terça-feira, fevereiro 28, 2006

Racismo e Futebol

Depois do jogador do Messina Zoro, foi a vez do camaronês Eto'o querer abandonar um campo de futebol por alegadamente ter sido alvo de insultos racistas. Pessoalmente e segundo a experiência que tenho em estádios de futebol, sei que os mesmos são locais de verdade pessoal e de descarregamento de frustrações.
Não devia ser assim, mas é essa a cruel realidade deste desporto, sobretudo nos países latinos, os quais são conhecidos pelo seu sangue quente e sempre pronto a explodir. Conviver no meio latino é pois, extremamente doloroso para quem não nasceu e não foi criado neste ambiente.

Infelizmente, os latinos defendem o seu patriotismo da mesma forma que defendem as suas emoções: a quente. Assim, não estranha os insultos para com os estrangeiros, sejam eles africanos, do Leste ou asiáticos. Por muito tempo que convivam com estes, a atitude latina será díficil de mudar. No entanto, acredito na mudança. Tal como devem acreditar os jogadores e os trabalhadores em território que também é seu. Devem acreditar que não é uma porção de indivíduos que detém a opinião da totalidade do país. Assim, da mesma forma que generalizo, deve-se também ter em conta que nem todos os latinos têm o sangue igual.

É preciso saber ultrapassar as adversidades e os muitos obstáculos que se atravessam no caminho, sabendo que se não conseguirmos nós mudar, teremos a certeza que fizemos o nosso melhor para que as gerações seguintes possam ser cada vez mais próximas no objectivo da paz e da aproximação entre os povos.

sábado, fevereiro 18, 2006

Eppur Si Muove

A guerra deve ser sempre um último recurso. Esta é uma das muitas filosofias que nos ensinam, mas que nunca se explicam. Hobbes dizia que a guerra nasce com o homem, que está no seu instinto. Eu, angustiado por notícias que abalam a minha fé na humanidade, deixo de acreditar seja no que for. Se a guerra nasce connosco ou não é de pouco interesse neste mundo, visto a paz não ser contagiante mas ao contrário, o estado de guerra semear aquilo que olhamos a cada esquina. O dinheiro podia ser um bem indiferente, mas nas mãos da guerra torna-se útil, torna-se na taxa de câmbio pela vida.

E enquanto isso, uma das últimas coisas que não se podem comprar - o tempo - passa ao nosso redor, deixado de lado, tal como a paz, pois a guerra é que faz a terra girar. Foi devido ao mal impregnado no dinheiro que Galileu acabou a sua vida de forma nada condecorosa para o que fez pela humanidade. Ele e tantos outros. Cada vez mais me convenço que se produz a guerra para dela tirar filosofias que nos ajudem a construir uma noção de progresso. É a crença disfarçada do pós-modernismo, que curiosamente diz que a guerra parou o progresso. Muito pelo contrário: a guerra é a engrenagem do progresso, é aquilo que permite ao mundo reflectir e no entanto, avançar. Avançar através da guerra. Onde se chegará? Obviamente, a lado nenhum, pois o mal como impulsionador do progresso é o mesmo que laranja podre como fonte do sumo de laranja.

Curiosamente, existe um prémio chamado Nobel da paz. É a guerra inevitável para que exista um prémio deste tipo? É este prémio um incentivo à guerra e consequentemente, ao progresso por detrás dela? Que interesses estão detrás da atribuição de um prémio que não dá gosto ver, pois envolve sempre a morte de seres humanos inocentes?

Tantas questões e no entanto, ela move-se.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Uma pequena amostra

MAGO DE OZ - En nombre de Dios

Si has perdido la fe
y has pactado con el mal,
pon tu alma en paz,
que de tu cuerpo yo me ocuparé.

A través del dolor
vencerás a Lucifer,
primero has de aceptar
que ser lesbiana es una enfermedad.

No omitas detalles, cuéntame
cómo os la montabais las dos,
y entonces yo te daré la absolución
desnuda en mi habitación.

Con la tortura obtendrás el perdón.
Acepta a Cristo y muere en nombre de Dios.
Muere en nombre de Dios!!!

Si quieres confesar
tu desviación moral,
que eres homosexual,
que entre tus piernas anda Satanás.

En el quemadero tú arderás.
El fuego purificará
todo pecado que tu cuerpo cometió.
La hoguera te hará a ti el amor.

Con la lujuria te condenarás.
Sólo nosotros follamos en nombre de Dios.

Si has perdido la fe
y has pactado con el mal,
por ser gay o bisexual
el Santo Oficio te exorcitará.

Con un auto de fe,
que aunque cruel es lo mejor,
para escarmiento de quien
no sigue la doctrina de la fe.

Pobreza, obediencia y castidad
es siempre obligado cumplir,
a no ser que seas Papa o seas Rey,
Obispo, o del Opus Dei.

Haz lo que diga, no lo que haga yo.
Tenemos dinero, poder, sexo en nombre de Dios.
Siempre en nombre de Dios!!!

Vendemos bulas,
compramos tus sueños.
Matamos en nombre de Dios



Uma pequena amostra de uma boa mistura entre música e letra. Como o álbum é recente não me admira que os espanhóis Mago de Oz tenham sido ensombrados pela negação cristã da Vinciana. No entanto, e influenciados por isso ou não, a letra consegue ter bastante conteúdo real, aplicável a grande parte do que vemos no nosso dia-a-dia. É estranho a igreja cristã negar os casamentos entre homosexuais quando à maior parte das pessoas que perguntamos essa questão nos responde "por mim podem-se casar, deviam ser livres de o fazer pois gostos não se discutem". Não sei se o objectivo da igreja cristã ainda é cortar com os (poucos) fantasmas do progresso e levar-nos de volta para uma nova idade média, onde era ela quem ditava leis e que executava quem não lhe servisse o propósito. A mesma igreja que hoje condena as execuções islâmicas é a mesma que mandou executar durante 2 milénios milhares de pessoas (ou serão milhões?). Contudo se esta igreja se soube redimir dos pecados cometidos, não será altura de abrir novamente os olhos para o que se passa actualmente no mundo? Não seria altura de tomar uma posição no conflito Europa-Islão?

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Sementes de uma guerra imparável

Cartoons. Simples cartoons despoletaram a nova onda de raiva islâmica pelo mundo. Inicialmente pensei que os cartoons fossem terrivelmente mal intencionados para com o culto de Maomé, mas depois de os ver senti um misto de choque e de perda: choque por no seu próprio país os editores de um jornal não terem direito a expressar a sua opinião e perda por ver radicais islâmicos aproveitarem os desenhos para iniciar uma discussão religiosa à escala global.
Contrariamente ao mundo islâmico, a Europa preza a sua liberdade de expressão, visto esta ter sido conseguida após a morte de milhões dos seus. A Europa faz mea culpa sempre que opina, mas a realidade é que assiste-lhe esse direito, isto é, quando algum europeu fala de um determinado grupo político tem consciência que está a tomar partido de uma opinião que lhe pode causar problemas visto o passado dos grandes grupos políticos europeus ser tudo menos condecoroso. A diferença principal resume-se aos problemas que essa opinião lhe pode causar.

No Islão a diferença de opinião é castigada severamente com chicote, pedras ou pena capital enquanto que na Europa a diferença é punida com uma discussão acesa mas íntegra, onde impera o argumento. Provavelmente esta diferença de conduta é proveniente da Idade Média, onde o método escolástico praticado na Europa se resumia a três fases: lectio, quaestio, disputatio.
Ler, questionar e disputar. Fórmula simples que ainda hoje aplicamos (basta lembrarmo-nos de como lemos as notícias do jornal) e ao que parece os radicas islamitas também. Então, onde está a diferença?
Infelizmente, a disputatio islâmica é levada ao extremo, servindo de argumento para iniciar guerras que aos olhos do mundo não tem sentido, enquanto ao europeu chega-lhe um troca de palavras para que todos se compreendam. Este "aos olhos do mundo" situa-se também no território islâmico, onde por muito que a opinião pública e a comunicação social queira distorcer a minha visão, não acredito que todos pactuem com atentados em nome de um Deus. Provavelmente existiam entre as vítimas fatais dos atentados em Nova Iorque, Londres, Bali, Madrid ou Nairobi alguns seguidores da religião de Maomé e eu pergunto-me se sempre estiveram as suas famílias de acordo com esses ataques que vitimam os crentes, se acharam que o seu Deus foi justo ao levá-los juntamente com os "infiéis".

Porém, a Europa continua a esgrimir a sua disputatio com os líderes radicais, enquanto estes vão pedindo insistentemente através de ataques sucessivos às capitais do Ocidente que a Europa use a disputatio árabe. Se por usarem as armas em vez das palavras eles estão mais próximos dos primatas que os europeus, então que os não-primatas resolvam a situação com as palavras. Há quem diga que uma chapada de vez em quando não faz mal nenhum, pois o castigo das palavras por vezes não chega e, posto isto, não será então altura do Ocidente dar uma chapada aos radicais islâmicos?

Enquanto os europeus não se decidem do que fazer, as embaixadas escandinavas no Médio Oriente vão sendo queimadas e destruídas, os líderes islâmicos vão oferecendo recompensas a quem achar o autor dos Cartoons, o presidente dos EUA continua a enriquecer o seu país e a economia chinesa vai caminhando triunfalmente, espantada com estas desavenças que não lhe dizem coisa alguma porque estranhamente, ninguém os procura para uma conversa. E no meio disto tudo, a Europa vai minguando passo a passo. É como disse o professor Luciano Amaral: "se uma civilização não gera os instintos necessários para sobreviver, é porque não merece sobreviver".

sábado, fevereiro 04, 2006

A febre de sexta à noite

Depois do clássico Saturday Night Live, heis que surge das entranhas da ilusão tuga o Euromilhões®.
Somos quem mais aposta nos países associados a esta lotaria e no entanto poucos jackpots atracaram nos mares lusitanos. Falta de sorte? A mim parece-me que é pior que isso, visto que se trata de uma incompreensão da sorte, de não sabermos quando ela está a nosso favor ou quando está contra. Isto não me admira, pois o povo português sempre foi dado ao sofrimento e qualquer coisa positiva que aconteça, por mínima que seja, dá-nos a ideia de estarmos numa maré de sorte. Provavelmente não lemos na nossa infância suficientes aventuras do Donald e do Gastão.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006


Mostrem os países que já visitaram

Como podem perceber, o meu panorama é algo triste: apenas 6 países e sempre no mesmo continente, o que corresponde a 2% dos países do mundo. Claro que também há muita gente que gostava de ter viajado pelo menos metade do que eu viajei, porém eu espero ainda viajar muito num futuro próximo.