domingo, abril 24, 2005

A cultura e a identidade europeia

Recorrendo a um texto de Eduardo Lourenço, um grande pensador da Europa, irei procurar com este texto problematizar algumas das suas questões, adicionando também outras por mim idealizadas. Isto é também uma forma de expôr parte da matéria que estudei para o teste de terça-feira :)
O primeiro ponto a reter do texto que li, é que para avançar por algum pensamento definidor de um caminho para a Europa, primeiro temos que definir dois conceitos-chave: cultura e identidade. E pela minha análise do texto, parece-me relativamente acessível a definição de cultura e de identidade, mas é de extrema dificuldade a ligação que possamos fazer entre os dois conceitos.

Começemos pela cultura:
Para Lourenço, a Europa sem valores culturais tornar-se-ia em algo como uma Disneyland, onde todos estavam misturados, atraídos pela curiosidade do evento, mas poucos saberiam o porquê da coisa. Cultura é acima de tudo, a necessidade de nos conhecermos melhor a nós próprios e aos que nos rodeiam.
Para evidenciarmos uma cultura precisamos, obviamente de estandartes. Bandeira, moeda, língua, nomes sonantes do passado, entre outras coisas. De uma forma resumida: tudo o que seja bom para atirar ao telhado do outro vizinho.

Agora a identidade:
Para a construção de uma Identidade, neste caso a europeia, precisamos de dois ingredientes:
- minimo cultural
- memória europeia

O minimo cultural é o fundamental para se poder entrar na nobreza europeia. Por exemplo, a democracia é um ponto assente nas estruturas politicas dos países-membros da União Europeia. Para nos deixarem entrar no grupo, temos que nos submeter a essa pequena regra: temos que ser regidos por um regime democrático. Este é um minimo cultural. Outro é a religião. Assente numa matriz judaico-cristã, a UE olha com desconfiança para o Médio Oriente, apesar do seu futuro se extender para aí. O porquê dessa aventura para terras "pouco" europeias é um debate de dificil compreensão, pois tem quase tudo contra e pouca coisa a favor, a saber: tem contra o facto de não partilhar a mesma religião, do regime politico ser outro, dos direitos humanos ser uma palavra pouco apreciada para essas bandas, da História nos indicar que para lá de Constantinopla (actual Istambul) é território asiático e não europeu (exceptuando o período da cruzada de Alexandre, o Grande) e por fim, da maior parte das tradições não dizer nada aos europeus. A favor, tem o facto de podermos descobrir uma cultura nova e assim podermos continuar o progresso que tanto fascina o europeu e o de tentar quebrar uma história milenar feita de desiquilibrios e conflitos constantes, ou seja, uma tarefa de dimensão biblica.

Essa mesma história europeia é também o fio condutor para a maior parte dos conflitos europeus - a memória histórica dos conflitos foi e é o entrave maior ao avanço europeu, pois é um obstáculo poderoso à identidade europeia.
Para finalizar o estudo ao texto de Eduardo Lourenço, resta abrir um pouco do livro no que respeita à sua afirmação de que a cultura europeia é uma cultura prometaica. Prometeu era um individuo, que segundo a mitologia grega, roubou o fogo aos deuses e por isso foi punido. Todas as noites uma águia ia ao seu encontro e comia-lhe o fígado, que se regenerava durante o dia. Para um grande crime, um castigo eterno. Simpáticos os gregos.
Voltando ao assunto, a cultura europeia é prometaica, pois procura algo que nunca foi dela (a Ásia Menor e o Médio Oriente), e por isso é castigada da maneira mais dolorosa possível: nas suas cidades principais, centros de globalização, centros do Ocidente. A minha dúvida é se estamos a tratar de um castigo eterno ou não, ou seja, se as regiões em causa nunca poderão ser de facto, europeias. E aqui voltamos à questão fulcral que assola a mente de cada europeu que olha com um misto de desconfiança e de esperança para a Europa: o que é de facto a Europa? Que valores controem o que designamos hoje por Europa, sabendo que nada a consegue definir isoladamente?
De resposta muito dificil, mas também um dos debates mais apaixonantes do presente, passado e futuro.
Falta de ritmo

Ando numa de nada. Não consigo acompanhar o ritmo da escola, o ritmo das conversas...enfim, o ritmo da vida. Não sei se são os outros que andam mais apressados que o normal, se sou eu que não consigo entrar no ritmo dos outros. E se pensarmos numa perspectiva social, procurando saber quem impõe os ritmos e que factores não humanos os condicionam, aí temos pano para as mangas da reflexão.

quinta-feira, abril 14, 2005

A generalização do segmento de pensamento entre os sexos é pouco razoável, visto que as linhas do pensar surgem da experiência e da educação, ou seja, de uma construção pessoal. Teorias como a do pensamento por fases (linha de pensar feminina), e por linha contínua teórica (linha de pensar masculina) são pouco consistentes. No caso de acreditarem nelas, as excepções que não se enquadram ou que 'fogem' para a linha de pensar contrária tornam-se aberrações e consequentemente, ídolos pop. Esta é uma teoria como qualquer outra.

segunda-feira, abril 11, 2005

Pergunto-me quem lê este blog?

Sei que há uma ou duas pessoas que passam por aqui de vez em quando para ver o que há de novo, mas para além disso, acho que este blog não passa de uma folha de rascunho onde escrevo alguns dos meus pensamentos, a maior parte das vezes pouco interessantes.

O que me leva a pensar que os meus pensamentos interessam a quem lê?

Os leitores já são poucos, mesmo assim parece que os quero correr daqui para fora, através de reflexões pouco conseguidas, de argumentos pouco válidos...enfim, de um sem número de pensamentos que eu penso serem bons, mas que lendo e relendo, vejo apenas uma nódoa de futilidade neles. Descanso-me ao saber que há pessoas com pensamentos bem mais fúteis que os meus, no entanto é um descanso momentâneo, pois depressa dou conta que não consigo sair da urbe, não consigo destacar-me entre os demais quando esse é o meu desejo. Nunca sonhei em ter uma vida normal como todas as outras pessoas. Sempre me iluminou um desejo de fuga da sociedade, não é algo que me aconteça só quando estou deprimido...acho que nunca criei laços suficientes à visão de vida calma e agradável. Daí que esta vida de estudante, de rotina e de tempo livre mal usado, me deixe completamente averso à aventura. Já não consigo descobrir dentro de mim esse desejo de fuga da minha nostálgica infância e assim acabo as minhas horas diárias a escrever aquilo que nunca deveria ser escrito mas sim vivido.
Porque as letras que produzo são a única fuga para o meu sonho perdido.