rogério podia ter empatado e nesse contra-ataque os russos tenham matado o jogo, como também não me interessam as declarações de vitória ou derrota, visto que estas, qualquer que seja a final, são sempre as mesmas.
O que me interessa de facto, é reconhecer que o Sporting, enquanto clube, esteve à altura do evento. Uma organização impecável e sem problemas, uma equipa que lutou até ao fim e sobretudo, uns adeptos com um fair-play notável. Perdido o jogo, os adeptos do Sporting não se coibíram de aplaudir o adversário, honrando o espectáculo com aquilo que tem de melhor: o desportivismo. Podiam ter adornado a conquista da taça pelos russos com um coro de assobios, mas preferiram aplaudir e festejar o evento.
Porque no fundo, trata-se apenas de um jogo de futebol. E o Sporting enquanto instituição de elevado poder para com o público, deu o melhor exemplo. Estes gestos não têm preço e revelam aquilo que é um adepto sportinguista.
Viva o Sporting! Viva o CSKA! Viva o Futebol!
quinta-feira, maio 05, 2005
Para onde caminhas Portugal?
Há certas notícias que por muito graves que sejam, nos passam ao lado, mas há outras que nos tocam nos pontos mais frágeis, e por isso são tão difíceis de lidar. No entanto, há que olhar para a notícia em si e apurar responsabilidades. Para que não mais volte a acontecer.
Estive a ver o Opinião Pública desta manhã na SIC Notícias. O programa era sobre a protecção das crianças, surgido naturalmente devido aos últimos acontecimentos no Bairro do Aleixo, onde o brutal assassinato da jovem Vanessa, de apenas 5 anos, ocorreu. O comentador convidado era um membro da Comissão Central para a ajuda e protecção das crianças em risco, orgão que está acima das mais de 200 comissões de ajuda e protecção espalhadas pelo país.
E o primeiro dado do porquê destas comissões não funcionarem eficientemente foi rapidamente demonstrado: ele não conseguia responder à maior parte das questões relacionadas com as comissões por, imagine-se, falta de informação e de dados.
O segundo dado surgiu também depressa e com a definição das comissões, visto os telespectadores que interviram no programa terem mostrado a sua revolta pela passividade das mesmas. Ora, as comissões para a protecção de crianças em risco têm como função proteger a criança de forma não judicial, mas sim de acompanhamento, seguindo dois passos:
- No primeiro passo têm que averiguar se a criança está mesmo em perigo de forma a proceder-se a um diagnóstico da sua situação.
- No segundo passo existe uma análise desse diagnóstico para se decidir se há ou não lugar a uma medida de protecção.
Simples? Não! As coisas em Portugal possuem demasiados paradoxos e alíneas para serem consideradas simples. Isto porque devido à reforma na função pública, há falta de pessoal nestas comissões. Isto não impede contudo que as pessoas que aí trabalham, se disponham a trabalhar apenas durante a manhã ou a tarde. Este dado significa que a Comissão Central falhou na gestão das várias comissões, pois não pode obrigá-las a trabalhar a tempo inteiro, se bem que neste caso está entre a espada e a parede, visto que não tem poder judicial sobre as vítimas nem sobre os seus próprios empregados e apesar de tudo isto, é um serviço conectado com o Estado. Para variar chegámos à eterna raíz do mal: o Estado.
Mas eu não gosto que o processo seja sempre este, e por isso é preciso apurar responsabilidades às comissões e mesmo ao cidadão comum:
- Porque as vizinhas que tudo sabiam não informaram ninguém? É preciso acontecer uma tragédia para se tomar a iniciativa. Isto é algo que está tão intrínseco ao nosso povo, assim como o nosso natural negativismo.
- Porque não há acções informativas junto ao cidadão por parte das comissões? Da minha parte, eu não faço ideia aonde me devo dirigir, que telefones usar e com quem falar. Estas acções informativas poderiam "matar dois coelhos de uma só vez", pois informavam o cidadão e além disso podiam apelar ao voluntariado, como tantas outras associações o fazem. Resolvia-se parte do problema da falta de pessoal e as pessoas, nem que seja uma dezena delas, saíam mais informadas.
- Questionamos diariamente o Estado e as suas medidas, mas esquecemo-nos que ele é o ultimo recurso em caso de desespero. Logo, tem que ser cada um de nós a contribuir de uma forma civilizada e com debate de opiniões, em vez de só dizer mal mas não mostrar qualquer tipo de solução, para a melhoria constante do orgão estatal. É urgente a reforma na administração pública e na justiça, pois os enquadramentos legais não permitem que os casos judiciais sejam resolvidos de forma célere como deveriam ser. Mas também é urgente que nós mudemos as mentalidades. Há quem se esqueça, mas quem fala mal do estado é o mesmo que incendeia a floresta portuguesa, que suja as praias, que conduz mal e que comete este tipo de crimes. Não nos serve de muito falarmos de uma hipocrisia dos serviços, quando no debate politico o que vemos é o insulto bárbaro em contraste com a falta de soluções. Não nos serve falar de filas de espera nos serviços públicos quando somos os mesmos que não deixamos que ninguém nos passe à frente.
Não sei como acontece, mas a origem do problema para mim, vai sempre dar ao mesmo: falta de civismo proveniente de uma educação em crise. O epicentro de todo o problema é sempre a educação, e é no minímo estranho que se trate este assunto de maneira tão leve. Educação e Saúde são os alicerces de qualquer sociedade estável e feliz. Não entendo porque as prioridades deste país não são estas. Se continuar tudo por fazer, não me admira que um novo 25 de Abril ecoe cada vez mais em cada nova conversa.
segunda-feira, maio 02, 2005
Aku
Por vezes tenho a raiva que me podia levar a isso. Mas são momentos de cólera que passam rapidamente, pois tenho a sorte de ter sido bem aconselhado nos momentos exactos. Pelo menos é assim que olho a maior parte da minha vida. No entanto surge sempre a dúvida universal:
"e se tivesse acontecido de outra forma?"
A resposta é invariavelmente igual:
"vive o presente e não o passado"
Os conselhos têm a sua utilidade, mas infelizmente os úteis são sempre dados por pessoas em pior condição que a nossa, pessoas que nos compreendem tão bem que não querem que soframos o mesmo que elas, porque afinal, elas sabem o que estamos a viver porque em qualquer parte do passado, também passaram por isso.
Custa ouvir a história de quem sofre e nunca uma única vez foi bafejado pela sorte, mas ainda assim, continua a caminhar sem objectivo. Havia outra forma dessa pessoa ter vivido a vida? Está ela a viver o passado a cada passo que toma no seu caminho disperso ou simnplesmente está a viver o presente na mais pura das formas?
Quem me dera viver também o presente.
domingo, abril 24, 2005
A cultura e a identidade europeia
Recorrendo a um texto de Eduardo Lourenço, um grande pensador da Europa, irei procurar com este texto problematizar algumas das suas questões, adicionando também outras por mim idealizadas. Isto é também uma forma de expôr parte da matéria que estudei para o teste de terça-feira :)
O primeiro ponto a reter do texto que li, é que para avançar por algum pensamento definidor de um caminho para a Europa, primeiro temos que definir dois conceitos-chave: cultura e identidade. E pela minha análise do texto, parece-me relativamente acessível a definição de cultura e de identidade, mas é de extrema dificuldade a ligação que possamos fazer entre os dois conceitos.
Começemos pela cultura:
Para Lourenço, a Europa sem valores culturais tornar-se-ia em algo como uma Disneyland, onde todos estavam misturados, atraídos pela curiosidade do evento, mas poucos saberiam o porquê da coisa. Cultura é acima de tudo, a necessidade de nos conhecermos melhor a nós próprios e aos que nos rodeiam.
Para evidenciarmos uma cultura precisamos, obviamente de estandartes. Bandeira, moeda, língua, nomes sonantes do passado, entre outras coisas. De uma forma resumida: tudo o que seja bom para atirar ao telhado do outro vizinho.
Agora a identidade:
Para a construção de uma Identidade, neste caso a europeia, precisamos de dois ingredientes:
- minimo cultural
- memória europeia
O minimo cultural é o fundamental para se poder entrar na nobreza europeia. Por exemplo, a democracia é um ponto assente nas estruturas politicas dos países-membros da União Europeia. Para nos deixarem entrar no grupo, temos que nos submeter a essa pequena regra: temos que ser regidos por um regime democrático. Este é um minimo cultural. Outro é a religião. Assente numa matriz judaico-cristã, a UE olha com desconfiança para o Médio Oriente, apesar do seu futuro se extender para aí. O porquê dessa aventura para terras "pouco" europeias é um debate de dificil compreensão, pois tem quase tudo contra e pouca coisa a favor, a saber: tem contra o facto de não partilhar a mesma religião, do regime politico ser outro, dos direitos humanos ser uma palavra pouco apreciada para essas bandas, da História nos indicar que para lá de Constantinopla (actual Istambul) é território asiático e não europeu (exceptuando o período da cruzada de Alexandre, o Grande) e por fim, da maior parte das tradições não dizer nada aos europeus. A favor, tem o facto de podermos descobrir uma cultura nova e assim podermos continuar o progresso que tanto fascina o europeu e o de tentar quebrar uma história milenar feita de desiquilibrios e conflitos constantes, ou seja, uma tarefa de dimensão biblica.
Essa mesma história europeia é também o fio condutor para a maior parte dos conflitos europeus - a memória histórica dos conflitos foi e é o entrave maior ao avanço europeu, pois é um obstáculo poderoso à identidade europeia.
Para finalizar o estudo ao texto de Eduardo Lourenço, resta abrir um pouco do livro no que respeita à sua afirmação de que a cultura europeia é uma cultura prometaica. Prometeu era um individuo, que segundo a mitologia grega, roubou o fogo aos deuses e por isso foi punido. Todas as noites uma águia ia ao seu encontro e comia-lhe o fígado, que se regenerava durante o dia. Para um grande crime, um castigo eterno. Simpáticos os gregos.
Voltando ao assunto, a cultura europeia é prometaica, pois procura algo que nunca foi dela (a Ásia Menor e o Médio Oriente), e por isso é castigada da maneira mais dolorosa possível: nas suas cidades principais, centros de globalização, centros do Ocidente. A minha dúvida é se estamos a tratar de um castigo eterno ou não, ou seja, se as regiões em causa nunca poderão ser de facto, europeias. E aqui voltamos à questão fulcral que assola a mente de cada europeu que olha com um misto de desconfiança e de esperança para a Europa: o que é de facto a Europa? Que valores controem o que designamos hoje por Europa, sabendo que nada a consegue definir isoladamente?
De resposta muito dificil, mas também um dos debates mais apaixonantes do presente, passado e futuro.
Falta de ritmo
Ando numa de nada. Não consigo acompanhar o ritmo da escola, o ritmo das conversas...enfim, o ritmo da vida. Não sei se são os outros que andam mais apressados que o normal, se sou eu que não consigo entrar no ritmo dos outros. E se pensarmos numa perspectiva social, procurando saber quem impõe os ritmos e que factores não humanos os condicionam, aí temos pano para as mangas da reflexão.
quinta-feira, abril 14, 2005
A generalização do segmento de pensamento entre os sexos é pouco razoável, visto que as linhas do pensar surgem da experiência e da educação, ou seja, de uma construção pessoal. Teorias como a do pensamento por fases (linha de pensar feminina), e por linha contínua teórica (linha de pensar masculina) são pouco consistentes. No caso de acreditarem nelas, as excepções que não se enquadram ou que 'fogem' para a linha de pensar contrária tornam-se aberrações e consequentemente, ídolos pop. Esta é uma teoria como qualquer outra.
segunda-feira, abril 11, 2005
Pergunto-me quem lê este blog?
Sei que há uma ou duas pessoas que passam por aqui de vez em quando para ver o que há de novo, mas para além disso, acho que este blog não passa de uma folha de rascunho onde escrevo alguns dos meus pensamentos, a maior parte das vezes pouco interessantes.
O que me leva a pensar que os meus pensamentos interessam a quem lê?
Os leitores já são poucos, mesmo assim parece que os quero correr daqui para fora, através de reflexões pouco conseguidas, de argumentos pouco válidos...enfim, de um sem número de pensamentos que eu penso serem bons, mas que lendo e relendo, vejo apenas uma nódoa de futilidade neles. Descanso-me ao saber que há pessoas com pensamentos bem mais fúteis que os meus, no entanto é um descanso momentâneo, pois depressa dou conta que não consigo sair da urbe, não consigo destacar-me entre os demais quando esse é o meu desejo. Nunca sonhei em ter uma vida normal como todas as outras pessoas. Sempre me iluminou um desejo de fuga da sociedade, não é algo que me aconteça só quando estou deprimido...acho que nunca criei laços suficientes à visão de vida calma e agradável. Daí que esta vida de estudante, de rotina e de tempo livre mal usado, me deixe completamente averso à aventura. Já não consigo descobrir dentro de mim esse desejo de fuga da minha nostálgica infância e assim acabo as minhas horas diárias a escrever aquilo que nunca deveria ser escrito mas sim vivido.
Porque as letras que produzo são a única fuga para o meu sonho perdido.
Sei que há uma ou duas pessoas que passam por aqui de vez em quando para ver o que há de novo, mas para além disso, acho que este blog não passa de uma folha de rascunho onde escrevo alguns dos meus pensamentos, a maior parte das vezes pouco interessantes.
O que me leva a pensar que os meus pensamentos interessam a quem lê?
Os leitores já são poucos, mesmo assim parece que os quero correr daqui para fora, através de reflexões pouco conseguidas, de argumentos pouco válidos...enfim, de um sem número de pensamentos que eu penso serem bons, mas que lendo e relendo, vejo apenas uma nódoa de futilidade neles. Descanso-me ao saber que há pessoas com pensamentos bem mais fúteis que os meus, no entanto é um descanso momentâneo, pois depressa dou conta que não consigo sair da urbe, não consigo destacar-me entre os demais quando esse é o meu desejo. Nunca sonhei em ter uma vida normal como todas as outras pessoas. Sempre me iluminou um desejo de fuga da sociedade, não é algo que me aconteça só quando estou deprimido...acho que nunca criei laços suficientes à visão de vida calma e agradável. Daí que esta vida de estudante, de rotina e de tempo livre mal usado, me deixe completamente averso à aventura. Já não consigo descobrir dentro de mim esse desejo de fuga da minha nostálgica infância e assim acabo as minhas horas diárias a escrever aquilo que nunca deveria ser escrito mas sim vivido.
Porque as letras que produzo são a única fuga para o meu sonho perdido.
quarta-feira, março 30, 2005
Barreiro. Que futuro?
É a tal história made in Gato Fedorento: "falam, falam, falam mas não os vejo a fazer nada". Os edificios que estão na imagem são uns monos descaracterizadores da paisagem barreirense, que segundo as promessas politicas baseadas no programa POLIS, visam fomentar o turismo e a reorganização de toda a zona ribeirinha da cidade, transformando-a num local aprazível e de lazer. Por enquanto temos ainda estas pérolas, e algo que me diz que por ali ficarão, atraindo assim toda a atenção numa terra que não consegue sair do rótulo de cidade industrial.
Os olhos comem sempre primeiro, e se por ali permanecerem estas coisas, dificilmente o Barreiro se desligará da conexão negativa com a poluição, da qual é alvo desde que o Sr. Alfredo da Silva teve a brilhante ideia de transferir a Companhia União Fabril (CUF) de Alcântara para o outro lado da margem, naquelas quintas de ninguém, prontas a receber todo o espólio de degradação ambiental que dali resultaria.
É a tal história made in Gato Fedorento: "falam, falam, falam mas não os vejo a fazer nada". Os edificios que estão na imagem são uns monos descaracterizadores da paisagem barreirense, que segundo as promessas politicas baseadas no programa POLIS, visam fomentar o turismo e a reorganização de toda a zona ribeirinha da cidade, transformando-a num local aprazível e de lazer. Por enquanto temos ainda estas pérolas, e algo que me diz que por ali ficarão, atraindo assim toda a atenção numa terra que não consegue sair do rótulo de cidade industrial.
Os olhos comem sempre primeiro, e se por ali permanecerem estas coisas, dificilmente o Barreiro se desligará da conexão negativa com a poluição, da qual é alvo desde que o Sr. Alfredo da Silva teve a brilhante ideia de transferir a Companhia União Fabril (CUF) de Alcântara para o outro lado da margem, naquelas quintas de ninguém, prontas a receber todo o espólio de degradação ambiental que dali resultaria.
segunda-feira, março 21, 2005
Não interessa
Não sei porque ainda escrevo. Será esta a minha última forma de tentar dar a conhecer o que penso? Então porque nem a escrever consigo ser sincero? Acho que penso demasiados nos outros, que dou demasiadas respostas a mim e às minhas acções, que tento fazer com que o céu esteja sempre limpo, que tudo tenha que se perfeito. No entanto dói-me no interior do corpo. Não é uma frase que ponha aqui só para terem pena de mim, isto contando que alguém leia isto. Dói-me mesmo. Parece que levei um murro nas costelas e elas quebraram-se por dentro, procurando de todas as formas atingir o aparelho digestivo de forma a comerem algo. Esta fome não é natural, elas não precisam disso. O mal vem lá de cima, pois o manipulador de emoções e tudo o resto não consegue arranjar algo que faça o corpo sentir-se...amado. A falta de auto-estima pode provocar danos irreparáveis. E cada vez mais penso que não sou afortunado mas sim prejudicado com a oferenda de poder compreender o corpo e as suas necessidades.
Não sei porque ainda escrevo. Será esta a minha última forma de tentar dar a conhecer o que penso? Então porque nem a escrever consigo ser sincero? Acho que penso demasiados nos outros, que dou demasiadas respostas a mim e às minhas acções, que tento fazer com que o céu esteja sempre limpo, que tudo tenha que se perfeito. No entanto dói-me no interior do corpo. Não é uma frase que ponha aqui só para terem pena de mim, isto contando que alguém leia isto. Dói-me mesmo. Parece que levei um murro nas costelas e elas quebraram-se por dentro, procurando de todas as formas atingir o aparelho digestivo de forma a comerem algo. Esta fome não é natural, elas não precisam disso. O mal vem lá de cima, pois o manipulador de emoções e tudo o resto não consegue arranjar algo que faça o corpo sentir-se...amado. A falta de auto-estima pode provocar danos irreparáveis. E cada vez mais penso que não sou afortunado mas sim prejudicado com a oferenda de poder compreender o corpo e as suas necessidades.
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
A resposta à resposta que queria dar.
Deixa-te ficar quieto. Tudo o que fizeres agora para recuperares aquilo que aniquilaste devido à tua paranóia será cavar uma sepultura ainda maior. Erraste e quanto a isso nada se pode remediar. Deixa a poeira assentar. Ela um dia levantar-se-á outra vez, é inevitável, mas da maneira como estão as coisas, não podes deixar o teu estupido instinto agir de novo. Porque ele é animalesco e tudo o que faz é algo para a sobrevivência da especie. Ele não sabe o que é amor, e enquanto continuares a usá-lo tu também não saberás o que é amor. É tão simples como isto. Mas tu gostas de complicar a tua própria vida, e por isso continuarás ou não a agir estupidamente. A decisão é tua.
Deixa-te ficar quieto. Tudo o que fizeres agora para recuperares aquilo que aniquilaste devido à tua paranóia será cavar uma sepultura ainda maior. Erraste e quanto a isso nada se pode remediar. Deixa a poeira assentar. Ela um dia levantar-se-á outra vez, é inevitável, mas da maneira como estão as coisas, não podes deixar o teu estupido instinto agir de novo. Porque ele é animalesco e tudo o que faz é algo para a sobrevivência da especie. Ele não sabe o que é amor, e enquanto continuares a usá-lo tu também não saberás o que é amor. É tão simples como isto. Mas tu gostas de complicar a tua própria vida, e por isso continuarás ou não a agir estupidamente. A decisão é tua.
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Suspiro
Queria escrever algo sobre mim, mas não me deixo. Corre-me mal aquilo que se encaminha para o bem. E isso eu deixo acontecer. As palavras repetem-se para mim, os mundos também. Cada novo mundo que exploro revela-se maravilhoso, há tanto para descobrir, tanto em comum.
Serei menos eu por gostar dos outros?
Será que remexo tudo quando me deixam entrar numa casa nova?
Já não me sei comportar?
Dão-me a conhecer novas personalidades, no entanto caio no mesmo erro, nesse eterno erro, de me fascinar por elas.
Porque sou humano e preciso de um outro ser humano.
Porque não me deixo viver sozinho.
Porque o sangue ferve em mim e não o controlo.
Porque quero pôr a culpa na sociedade quando ela é minha.
Apenas minha. Tal como o meu sangue. Tal como o meu desejo de sair desta solidão.
Queria escrever algo sobre mim, mas não me deixo. Corre-me mal aquilo que se encaminha para o bem. E isso eu deixo acontecer. As palavras repetem-se para mim, os mundos também. Cada novo mundo que exploro revela-se maravilhoso, há tanto para descobrir, tanto em comum.
Serei menos eu por gostar dos outros?
Será que remexo tudo quando me deixam entrar numa casa nova?
Já não me sei comportar?
Dão-me a conhecer novas personalidades, no entanto caio no mesmo erro, nesse eterno erro, de me fascinar por elas.
Porque sou humano e preciso de um outro ser humano.
Porque não me deixo viver sozinho.
Porque o sangue ferve em mim e não o controlo.
Porque quero pôr a culpa na sociedade quando ela é minha.
Apenas minha. Tal como o meu sangue. Tal como o meu desejo de sair desta solidão.
domingo, fevereiro 20, 2005
Teatro de Sonhos
A cortina desce, a peça começa. Entra o actor principal e questiona:
- Porque já não gostas do que escrevo? O passado deve continuar nostálgico em ti. Não o duvido, mas a minha mensagem é outra e tu não pareces ser capaz de a captar.
Entra um ser enfeitiçado pela novo mundo mas constantemente inundado pelo amor ao passado. Profere as seguintes palavras:
- O meu mundo é congestionado pelo que vivo. O amor que tenho pela vida pode não passar de um engarrafamento de emoções em que tardo na descoberta da sua identidade. Não me serve de nada a confusão generalizada de um mundo que me faz abrir a boca de espanto com tantas e novas inovações se depois caio num amor tão profundo pelo clássico.
O actor principal contesta:
- O que te rodeia é o que te convida a essas mirabolantes reflexões. É Kafka que te ensina isto. No entanto tu vives a vida agarrado a um amor que nunca te dará nada excepto desilusões. Irás descobrir que muitos segredos da história são indecifráveis pelo simples motivo que o ser humano não quer que eles se decifrem. Irás descobrir que as visões contemporâneas que tens do mundo antigo não são mais do que analogias dos defeitos do homem actual. Irás cair em depressão porque em dois milénios a humanidade sempre foi juiz e carrasco dos seres que os acompanham no mundo, baseando-se numa lei incosistente de equilíbrio natural promovido pela sobrevivência da espécie.
O apaixonado pelo que passou finaliza:
O mundo que eu amo é aquele que chegou até nós, o mesmo que tu e eu pisamos. Não julgo nem analiso o que se sucedeu até aqui de maneira tão criteriosa como tu, porque as vozes são diferentes, tais como os pensamentos e opiniões. Na voz que agora entoo, digo-te que a terra é a mesma que os nossos antepassados pisaram. É nela que procriamos e reflectimos sobre questões da humanidade, tal como eles o fizeram. A humanidade que criticas é a mesma que nos faz procurar respostas para as nossas dúvidas. A mesma humanidade que através de pequenos passos alcança a resposta que tu preferes esconder em julgamentos de espécies.
Fecha-se a cortina e o ser humano continua perdido.
A cortina desce, a peça começa. Entra o actor principal e questiona:
- Porque já não gostas do que escrevo? O passado deve continuar nostálgico em ti. Não o duvido, mas a minha mensagem é outra e tu não pareces ser capaz de a captar.
Entra um ser enfeitiçado pela novo mundo mas constantemente inundado pelo amor ao passado. Profere as seguintes palavras:
- O meu mundo é congestionado pelo que vivo. O amor que tenho pela vida pode não passar de um engarrafamento de emoções em que tardo na descoberta da sua identidade. Não me serve de nada a confusão generalizada de um mundo que me faz abrir a boca de espanto com tantas e novas inovações se depois caio num amor tão profundo pelo clássico.
O actor principal contesta:
- O que te rodeia é o que te convida a essas mirabolantes reflexões. É Kafka que te ensina isto. No entanto tu vives a vida agarrado a um amor que nunca te dará nada excepto desilusões. Irás descobrir que muitos segredos da história são indecifráveis pelo simples motivo que o ser humano não quer que eles se decifrem. Irás descobrir que as visões contemporâneas que tens do mundo antigo não são mais do que analogias dos defeitos do homem actual. Irás cair em depressão porque em dois milénios a humanidade sempre foi juiz e carrasco dos seres que os acompanham no mundo, baseando-se numa lei incosistente de equilíbrio natural promovido pela sobrevivência da espécie.
O apaixonado pelo que passou finaliza:
O mundo que eu amo é aquele que chegou até nós, o mesmo que tu e eu pisamos. Não julgo nem analiso o que se sucedeu até aqui de maneira tão criteriosa como tu, porque as vozes são diferentes, tais como os pensamentos e opiniões. Na voz que agora entoo, digo-te que a terra é a mesma que os nossos antepassados pisaram. É nela que procriamos e reflectimos sobre questões da humanidade, tal como eles o fizeram. A humanidade que criticas é a mesma que nos faz procurar respostas para as nossas dúvidas. A mesma humanidade que através de pequenos passos alcança a resposta que tu preferes esconder em julgamentos de espécies.
Fecha-se a cortina e o ser humano continua perdido.
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
"Quando eu era pequeno, punha-me a olhar para uma imagem de Deus Nosso Senhor de pé, em cima de uma nuvem [...] era um senhor bastante velho, com olhos, nariz, uma grande barba, e eu achava que, como tinha boca, também deveria comer. E se comia também devia ter intestinos.
Sem a mínima preparação teológica, com toda a espontaneidade, a criança que eu era já compreendia, portanto, a fragilidade da tese fundamental da antropologia cristã, segundo a qual o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Das duas, uma: ou o homem foi criado à imagem de Deus e Deus tem intestinos, ou Deus não tem intestinos e o homem não se parece com ele.
A merda é um problema teológico mais difícil que o mal. Deus ofereceu a liberdade ao homem e, portanto, pode admitir-se que ele não é o responsável pelos crimes da humanidade. Mas a responsabilidade pela existência da merda incumbe inteiramente àquele que criou o homem, e só a ele."
Milan Kundera
Sem a mínima preparação teológica, com toda a espontaneidade, a criança que eu era já compreendia, portanto, a fragilidade da tese fundamental da antropologia cristã, segundo a qual o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Das duas, uma: ou o homem foi criado à imagem de Deus e Deus tem intestinos, ou Deus não tem intestinos e o homem não se parece com ele.
A merda é um problema teológico mais difícil que o mal. Deus ofereceu a liberdade ao homem e, portanto, pode admitir-se que ele não é o responsável pelos crimes da humanidade. Mas a responsabilidade pela existência da merda incumbe inteiramente àquele que criou o homem, e só a ele."
Milan Kundera
terça-feira, fevereiro 15, 2005
Arcturus - Radical Cut
Spit white speech
the voice is mine
the skin of the slit
cut cigarette size
The butt size head
voluptuous white
cum cigarette slit
the spitting line
The cigarette skin
white head in line
the voice is white
erasing mine
Skin the white
the radical line
the cigarette butt
head radical skin
Acho piada a esta letra. Ver se faço uma com estrutura semelhante. Isto de brincar com as palavras parece fácil mas depois tem muito que se lhe diga.
Spit white speech
the voice is mine
the skin of the slit
cut cigarette size
The butt size head
voluptuous white
cum cigarette slit
the spitting line
The cigarette skin
white head in line
the voice is white
erasing mine
Skin the white
the radical line
the cigarette butt
head radical skin
Acho piada a esta letra. Ver se faço uma com estrutura semelhante. Isto de brincar com as palavras parece fácil mas depois tem muito que se lhe diga.
sábado, fevereiro 12, 2005
Não vos cheira a terra?
Já não sentem a brisa do outono?
Já vivem o futuro?
Já aconselham o que não viveram?
O passado ainda vos é especial?
O passado ainda tem o odor da terra ensanguentada dos mártires que agora ignoramos?
Por muito que as idades avancem e que o homem progrida, há um imaginário que se perde a cada dia que ficamos mais metódicos e cientificos. A ciência faz avançar a humanidade, no entanto há vestígios que não podem ser menosprezados pois representaram a antiga ciência dos nossos antepassados. O facto de ignorarmos muito do que foi o auge da sabedoria dos antigos é por si só, um exemplo do quão ignorantes somos. Faltam-nos bases para compreender imaginários, que em junção com o contemporâneo, tornam possível o avanço da humanidade.
No entanto, ignorantes continuamos...e ignorantes permaneceremos.
Já não sentem a brisa do outono?
Já vivem o futuro?
Já aconselham o que não viveram?
O passado ainda vos é especial?
O passado ainda tem o odor da terra ensanguentada dos mártires que agora ignoramos?
Por muito que as idades avancem e que o homem progrida, há um imaginário que se perde a cada dia que ficamos mais metódicos e cientificos. A ciência faz avançar a humanidade, no entanto há vestígios que não podem ser menosprezados pois representaram a antiga ciência dos nossos antepassados. O facto de ignorarmos muito do que foi o auge da sabedoria dos antigos é por si só, um exemplo do quão ignorantes somos. Faltam-nos bases para compreender imaginários, que em junção com o contemporâneo, tornam possível o avanço da humanidade.
No entanto, ignorantes continuamos...e ignorantes permaneceremos.
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
THE MOMENT
IN THIS WORLD OF CIRCUMSTANCE
CHILDREN NEVER FEAR FOREVER
AND THIS MOMENT THAT ENCHANTS
SOMEDAY WE MAY BOTH REMEMBER
THEN MAYBE THEN
IF WE ARE STILL ALIVE
THEN MAYBE THEN
THIS MOMENT WILL SURVIVE
THERE IS TIME IN EVERY WORD
THERE ARE WORDS IN EVERY REASON
AND THESE NOTES THAT ARE UNHEARD
ONE DAY THEY MAY FIND THEIR SEASON
LETRA DE TRANS-SIBERIAN ORCHESTRA, DEDICADA À VANESSA, POR ESTAR SEMPRE PRESENTE.
IN THIS WORLD OF CIRCUMSTANCE
CHILDREN NEVER FEAR FOREVER
AND THIS MOMENT THAT ENCHANTS
SOMEDAY WE MAY BOTH REMEMBER
THEN MAYBE THEN
IF WE ARE STILL ALIVE
THEN MAYBE THEN
THIS MOMENT WILL SURVIVE
THERE IS TIME IN EVERY WORD
THERE ARE WORDS IN EVERY REASON
AND THESE NOTES THAT ARE UNHEARD
ONE DAY THEY MAY FIND THEIR SEASON
LETRA DE TRANS-SIBERIAN ORCHESTRA, DEDICADA À VANESSA, POR ESTAR SEMPRE PRESENTE.
Afinal não sou o único que procura o tal bocadinho de terra em cada aspecto da vida.
A diferença está que nesse bocadinho de terra vêm-me à memória os tempos ancestrais e o que significou essa terra para muita gente enquanto que noutras visões, esse bocadinho de terra significa o desejo de solidão ou apenas o facto de se estar no local e tempo errado.
A diferença está que nesse bocadinho de terra vêm-me à memória os tempos ancestrais e o que significou essa terra para muita gente enquanto que noutras visões, esse bocadinho de terra significa o desejo de solidão ou apenas o facto de se estar no local e tempo errado.
domingo, fevereiro 06, 2005
Da poesia
Definição do indefinível. Isto é algo a que todos aspiramos. Todos queríamos ter no léxico as palavras capazes de dizer o que é um certo sentimento, uma certa raiva, uma certa paixão...
É nesse aspecto que se vê o poeta. O verdadeiro poeta, por muitas vezes estar abnegado dos sentimentos, consegue exprimir tudo aquilo que nós algum dia quisemos exprimir, mas porque o sentíamos em demasia, não o conseguimos. E digo que o poeta tem que se abnegado dos sentimentos, porque se este senti-los e transportá-los para o papel, torna-se ridículo. Há uma distância que deve ser preservada para que a poesia encaixe num certo modelo que atinja um maior número de leitores. Para a poesia ser um monumento literário precisa de uma carga obscura, de um sem número de mensagens atrás das palavras, de um inacabado que lhe dê movimento. Fazer poesia não é dificil. É até uma tarefa básica. Fazer boa poesia é complicado, porque aí já há um retrato qualquer mais humano, mas quando se entra aí, é fácil cair-se no exagero. Fazer poesia única é para predestinados e para momentos de loucura. Para fazermos esse tipo de poesia precisamos de saber todos os limites das palavras, todas as mensagens que proporcionam, de sentir cada uma dessas mensagens de uma maneira tão próxima e dolorosa como a morte e ao mesmo tempo, de distanciarmo-nos dela. É uma tarefa ao alcance de raras pessoas. Eu não sou certamente uma delas. Mas elas existem, e por vezes estão esquecidas no múrmurio da população, que vê a poesia como algo ilógica ao nosso tempo, e por isso, motivo de chacota. É triste que se dê mais valor a um gajo que dê uns biqueiros numa bola ou mostre as suas tatuagens numa quinta, que a um verdadeiro poeta. É triste a nossa falta de visão cultural. Tudo soa a triste quando vemos a língua (a nossa verdadeira identidade) esquecida e atropelada.
Definição do indefinível. Isto é algo a que todos aspiramos. Todos queríamos ter no léxico as palavras capazes de dizer o que é um certo sentimento, uma certa raiva, uma certa paixão...
É nesse aspecto que se vê o poeta. O verdadeiro poeta, por muitas vezes estar abnegado dos sentimentos, consegue exprimir tudo aquilo que nós algum dia quisemos exprimir, mas porque o sentíamos em demasia, não o conseguimos. E digo que o poeta tem que se abnegado dos sentimentos, porque se este senti-los e transportá-los para o papel, torna-se ridículo. Há uma distância que deve ser preservada para que a poesia encaixe num certo modelo que atinja um maior número de leitores. Para a poesia ser um monumento literário precisa de uma carga obscura, de um sem número de mensagens atrás das palavras, de um inacabado que lhe dê movimento. Fazer poesia não é dificil. É até uma tarefa básica. Fazer boa poesia é complicado, porque aí já há um retrato qualquer mais humano, mas quando se entra aí, é fácil cair-se no exagero. Fazer poesia única é para predestinados e para momentos de loucura. Para fazermos esse tipo de poesia precisamos de saber todos os limites das palavras, todas as mensagens que proporcionam, de sentir cada uma dessas mensagens de uma maneira tão próxima e dolorosa como a morte e ao mesmo tempo, de distanciarmo-nos dela. É uma tarefa ao alcance de raras pessoas. Eu não sou certamente uma delas. Mas elas existem, e por vezes estão esquecidas no múrmurio da população, que vê a poesia como algo ilógica ao nosso tempo, e por isso, motivo de chacota. É triste que se dê mais valor a um gajo que dê uns biqueiros numa bola ou mostre as suas tatuagens numa quinta, que a um verdadeiro poeta. É triste a nossa falta de visão cultural. Tudo soa a triste quando vemos a língua (a nossa verdadeira identidade) esquecida e atropelada.
Desabafo
Hoje foi daqueles dias em que o mundo girou ao contrário do previsto. O Galileu havia de achar piada a isto. Dia sem qualquer emoção, só desilusões. Pergunto-me se o problema é meu, que facilito as coisas para que tenham espaço por onde avançar. Caio na melancolia, porque não há termo melhor que ela para definir a queda num estado de pensamento negativo e nostálgico, que odeia o futuro porque este perpetua-se sem qualquer tipo significado. Estava tão bem nos últimos dias. No entanto, basta cair uma gota dessa nuvem negativa que me persegue para tudo desabar em mim...são as memórias do passado, os desejos inconcretizáveis do futuro, as fobias, os traumas...tudo conflui numa bola que cresce e toma a minha direcção pronta a esmagar-me. Não sei quando será esse dia. Sei apenas que hoje não foi um dia bom.
Hoje foi daqueles dias em que o mundo girou ao contrário do previsto. O Galileu havia de achar piada a isto. Dia sem qualquer emoção, só desilusões. Pergunto-me se o problema é meu, que facilito as coisas para que tenham espaço por onde avançar. Caio na melancolia, porque não há termo melhor que ela para definir a queda num estado de pensamento negativo e nostálgico, que odeia o futuro porque este perpetua-se sem qualquer tipo significado. Estava tão bem nos últimos dias. No entanto, basta cair uma gota dessa nuvem negativa que me persegue para tudo desabar em mim...são as memórias do passado, os desejos inconcretizáveis do futuro, as fobias, os traumas...tudo conflui numa bola que cresce e toma a minha direcção pronta a esmagar-me. Não sei quando será esse dia. Sei apenas que hoje não foi um dia bom.
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Sem papas na língua
«Campanha é "slogan", altifalante, comício, palanque de comédia, onde os políticos têm de ser os exagerados publicitários de uma banha cobrada que pinta de esquerda o que é da direita e que põe a direita a piratear a esquerda. Onde aliás, todos fingem que é verdade a própria mentira em que chafurdam»
José Adelino Maltez - à revista Tempo
«Campanha é "slogan", altifalante, comício, palanque de comédia, onde os políticos têm de ser os exagerados publicitários de uma banha cobrada que pinta de esquerda o que é da direita e que põe a direita a piratear a esquerda. Onde aliás, todos fingem que é verdade a própria mentira em que chafurdam»
José Adelino Maltez - à revista Tempo
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Iluminati espiritum no es
Supostamente, devia ter a mente carregada de matéria artistica para o exame que depressa se avizinha. Supostamente, o título deste post devia ser em latim. Supostamente eu devia estar nas ruas da amargura. Supostamente já devia estar a socorrer as mágoas em alcool.
Mas não...
Continuo a não ter a mente carregada de matéria; o título é em latim, mas latim ali da Bobadela; apesar disto tudo ando estranhamente feliz; e por fim, não tenho alcool para ajudar à digestão, quanto mais pra mágoas!
Post Scriptum (isto já é latim bom) : Tratou-se concretamente de mais um post inútil, mas de qualquer maneira, vocês não têm nada a ver com isso.
Supostamente, devia ter a mente carregada de matéria artistica para o exame que depressa se avizinha. Supostamente, o título deste post devia ser em latim. Supostamente eu devia estar nas ruas da amargura. Supostamente já devia estar a socorrer as mágoas em alcool.
Mas não...
Continuo a não ter a mente carregada de matéria; o título é em latim, mas latim ali da Bobadela; apesar disto tudo ando estranhamente feliz; e por fim, não tenho alcool para ajudar à digestão, quanto mais pra mágoas!
Post Scriptum (isto já é latim bom) : Tratou-se concretamente de mais um post inútil, mas de qualquer maneira, vocês não têm nada a ver com isso.
segunda-feira, janeiro 31, 2005
Hoje vamos aprender coisas novas!
Ora bem, nas aulas de História da Arte Românica e Gótica a matéria é algo densa e espalha-se por quase todos os quadrantes. E por diversas vezes, eu pelo menos, sou confrontado com um léxico de díficil apreensão. Na aula de hoje, entre vários termos novos, surgiu o gablete. Segundo a explicação do professor, o gabelete é um elemento decorativo exterior, que não é obrigatoriamente, uma entrada para a igreja. No caso da igreja de Alcochete (na foto), trata-se de um normal gablete. Se por acaso o gabelete acabar em algo parecido a um pináculo, estamos perante um gablete acogulhado. Agora digam-me lá se este vocabulário tem ou não piada?
Ah, já agora e para concluir este tempo de aprendizagem, em 2001, o concelho de Alcochete possuía 13010 habitantes, dos quais 542 eram imigrantes, formando assim uma taxa de 4.4% de imigração na população total.
Não é bom sabermos estas coisas?
Maybe not...
Ora bem, nas aulas de História da Arte Românica e Gótica a matéria é algo densa e espalha-se por quase todos os quadrantes. E por diversas vezes, eu pelo menos, sou confrontado com um léxico de díficil apreensão. Na aula de hoje, entre vários termos novos, surgiu o gablete. Segundo a explicação do professor, o gabelete é um elemento decorativo exterior, que não é obrigatoriamente, uma entrada para a igreja. No caso da igreja de Alcochete (na foto), trata-se de um normal gablete. Se por acaso o gabelete acabar em algo parecido a um pináculo, estamos perante um gablete acogulhado. Agora digam-me lá se este vocabulário tem ou não piada?
Ah, já agora e para concluir este tempo de aprendizagem, em 2001, o concelho de Alcochete possuía 13010 habitantes, dos quais 542 eram imigrantes, formando assim uma taxa de 4.4% de imigração na população total.
Não é bom sabermos estas coisas?
Maybe not...
domingo, janeiro 30, 2005
quarta-feira, janeiro 26, 2005
Bem, parece que resolvi escrever novamente por aqui.
A vida não tem sido fácil, apesar da pressão apenas vir da faculdade e das notas elaboradas pelos seus docentes, que teimam em não facilitar as coisas. Há excepções claro, mas elas são raras. No entanto, a universidade é o ponto mais alto do estudo de qualquer matéria, e por isso, é normal que se peça um pouco de acerto e de visão sobre o mundo que nos rodeia. E para isso também temos que distinguir as matérias que são proveitosas para a nossa vida futura e aquelas que não o são. No meu curso há de facto disciplinas que foram colocadas para 'encher'. Não vou especificar, porque cabe a cada um dizer quais as matérias que melhor apreendem, seja por vocação, ou por motivação. Fazer o curso perfeito é dificil, e muito mais num curso tão global e que tenta ser especifico em vários quadrantes como é o de Estudos Europeus.
Voltando à vida particular, a pressão só vem mesmo da faculdade. Há algo que gostaria que também me pressionasse, mas esse algo não acontece. A idade não aperta, por isso ainda há muito tempo, mas mesmo assim há algo que me faz falta para encarar o mundo com outros olhos. Pode ser que apareça quando menos espero, como reza a lenda.
A vida não tem sido fácil, apesar da pressão apenas vir da faculdade e das notas elaboradas pelos seus docentes, que teimam em não facilitar as coisas. Há excepções claro, mas elas são raras. No entanto, a universidade é o ponto mais alto do estudo de qualquer matéria, e por isso, é normal que se peça um pouco de acerto e de visão sobre o mundo que nos rodeia. E para isso também temos que distinguir as matérias que são proveitosas para a nossa vida futura e aquelas que não o são. No meu curso há de facto disciplinas que foram colocadas para 'encher'. Não vou especificar, porque cabe a cada um dizer quais as matérias que melhor apreendem, seja por vocação, ou por motivação. Fazer o curso perfeito é dificil, e muito mais num curso tão global e que tenta ser especifico em vários quadrantes como é o de Estudos Europeus.
Voltando à vida particular, a pressão só vem mesmo da faculdade. Há algo que gostaria que também me pressionasse, mas esse algo não acontece. A idade não aperta, por isso ainda há muito tempo, mas mesmo assim há algo que me faz falta para encarar o mundo com outros olhos. Pode ser que apareça quando menos espero, como reza a lenda.
domingo, janeiro 02, 2005
Não tenho vindo aqui. Já não me cativa muito escrever neste blog. Acho que se trata de uma tendência entre muitos bloggers, passou-se a moda e muitos desistiram dos seus blogs. Eu devo ser mais um deles. Vou tentar escrever mais por aqui, mas nem sei sequer se ainda há leitores assíduos do sobre-vivência.
Entretanto deixo-vos aqui o link de um novo blog que recomendo:
http://eternal7whispers.blogspot.com
Entretanto deixo-vos aqui o link de um novo blog que recomendo:
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