segunda-feira, dezembro 31, 2007

2007 de A a Z

A de Al Gore - Prémio Nobel da Paz e um dos maiores oradores sobre a questão ambiental. Poderá ter um papel ainda mais fulcral no futuro.

B de Berardo - Uma das figuras do ano em Portugal. De discurso directo e ideias fixas, causa mal-estar em diversos sectores por dizer verdades que mais ninguém se atreve a dizer.

C de Cristiano Ronaldo - Melhor jogador de Inglaterra para imprensa e profissionais do futebol. Trava uma luta interessante pelo mediatismo com Mourinho.

D de Desemprego - É a minha situação e a de muitos outros portugueses. Um fenómeno derivado da globalização e sem solução total.

E de Euro 2008 - Portugal apurou-se para o quarto europeu consecutivo. Apesar de se investir muito mais no futebol que noutras modalidades, não deixa de ser um enorme feito.

F de Faculdade - Acabei a licenciatura em Estudos Europeus. Hooray!

G de Greves - Desde os argumentistas americanos às dos sindicatos portugueses, passando pelas inúmeras na França e um pouco por todo o mundo, este ano foi assolado por greves, quase sempre atrapalhando mais a vida ao cidadão comum do que ao atingirem algo.

H de Hugo Chavez - O venezuelano esteve em foco na cimeira entre os países hispânicos, no encontro com Fidel Castro, nos destinos da OPEP e na negociação de reféns colombianos.

I de Iraque - 34 mil civis morreram durante este ano. A escalada de violência não tem topo.

J de José Mourinho - A sua saída do Chelsea marcou o fim de um grande amor entre os ingleses e a personalidade do português.

K de Kaká - Melhor jogador do mundo em 2007. Prémio justo.

L de Luciano Pavarotti - Desapareceu uma das melhores e mais mediáticas vozes do século XX.

M de Maddie - O desaparecimento da menina inglesa na praia da Luz foi o acontecimento do ano. Todos têm opinião sobre o caso.

N de Nélson Évora - Campeão Mundial de Triplo Salto em Osaka, é um possível medalhado para os Olímpicos de 2008.

O de Obama - Depois de Martin Luther King é o político de cor negra mais perto de chegar à Casabranca.

P de Paquistão - A morte de Butto apenas confirmou que há povos que preferem a guerra à democracia.

Q de Quercus - Uma das principais protagonistas no caso do milho transgénico.

R de Raikonnen - Num ano em que a luta sempre foi a dois (Hamilton e Alonso), o finlandês fez um final de temporada fantástico e arrebatou o campeonato de pilotos de F1.

S de Scolari - Protagonista por bons (apuramento para o Europeu) e maus motivos (agressão a Dragutinovic, da Sérvia).

T de Terreiro do Paço - Finalmente o Metro, 1o anos depois do começo das obras.

U de União Europeia - Depois de uma grande estagnação, 2007 foi um ano de grandes avanços na estrutura da UE e no espaço Shengen.

V de Vanessa Fernandes: Campeã Mundial de Triatlo e a maior esperança de Portugal numa medalha de ouro para 2008.

X de Xadrez - Kasparov, o génio do xadrez mundial, transfomrou-se num político altamente mediático numa Rússia ainda muito fria.

Y de Yeltsin - Desde confusões e arrufos a grandes jogadas políticas, Boris tinha de tudo um pouco.

Z de Zapatero - Mediou de forma exemplar o atrito entre Hugo Chavez e o Rei Juan Carlos. Sereno e eficaz.

terça-feira, dezembro 25, 2007

Em Portugal ninguém sabe ouvir o próximo. Todos se preocupam em deixar a sua opinião vincada, mas poucos ou nenhuns se dão ao trabalho de ouvir opiniões contrárias ou sequer argumentar a sua ideia. É de um país de ditadores que estamos a falar. Todos acham que fazem melhor do que aquele que está no posto de comando, ainda que tal posto seja mais uma fonte de problemas que de rendimentos. Todos querem ser capatazes e ninguém quer trabalhar. Não condeno isso, pois após décadas de ditadura onde a maior parte da população era dominada e não dominadora, é apenas normal que os desejos vão no sentido de inverter totalmente essa tendência, isto é, os que anteriormente eram dominados querem agora dominar e os que dominavam nesses tempos, querem continuar a fazê-lo. No país onde só há reis apenas predomina a arrogância e o conflito.

domingo, dezembro 23, 2007

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Feliz

Hoje estou feliz. Podia falar da minha situação de desempregado, da falta de €uros ou de estar muito longe da minha própria independência, mas não, prefiro ver o outro lado das coisas, aquele que me diz que há momento bons na vida e que devem ser vividos plenamente.
Como tal, partilho aqui a felicidade que sinto neste momento!

terça-feira, novembro 27, 2007

Pressão

Abate-se sobre mim, qual imolação. Desprende-se e voa suavemente, levando consigo o que de bom ainda existia neste pobre ser. O que resta agora é mórbido, cheira a desolação. Voraz e invisível, consome as entranhas e transforma-me. Quero acreditar que posso mudar, mas a cada novo ataque, a esperança cai por terra. Um dia será tarde para se levantar e aí jazerá o que de bom e mau cometi.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Referendo: sim ou não?

O Nélson, como muitos outros portugueses, já deu a sua opinião. Pego na pergunta deixa no seu blog, para dar igualmente o meu ponto de vista:

Economicamente, é bom evitar o referendo. Cada eleição custa à nação (por outras palavras, aos contribuintes) uma avultada soma, que se for evitada através da consulta parlamentar acaba por ser bom para o país.
Contudo, numa Europa que se quer mais próxima dos cidadãos, o melhor é mesmo consultar o cidadão europeu para lhe perguntar se quer ou não um Tratado Reformador da UE, isto porque, nos parlamentos nacionais está expressa a vontade popular de um determinado ano e não da actualidade. Ou fazem o referendo, ou convocam eleições parlamentares anuais, pois a perspectiva do cidadão português muda consideravelmente ao longo de dois anos de poder de determinado partido.
Além disso, o partido que os portugueses elegeram há dois anos atrás podia aquele que mais garantias oferecia para o futuro interno do país, mas não para o futuro externo. Posso partilhar da opinião de um partido no que respeita a assuntos internos, mas posso discordar plenamente da sua visão de Europa.
Por estas e por outras, penso que um Referendo sem partidarizações devia ser a opção a tomar. Digo sem partidarizações, pois tal como o referendo da IVG, no caso de haver um referendo para o assunto Europa, podemos acabar a discutir o que o governo fez ou não fez, longe do assunto real, neste caso do quão frutuoso será o Tratado para a Europa. Eleições à escala europeia, sem partidos, mas com rostos, é para mim a solução ideal.
Ainda que possa tudo passar de uma utopia matinal.
Da baboseira

O Rui Santos só diz baboseiras. Tem ar intelectual, mas no fundo, em hora e meia a babosear, acaba por dizer duas ou três coisitas aproveitáveis que qualquer um de nós - informado ou não - também diria.
O português gosta de ouvir alguém a dizer baboseiras. Aliás, gosta de ouvir, ver, ler, comentar e mandar a sua própria baboseira. Quando tanta gente dedica importância às baboseiras, é normal que o país não saia da babosice geral. É igualmente normal que o Rui Santos, que de início só tinha direito a poucos minutos de intervenção, já tenha hora e meia para si e para as suas baboseiras. A verdade é que todos sabem que ele diz baboseiras, mas ainda assim não resistem a ouvir o que o desgraçado tem para dizer.
Enquanto assim for, enquanto lhe derem importância, ele vai continuar por aí. O desprezo é o caminho. Podem igualmente mudar para a RTPN, que costuma ter o Álvaro Braga Jr. a dizer coisas mais saudáveis.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Tratado de Lisboa

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

A prova que os portugueses sabem fazer as coisas apenas quando estas não são para eles. O tempo que o painel ministerial esteve longe da acção interna comprovou-se como um período de acalmia, com ligeiros distúrbios, em nada semelhantes aos que acontecem quando o governo esta em plena acção. Não acho que o problema consista numa ausência de soluções ou estratégias, é sim um problema de organização. A União Europeia está bem organizada (não quero dizer com isto que seja eficaz) e através dessa boa estrutura, a presidência portuguesa soube abrir caminho para o Tratado reformador. Em Portugal joga-se xadrez sem tabuleiro. Na UE o tabuleiro tem sido demasiado grande para se definir quais as regras do jogo. Parece que se conseguiu alguma coisa com o Tratado de Lisboa. A ver vamos.

terça-feira, outubro 16, 2007

Verborreia

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

E dizem que, no máximo, um adulto só consegue ter atenção máxima durante um período de 1 hora.

quinta-feira, outubro 11, 2007

French monster EATS babies!



Este é o título da notícia que o The Sun pôs na sua secção desportiva. O 'monstro' é Chabal - The Caveman - possante jogador de raguêbi da França e uma das revelações do campeonato do mundo da modalidade, e o bebé representa a juventude da selecção inglesa, com a qual os gauleses vão discutir o acesso à final da competição. É caso para dizer: Jornalismo inglês no seu melhor!

quarta-feira, outubro 03, 2007

Comiserável

Tenho tendência para pensar que as pessoas que sorriem em todas as fotos são na verdade, as mais infelizes do mundo.

terça-feira, outubro 02, 2007

O indivíduo que dá os títulos é o mesmo que escreve a notícia?

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Ou é o mesmo esquizófrenico que escreve tudo?

sexta-feira, setembro 28, 2007

A moda está de volta

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Viver ao pé de uma escola tem muito de negativo. Desde o som dos miúdos a gritar, aos toques de entrada para as aulas até à natural falta de paz. Contudo, também tem coisas positivas a reter, como a segurança acrescida, as "barracas" entre as vizinhas e os miúdos rebeldes e a observação constante das últimas modas. Focando-me nesta última, há algo que tem vindo a perturbar-me seriamente: a música. Claro que eu gosto de música, tal como a grande maioria da população, mas por outro lado, odeio que me dêem música. É isso que tem vindo a acontecer na mais recente moda da malta: dar música a quem não a quer ouvir.

Os aparelhos que a transmitem são pequenos, mas capazes de emanar música a níveis bastante altos, que por rebeldia, estão sempre nessa medida. Ora, ir num transporte público e um engraçadinho levar aquilo ligado e a dar-me música faz-me lembrar exactamente os jovens que levavam os rádios aos ombros para darem música a quem passava. Felizmente a década de 90 foi marcada pelo auriculares que não perturbam o restante mundo (mas que conduzem ao isolamento, como já ouvi alguém defender), mas como a moda é cíclica, lá temos que levar de novo com os rádios aos ombros, agora numa versão muito mais pequena, mas ainda assim chata.

Chamem-me conservador, mas a realidade é que faço o possível para não chatear os outros através dos meus gostos. Respeitar a paz dos outros é o melhor caminho para uma sociedade pacífica e essa parece ser a mensagem que tem custado passar aos jovens.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Interrupção voluntária da entrevista

O que se passou na SIC Notícias é somente um escândalo para aqueles que ainda acreditam na boa fé das empresas. É certo que Pedro Santana Lopes estava avisado que podia ser interrompido a qualquer momento por um furo jornalístico, tal como está toda a gente que se submete a entrevistas em directo, no entanto, há muito que a noção de furo jornalístico se coaduna com a de lucro empresarial, ou televisivamente falando, ao aumento de audiências. Pedro Santana Lopes é, tal como muitos, um defensor da boa fé jornalística, na qual se inclui a noção de que uma entrevista não deve ser cortada abruptamente por causa da chegada ao aeroporto de um treinador desempregado. Infelizmente para ele, o caso tinha contornos bem diferentes se fosse numa estação paga pelos contribuintes. Não sendo esse o caso, o que se pode constatar é que Pedro Santana Lopes teve uma atitude digna como ser humano, assim como a SIC Notícias teve uma atitude digna de quem trabalha para o lucro. Como tal, é normal que daqui a uns tempos ele reapareça nos estúdios de Carnaxide para mais uma entrevista.
Quanto ao que é na verdade um furo jornalístico, isso é outra questão.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Sobre a Saída de Mourinho do Chelsea

Depois dizem que os clubes portugueses são piores que estes. A única diferença é que na Inglaterra há dinheiro para comprar grandes jogadores, de resto a classe dirigente é a mesma podridão.
Despedir um treinador que nunca perdeu em casa, "deu" de novo um campeonato ao clube depois de 50 anos, repetiu o feito no ano seguinte e ganhou inúmeras taças e inúmeros clássicos, tudo porque não conseguiu ganhar 2 jogos numa semana.. é no mínimo escandaloso e revelador de falta de seriedade.
Agora o caminho do Chelsea deve ser sempre a afundar. Só Capello (não estou a ver mais ninguém a ir para lá) será capaz de tomar conta daquele balneário depois da saída de Mourinho. Isto porque José era mais que um treinador, era um amigo e um líder. Qualquer um que vá para lá, vai encontrar o caos: jogadores desmotivados, sem vontade de fazer o que sabem, perdidos no meio de tanta estrela e com os egos a entrar em disputa uns com os outros.
Da minha parte, tou-me nas tintas para o Chelsea. Ainda que continue a ter lá portugueses, eu seguia o Chelsea devido à presença de Mourinho, não devido ao clube, que aliás sempre me pareceu um clubezeco muito arrogante quando nem tem razões para isso.
Por fim, é também nestes momentos que se distinguem os clubes. Tratar um treinador campeão como o Chelsea tratou, nunca se verá num Liverpool ou Manchester United. Afinal, o Chelsea não passa de um clube com uma passagem fugaz pela fama e que não sabe lidar com ela.

Felicidades para Mourinho!
Tudo de mau para o Abramovich e companhia, pois pensam ainda que é o dinheiro que compra títulos!

sexta-feira, setembro 14, 2007

sexta-feira, setembro 07, 2007

Tal como nos encantou, que os anjos adorem igualmente a sua voz

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Os grandes mitos permanecem sempre na nossa memória. Embora esta seja habitualmente curta, duvido que chegue algum cantor capaz de o fazer esquecer. Luciano Pavarotti era único não só na voz, mas também na generosidade e na paixão. Nunca usou a dificuldade que passou na vida para chegar mais alto, sendo essa a maior lição que o tenor nos deixou.

terça-feira, agosto 28, 2007

Que descanse em paz

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Herói de Sevilha, Antonio Puerta marcou aquele que os adeptos sevilhanos chamam "o golo que mudou as nossas vidas" frente ao Shalke 04 nas meias-finais da Taça UEFA de 2006, garantindo a final da mesma que a equipa do Sevilha FC viria a vencer. Puerta faleceu hoje vítima de problemas cardíacos. Resta a memória de um grande jogador, com um pé esquerdo fantástico e que amou apenas um clube durante a sua vida. Clube que, tal como o mundo do futebol, chora agora a sua morte.

terça-feira, agosto 14, 2007

O futebol na Europa do Norte: último bastião da competitividade saudável?

Hoje é dia de Benfica - Copenhaga. A transmissão é feita pela SIC e o estádio tem uma boa moldura humana. Estão reunidos pois os ingredientes necessários para mais uma noite de verborreia intelectual um pouco por todo o lado. Escrevo isto ao intervalo, quando as equipas estão empatadas a um golo e quando o benfiquismo começa de novo a comiserar-se. Não que isso me importe. Importa-me no entanto que tal comiseração faça esquecer aquilo que de facto se passa na realidade. Ao contrário do que toda a comunicação social diz, o Benfica não é superior ao Copenhaga. Mesmo que ganhe hoje (até pode ser de goleada), isso não faz do Benfica melhor. Se um clube é fundado com o propósito do desporto, então que seja fiel a essa causa, algo que o Benfica e a grande parte dos clubes portugueses deixou de fazer há vários anos. Digo isto baseado em factos ocorridos no primeiro tempo do Benfica - Copenhaga. Os primeiros minutos bastaram para se ter um ideia de como as coisas funcionam: jogadores pouco interessados em jogar entre si, mergulhos ludibriadores da acção do árbitro, comentadores a tirarem mérito ao golo do Copenhaga e à sua táctica estática e uns adeptos rebeldes que assobiam cada vez que um jogador de encarnado cai nem chão, nem que 90% das vezes seja mergulho ou fita. Tudo isto é um insulto ao desporto digno, respeitador e justo e tudo isto afasta muita gente dos estádios. Valha a verdade que o Benfica e os restantes clubes portugueses não são os únicos a usarem tais esquemas. Toda a latinidade usa e abusa de um espírito de guerra que nada abona para o desporto. Como tal, aprendi a respeitar as equipas do Norte da Europa. Estes são fiéis aos princípios de jogo e vê-se que têm prazer em cumprir a sua missão dentro do campo. Acredito que também nessa área do globo o negócio e os malabarismos comecem a chegar, mas ainda assim e pelo que vi hoje, é bom saber que ainda há quem jogue futebol de maneira correcta e procurando ganhar com as suas potencialidades e não com as decisões do árbitro.

domingo, agosto 12, 2007

Convicções

- Soube através de um primo meu que abriu um concurso há uns meses atrás para ocupar o cargo de electricista na Câmara Municipal de Odemira, vaga para a qual nenhuma candidatura respondeu. O problema não passa pela estabilidade no emprego, mas exactamente na mobilidade para o mesmo. Cada vez me convenço mais disso.

- A Câmara Municipal do Barreiro decidiu elaborar um cartaz espectacular para as festas da cidade: Xutos e Pontapés, Da Weasel, Floribela, Carlos do Carmo, entre outros conhecidos do panorama nacional. Aplaudo que tais artistas venham ao Barreiro, mas questiono igualmente como pode a autarquia pagar a estes artistas quando a situação financeira concelhia é dramática. Mesmo com apoios privados para a maior parte dos espectáculos, julgo que a Câmara investiu em algo que não lhe trará retorno, mas apenas prestígio. Convenço-me cada vez mais que o prestígio é que ganha eleições, contrariamente ao rigor político.

- O Sporting ganhou a Supertaça Cândido de Oliveira e aparentemente foi beneficiado pelo árbitro. Se o futebol serve como lição de vida, então que se retenha o seguinte: só contam os objectivos alcançados, a justiça é um mero obstáculo moral na execução de tais objectivos. Nisto não quero acreditar, mas tenho a convicção que as pessoas bem sucedidas têm quase todas problemas com a justiça.

sábado, agosto 11, 2007

A arte de fazer as perguntas certas


Ana Lourenço: O processo apito dourado serve para esconder os maus resultados do Benfica?
Pinto da Costa: Não tenha a minima dúvida!

Dá gosto quando o jornalismo é assim feito: simples, directo e incisivo.

terça-feira, agosto 07, 2007

Tudo aquilo que já sabemos

A recente subida das taxas de juros veio pôr mais uma vez a nu o drama das famílias portuguesas, que lutando diariamente por um melhor nível de vida, têm que passar pelos mais diversos obstáculos que o governo central e as políticas europeias vão impondo. A dificuldade com que as famílias pagam os empréstimos bancários e a inflexibilidade dos bancos face à situação económica dos seus clientes representam de forma clara o fosso entre os ricos e os pobres, ajudando à extinção da classe média, cada vez mais rara em Portugal. Além disso, tal inflexibilidade representa também a força que o sector bancário tem no governo central, visto as políticas deste último irem quase sempre em abono do sector privado. É importante perceber que Portugal caminha cada vez para o subdesenvolvimento e não o contrário. Os governos têm que compreender que a protecção ao sector privado não dá garantias de sustentabilidade política a longo prazo. É certo que evita muitos problemas nas discussões de projectos de lei, pois garante pontes de entendimento entre os diversos grupos activos da vida portuguesa, contudo tratam-se de políticas a curto prazo e com as quais Portugal não sairá da penumbra em que se meteu. É necessário mudar a forma de fazer política, não se refugiando no apoio do sector privado e procurando atender às necessidades dos portugueses que não ganham o suficiente para sobreviverem. Esse sim é o epicentro do problema e não a conjuntura internacional, pois essa nenhum país consegue resolver sozinho, nem mesmo a maior potência mundial, onde grandes obras de engenharia também caem.

sábado, julho 28, 2007

O equívoco das relações entre os clubes e a comunicação social

Tenho reparado que ao longo dos últimos anos, os clubes têm vindo a adoptar uma postura cada vez mais fria e arrogante para com a comunicação social, pois dizem eles, esta espalha pelo território que abrange informação falsa sobre a vida interna dos clubes. Este é um argumento típico de quem entende como funciona o mercado básico, mas que não olha para as leis de sobrevivência do mesmo. Numa primeira análise, os clubes precisam da comunicação social para se promoverem e garantirem um encaixe financeiro avultado devido às transmissões televisivas, enquanto a comunicação social necessita dos clubes para ganhar audiências e assim melhorar os contratos publicitários adjacentes às transmissões dos jogos. Contudo, e numa segunda análise que os gestores dos clubes teimam em não entender, a comunicação social pode viver sem os clubes, ao passo que os clubes não podem viver sem a comunicação social. Por isso causa-me sempre estranheza quando vejo o presidente de um clube criticar a (suposta) falsidade das notícias que a comunicação social propaga. A comunicação social não tem qualquer compromisso com a verdade, pois os rumores e os boatos são de facto, o seu melhor produto (isto seguindo uma lógica de mercado). Porém, os clubes têm um compromisso para com os seus sócios. Se um sócio deseja saber o que se passa dentro do clube, tal deve-lhe ser dito. Se a comunicação social quiser saber a mesma informação, a mesma pode ser negada pelo clube e com razão. O que para mim não tem lógica é que um clube use a comunicação social para chegar aos sócios, facultando toda a informação que lhe convém e escondendo aquilo que bem entende. Trata-se de um desrespeito para com os sócios do clube e de uma manipulação da comunicação social que se for dizimada como tem vindo a acontecer devido às arrogâncias desnecessárias dos presidentes, fará com que os clubes deixem de ter o melhor veículo de informação, obrigando-os a assembleias regulares, bastante dispendiosas ao nível de tempo, num claro retorno ao principio do século passado, quando o desporto ainda não era o fenómeno global que é hoje, num total desajuste à modernidade necessária para sustentar um clube.

quarta-feira, julho 25, 2007

Ainda não foi desta



Orelhas moucas. É isto que penso das equipas e dos ciclistas apanhados nas malhas do doping. Depois do que escrevi no post "grande atitude" sobre a necessidade de toda a estrutura do Tour agir em prol de um desporto equilibrado e justo, seguiu-se a revelação do controlo positivo sobre Vinokourov, mandando toda a minha ideia pelo cano. "Vino", como é apelidado o ciclista cazaque, é um dos ciclistas mais aclamados pelos jovens devido à força que possui a subir as montanhas e a marcar tempos milagrosos no contra-relógio. Pena é que tais tempos sejam afinal uma grande mentira. No último contra-relógio Vinokourov roubara 1 minuto em relação ao 2º classificado. Um grande resultado, que o controlo revelou ser falso, pois Vino havia procedido a uma transfusão sanguínea, denotando-se no seu sangue dois tipos de glóbulos vermelhos, que o ajudaram a melhorar a performance.
Vinokourov foi imediatamente suspenso pelo Tour e a sua equipa, a Astana, resolveu ser solidária e sair também, embora tivessem um ciclista no 3º posto da geral (Klöden). Para mim é evidente que toda essa equipa está dopada, visto que a atitude mais equilibrada passaria por suspender apenas Vinokourov, mas, sob o risco de serem outros corredores da mesma equipa apanhados e pôr em causa (ainda mais) o nome da equipa, a decisão foi global.
No público paira a revolta, pois esta deveria ser a volta da limpeza, aquela que marcaria o regresso à pureza da prova, assolada desde fins da década de 90 com casos de doping. A verdade é que ainda não é desta, para grande pena dos aficionados e simpatizantes do Tour de France.

quinta-feira, julho 19, 2007

Grande atitude

Os canais da televisão pública alemã ARD e ZDF decidiram cortar com a emissão dos directos do Tour de France após o controlo positivo do ciclista Patrick Sinkewitz da T-Mobile. Há quem critique esta atitude por força dos números (as audiências tinham vindo a subir continuamente desde o inicio da prova) e porque ainda falta o resultado da contra-análise, contudo, e da minha parte, aplaudo a medida tomada.

Em média as estações transmitem 2 a 3 horas diárias das etapas, sendo que é necessário um avultado investimento nos direitos de transmissão que, ao longo dos últimos dez anos, tem vindo a aumentar por força da globalização dos eventos desportivos. No plano contrário, as audiências têm caído a pique, fruto das vitórias constantes do mesmo corredor e sobretudo dos escandâlos de doping. Devido a esta desproporcionalidade entre o que é pago e aquilo que é recebido, a tendência é que cada vez mais televisões digam não ao Tour.

É uma vergonha que o Tour tenha chegado a este nível, mas ainda assim, é importante que não o deixem cair em desuso. O que estas TVs fizeram foi salvaguardar o investimento e o próprio espectáculo e aplaudo-as por isso, pois é de dinheiro dos contribuintes que se está a falar. Agora cabe aos ciclistas, aos médicos, aos directores desportivos e à organização do Tour fazer a sua parte, pois apesar de serem o problema, também por eles passa a solução.

quinta-feira, julho 12, 2007

Globalização



13 feridos nas largadas de Pamplona, entre os quais 2 americanos, 1 alemão, 1 polaco e 1 mexicano

quarta-feira, julho 11, 2007

Sinceramente

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Vocês iam estudar para um local onde nem profissão sabem escrever?
11 Julho 2007, 11h35, SIC, Programa da Fátima Lopes:
Nova batida no fundo por parte da TV portuguesa


Um senhor com missão de fazer rir a malta, com aspecto contente e divertido (algo forçado), conta algumas notícias recambolescas que viu, põe no ar vídeos do Youtube e revela pensamentos do dia por parte do cultos espectadores. O pensamento, sugerido por uma rapariga do nosso Portugal chamada Mariana, dizia:

"Não há homens impotentes, o que existe são mulheres incompetentes"

Perante a impassividade do público ali colocado para emocionar-se, Fátima Lopes, num espírito respondão (ela própria dizia que estava respondona naquele dia) contrapõe:

"Não há mulheres frígidas, o que existe são homens incompetentes"

Regabofe por parte do público feminino, o apresentador assistente de Fátima Lopes com cara de enfezadinho e mudança do rumo do programa para o Horóscopo, com a brilhante Maya.

No alto do seu brilhantismo intelectual, Maya decide continuar a culta conversa anterior e responde ao enfezadinho que agora se encontrava a procurar saídas para ficar bem na fotografia:

"A disfunção eréctil é uma doença"

Silêncio generalizado e palmas de seguida. Estragar um momento que tinha ficado por uma tentativa de humor num velório. Brilhante.

Depois, como grande programa que se trata, a parte do insulto, ou seja, Maya no seu melhor (referindo-se ao ajudante de Fátima Lopes, agora com cara de poucos amigos):

"Esse senhor é que seleccionou as frases, pelos vistos não havia nada melhor. Ora o signo de Leão desceu 3 lugares e está em 12º na tabela de hoje"

Moral da história 1: A Maya fica sempre por cima.
Moral da história 2: O tal apresentador deverá assinar pela RTP num curto espaço de tempo.
Moral da história 3: Nunca ver a SIC pela manhã.

domingo, julho 08, 2007

Novas Maravilhas do Mundo e de Portugal

Certo:
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
[Angkor e Convento de Cristo]

Errado:
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
[Cristo Redentor e Torre de Belém]

De resto concordo com quase toda a votação, embora ache que há monumentos mais interessantes em Roma do que o Coliseu. Reparei nestes concursos que não se dá mais valor ao trabalho artístico e peso cultural, mas sim ao valor simbólico do trabalho. O Cristo Redentor é imagem do Brasil tal como a Torre de Belém é imagem de Lisboa, contudo, e apesar de se tratarem de grandes construções, não são comparáveis à arte de Angkor e ao legado do Convento de Cristo em Tomar.

sábado, julho 07, 2007

7 Julho 2007: antevisão crítica

- Concerto Live Earth

Expliquem-me porque Metallica, Iron Maiden ou Offspring não estão no cartaz. Ah, já sei, o pessoal da pop-rock é que recicla, os outros são todos sujos e maus.

- Prólogo do Tour de France

Interessante como não há ninguém do pelotão completamente limpo de acusações de doping. Ao menos é justo.

- Cerimónia das Novas 7 Maravilhas do Mundo

Para mim, a cerimónia será uma fraude se alguma destas não for considerada Nova Maravilha:

  • Grande Muralha da China
  • Angkor, Cambodja
  • Taj Mahal, Índia
  • Machu Picchu, Perú

quinta-feira, junho 07, 2007

No futuro III

Ainda sobre Saúde Escolar, essa cadeira devia ter uma componente de comportamento social (ou de bons costumes), através de indução de calma e de reflexão devidamente alicerçada, para situações semelhantes a estas:
- "Lamento, mas este medicamento não é comparticipado"
- "Acredito que o dente lhe doa, mas só temos consultas para daqui a 2 semanas"
- "É um tumor de facto, mas ainda não conseguimos avaliá-lo devidamente. Faça novas análises e depois venha cá. Ah, só têm consulta para daqui a 2 meses? Pois, não posso fazer nada quanto a isso"
- "O seu nível de rendimentos não lhe permite avançar para o necessário transplante. Aconselho-o a hipotecar a casa e a vender o carro"
No futuro II

Também existe uma disciplina de opção chamada Saúde Escolar. Ensina actualmente a lavar as mãos antes das refeições e os dentes após estas. A ideia é óptima e devia ser, quanto a mim, uma cadeira obrigatória, mas associada aos tempos modernos:
- ensino do uso exclusivamente individual de seringas
- ensino do modus operandi para injectar os cortizóides e a EPO sem ser apanhado nos controlos anti-doping
- ensino de cuidados básicos a ter na produção de um charro, para não haver dedos queimados e cortados.
- explicação dos benefícios do sexo académico para uma boa performance escolar.
- etc.
No futuro I

Tenho vindo a receber educação superior na matéria do Estado de bem-estar social (Welfare State). O objectivo é claro: conseguir não insultar a senhora da segurança social que me dirá "o Sr. devia ter descontado mais 10 anos para além dos 30 que trabalhou, para receber esses 20% da pensão mínima."
Censura

O bloqueio do www.blogger.com na sala de informática da Faculdade de Letras de Lisboa assume-se como o mais recente sistema de censura. Parabéns aos autores.

quinta-feira, maio 24, 2007

Enormidade
O ministro das Obras Públicas [Mário Lino], Transportes e Comunicações considerou ontem “faraónica” a construção do novo aeroporto de Lisboa na margem Sul do Tejo porque se trata de uma zona deserta.

[in Correio da Manhã]

Se uma área com 1 milhão de habitantes é deserta, Nova Iorque deve ser o equivalente a uma aldeia. Também não concordo com a instalação do aeroporto na Margem Sul, mas há que argumentar de forma devida. Dizer que não há espaço para um aeroporto de 3000 campos de futebol era correcto. Dizer que o aeroporto não teria margem de segurança devido á grande quantidade de habitações na área era correcto. Dizer que é longe de Lisboa era correcto. Dizer que é deserto, é uma enormidade que um ministro não pode cometer, sob pena de cair no rídiculo.

quinta-feira, maio 10, 2007

Em Lisboa

Autenticamente entalado pela vereação, Carmona Rodrigues será mesmo o último a abandonar, assim como o expressou na semana passada em conferência de imprensa, saíndo assim com alguma dignidade perante a opinião pública. Dignidade porque não foi mentiroso nem mudou de opinião conforme a favorabilidade do contexto, ao contrário dos seus entaladores oficiais. Mau grado toda esta situação, penso que os tempos de Carmona na Câmara foram bons, manifestados através de uma profunda actividade do Município a nível cultural, social e no registo das obras públicas e do tráfego automóvel. Muito há ainda a fazer, mas isso é típico de uma urbe globalizada e em constante movimento, pelo que Carmona sai ilibado nesse particular. Porém, a actividade económica da Câmara foi de facto o bico-de-obra, pois esta revelou danos e desequilíbrios conjunturais, que a Comunicação Social bem expôs. Marques Mendes, na sua já famosa originalidade, seguiu os passos desta e expôs o já exposto.
Para Carmona, pode ser que esta mudança o conduza a um lugar melhor, onde possa gerir e planear sem preocupações monetárias de maior.

terça-feira, maio 08, 2007

Na Madeira

Cada vez me convenço mais que de conformista, o português tem pouco. Somos declaradamente um povo de oposição ao poder instituído, ainda que façamos tudo errado para tentar desmantelá-lo. Nas recentes eleições da Madeira aconteceu mais um caso típico de oposição à portuguesa, isto é, criticando aquilo que está construído e quem o construiu. Quem tem reais razões de queixa acabou uma vez mais por ser esquecido no meio dos "mind-games" de Jardim a que a oposição se diverte a rebater, como se o projecto político destes fosse simplesmente o derrube da figura de Alberto João Jardim, acusando-o de estar agarrado ao poder quando no fundo, ele o ganha, eleições após eleições, através da expressão popular.

terça-feira, abril 24, 2007

Boris Ieltsin

Morreu mais uma figura da minha juventude. À hora de jantar, enquanto davam as notícias, surgia sempre a figura de Ieltsin, comentada pelo eterno Carlos Fino. Gostava sobretudo das notícias que surgiram sobre ele já no final da sua carreira política, aquelas que referiam sobretudo as suas bebedeiras e bailaricos entre os russos. Da minha parte, achava tudo aquilo surreal, como se fosse de um outro planeta. E naquela mesma época, nem imaginava sequer que outro esquerdista, neste caso Jerónimo de Sousa, fizesse as mesmas figuras por cá.
Incontestável é que, de facto, Boris Ieltsin é uma figura histórica. Rival de Gorbatchev e difusor de um novo sistema de relações internacionais com os E.U.A. (mais aberto ao contacto, mas igualmente às desconfianças), Ieltsin gostava de criar ruptura, de quebrar em vez de torcer e foi sob esse estatuto que cortou de vez com a U.R.S.S. e abriu a "nova" Rússia à Comunidade Internacional. Infelizmente, e como é apanágio dos líderes na Rússia, abusou de alguns poderes, não tanto em benefício próprio, mas mais em malefício de outros. No entanto, esse é um problema muito russo, herança ideológica das políticas de esquerda.

quinta-feira, abril 05, 2007

O cartaz

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Curiosamente, esta tentativa de humor não me fez rir. Achei de mau gosto até. Acho engraçado que se diga em alto e bom som que vivemos sob o signo da Democracia participativa e depois se sucedam situações de exclusão como esta. O facto do Partido Nacional Renovador ser um partido pequeno (mas em expansão, por muito que custe aceitar) ajuda a explicar o porquê do Estado perder tempo e fundos a gozar com o cartaz do PNR. Aliás, essa perda de tempo e de fundos foi ainda visível no debate parlamentar sobre a mesma situação, quando já todos sabemos que os partidos com assento repudiam o nacionalismo. Percam tempo na campanha, não na Assembleia da República, pois essa é directamente financiada pelo nosso bolso.

Acho incompreensível ainda o compromisso dos Gato Fedorento pela causa, pois parece-me a mim que aquilo não foi opção deles, mas sim da RTP, e, se assim for, é mais um tiro no escuro dado pela estação, depois da eleição de Salazar como melhor português. Se estes paradoxos são para alertar ou para fomentar o debate, isso não sei, apenas sei que em Portugal as opiniões encolerizam-se por tudo e por nada. Vai ser preciso morrer alguém para se descobrir que se foi longe demais. Como sempre.

Voltando ao nacionalismo, chamá-lo de parvoíce é passar ao lado de uma realidade mundial, onde cada vez mais esse valor vai ganhando força, é fazer dos portugueses idiotas que nada vêem nem sentem. Grande parte dos portugueses podem não gostar de Salazar, mas acreditem que também não vêem com bons olhos o fluxo de imigrantes que afecta o país. Perguntem-lhes apenas por chineses, romenos, ucranianos ou africanos e terão a resposta.

domingo, abril 01, 2007

Usufruto

A vida dói-me. Sinto-me fracassado quando observo aquilo que ela me pode oferecer e o que não usufruo. Mais angustiado me sinto quando posso realizar certas coisas que me agradariam mas que não o faço porque uma força estranha me impede. Perco demasiado do meu tempo a descobrir que força maligna é essa e chego sempre à mesma conclusão: qualquer que seja a sua forma, ela torna-me infeliz mas ao mesmo tempo compreensivo da condição humana. Porém, interessa-me assim tanto essa condição enquanto vivo angustiado? Todo este paradoxo desmotiva-me e torna-me frágil, incapaz de responder como nos tempos em que era livre e inocente, capaz de dar o troco sem pensar nas consequência. Lugar comum, é isto a idade adulta? Talvez seja, talvez não, nem sequer penso nisso porque não sei o que define criança de adulto, tamanhas são as convenções sociais que não deixam sonhar e só servem para nos forçar a reconhecer o nosso erro de ter crescido e de agora sermos alvos de responsabilidades que em nada servem para a aprendizagem de nós mesmos, mas apenas dos outros, do seu modo de funcionamento, dos seus defeitos e das suas poucas virtudes pois, também eles, estão convertidos a um sistema morto.

domingo, fevereiro 11, 2007

A vitória da Abstenção

É este o Portugal que temos. Não vou ser negativo nem positivo, mas sim consumar factos. O sim venceu. Em 1998 havia perdido. Houve menos abstenção em 2007, mesmo assim ela foi demasiada, não permitindo o acto vinculativo do instrumento legislativo referendo. Em números, 57% de abstenção. Acho muito, ainda para mais num país em que a ditadura não foi assim há tanto tempo atrás (2 gerações). Acho ainda que muita gente ainda não sabe o real significado do voto que nos é concedido. Neste sentido partilho da opinião do Miguel Sousa Tavares, quando diz que "as pessoas devem votar nem que seja em branco", pois isso evita estas altas taxas de abstenção e ajuda a compreender se a informação da campanha foi elucidativa ou não. Faz-me alguma confusão pensar que num universo de 100 pessoas (mais ou menos os meus amigos do Hi5), mais de metade deles não foram votar.
Outro dado interessante é a distribuição do Sim e do Não por Portugal. Do distrito de Leiria, Coimbra e Castelo Branco para Norte (excepto Porto) o Não ganhou e nesses mesmos distritos e para Sul o Sim venceu. Na Madeira e Açores o Não venceu, o que me dá a ideia de ter sido uma forma de canalizar o descontentamento pelos ajustamentos nas finanças regionais. Espero que esteja errado. O que é de ressalvar é que o antagonismo entre a esquerda e direita e sua distribuição pelo território português acabaram por influenciar uma questão que se queria despolitizada, ou seja, mais uma derrota do Humanismo (não confundir a vitória do Sim com esta conclusão) face ao poder dos homens.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

"Sou uma enciclopédia"

Ouvi esta frase hoje. A pessoa que a disse está no direito de afirmar tal coisa, pois a censura entre amigos é um eco triste de desconfiança e, como tal, não deve exercida. Não acho no entanto que tal afirmação seja de alguém curioso. Ao invés, diria que é de alguém conformado com a fórmula do mundo. Se me perguntarem o que fez avançar a Humanidade nos últimos milénios, responderia que foi a busca eterna por mais e melhor. É claro que esta busca eclodiu muitas vezes em guerras sangrentas e na extinção de preciosas vidas, mas para mim, tal busca não deixa de ser um bom propósito. Sempre se trata de um objectivo, por miserável que seja. Contudo, o que de certeza não fará avançar a Humanidade é a estagnação, sendo que pensamentos dogmáticos e sentimento de que tudo se sabe são as forças que sustentam os obstáculos à evolução da nossa espécie.

domingo, janeiro 14, 2007

Extinção comum

Medo. Um estado de espírito, motivado pelas recordações do passado, pelos traumas exteriores, por aquilo que desconhecemos e nos é revelado. A surpresa, parte ambígua desta trama, representa a excitação pelo novo e as atitudes que não entram de acordo com a realidade comum. Emoções, estados de espírito ou estados de alma, a explicação nunca pode ser simples apesar de na realidade, o ser. A ciência explica-nos a causa, enquanto o efeito fica à deriva, naufragando pelas concepções e juízos dos outros.

Quando arrotamos é o nosso corpo que o faz. Incontrolável, chama a atenção do que está à nossa volta, fora do nosso controlo. Pedimos perdão. Por algo que não fizemos. Falam-se em falsos moralismos e penso neste caso, involuntário, incontrolável e ainda assim punível pelas regras e condutas de um habitat onde os nossos antepassados grunhiam, mas em que pelo menos não existiam hipocrisias.

Do involuntário passamos para o involuntário. Não controlamos nada, embora pensemos que sim, que existe um ponto intermédio. É esta a maravilha da mente, aquela coisa que tanto nos dá que pensar e que por vezes, mais parece um obstáculo que um instrumento útil à espécie.