quarta-feira, novembro 23, 2005

Mar de outrora, mar de amanhã


Hic uasto rex Aeolus antro
luctantis uentos tempestatesque sonoras
imperio premit ac uinclis et carcere frenat

[ Eolo, rei, aqui numa espaçosa
Gruta, com o seu império e mando enfreia
Dos ventos a cruel ferocidade,
E em prisões tem a insana tempestade ]

A Eneida de Virgilio, apesar de nunca o ter lido na íntegra, é uma obra saudável e rica em conteúdo mitológico, assim como palavras exóticas e poderosas. Nela encontramos treixos absolutamente maravilhosos que nos proporcionam uma pequena viagem ao mundo em que o mare nostrum era a força reinante. Hoje o mar não é a força dominante mas a força dominada. O aquecimento global tornou o mar no cemitério da humanidade. Engane-se quem pense que o mar é apenas o elo de ligação entre aquecimento global e morte da humanidade. O mar é mais que isso, é um ser com vida própria que chora por cada um de nós. O mundo é um ser perfeito, ninguém tenha dúvidas disso, mas como todos os outros seres, também morrerá. E com ele irá o mar, inspirador de paixões e de saudade. Que pena que em vez o perpetuarmos até onde pudermos, o assassinemos da pior maneira: lenta e dolorosamente.

Sem comentários: