segunda-feira, maio 23, 2005

Separados à nascença

Image Hosted by ImageShack.us
Image Hosted by ImageShack.us

Em cima: Hokusai: Fuji
Em baixo: Cezánne: Saint-Victoire

Separados por tanta distância e no entanto, com os mesmos motivos por detrás da sua obra: a magnificiência da montanha, personificação da força da natureza que se ergueu perante cada um dos olhares atentos dos artistas. Fico até com a sensação, que se Cézanne tivesse nascido no Japão e Hokusai na França, o resultado seria o mesmo que o obtido pela história.

quinta-feira, maio 19, 2005

Image Hosted by ImageShack.us
Édouard Manet (1832-1883): Un bar aux Folies-Bergeres

Mal sabia Manet que o seu reflexo nesta pintura originaria um debate tão aceso e uma aventura tão sinuosa pelos conceitos estéticos. Aqui se prova que um artista tem a natureza tão perto de si que se confunde com ela mesma.

quarta-feira, maio 18, 2005


Final da Taça UEFA

Image Hosted by ImageShack.us

Sporting 1 - 3 CSKA Moscovo

É dificil falar sobre este assunto, visto que a derrota ainda está muito presente nas mentes dos portugueses e para além disso, existe um género de fantasma do Euro2004 pelo ar que torna complicado pensar no impacto desta derrota. Antes de mais há que assinalar que se trata mais de uma derrota do Sporting, do que de uma vitória do CSKA. Curiosamente, o CSKA ainda não tinha ganho qualquer jogo fora de casa nesta prova da UEFA, no entanto foram ganhar precisamente no dia em que não deviam.
O resultado está feito, não penso que sirva de muito saber que o Rogério podia ter empatado e nesse contra-ataque os russos tenham matado o jogo, como também não me interessam as declarações de vitória ou derrota, visto que estas, qualquer que seja a final, são sempre as mesmas.
O que me interessa de facto, é reconhecer que o Sporting, enquanto clube, esteve à altura do evento. Uma organização impecável e sem problemas, uma equipa que lutou até ao fim e sobretudo, uns adeptos com um fair-play notável. Perdido o jogo, os adeptos do Sporting não se coibíram de aplaudir o adversário, honrando o espectáculo com aquilo que tem de melhor: o desportivismo. Podiam ter adornado a conquista da taça pelos russos com um coro de assobios, mas preferiram aplaudir e festejar o evento.
Porque no fundo, trata-se apenas de um jogo de futebol. E o Sporting enquanto instituição de elevado poder para com o público, deu o melhor exemplo. Estes gestos não têm preço e revelam aquilo que é um adepto sportinguista.

Viva o Sporting! Viva o CSKA! Viva o Futebol!

quinta-feira, maio 05, 2005

Para onde caminhas Portugal?

Há certas notícias que por muito graves que sejam, nos passam ao lado, mas há outras que nos tocam nos pontos mais frágeis, e por isso são tão difíceis de lidar. No entanto, há que olhar para a notícia em si e apurar responsabilidades. Para que não mais volte a acontecer.

Estive a ver o Opinião Pública desta manhã na SIC Notícias. O programa era sobre a protecção das crianças, surgido naturalmente devido aos últimos acontecimentos no Bairro do Aleixo, onde o brutal assassinato da jovem Vanessa, de apenas 5 anos, ocorreu. O comentador convidado era um membro da Comissão Central para a ajuda e protecção das crianças em risco, orgão que está acima das mais de 200 comissões de ajuda e protecção espalhadas pelo país.
E o primeiro dado do porquê destas comissões não funcionarem eficientemente foi rapidamente demonstrado: ele não conseguia responder à maior parte das questões relacionadas com as comissões por, imagine-se, falta de informação e de dados.
O segundo dado surgiu também depressa e com a definição das comissões, visto os telespectadores que interviram no programa terem mostrado a sua revolta pela passividade das mesmas. Ora, as comissões para a protecção de crianças em risco têm como função proteger a criança de forma não judicial, mas sim de acompanhamento, seguindo dois passos:
- No primeiro passo têm que averiguar se a criança está mesmo em perigo de forma a proceder-se a um diagnóstico da sua situação.
- No segundo passo existe uma análise desse diagnóstico para se decidir se há ou não lugar a uma medida de protecção.

Simples? Não! As coisas em Portugal possuem demasiados paradoxos e alíneas para serem consideradas simples. Isto porque devido à reforma na função pública, há falta de pessoal nestas comissões. Isto não impede contudo que as pessoas que aí trabalham, se disponham a trabalhar apenas durante a manhã ou a tarde. Este dado significa que a Comissão Central falhou na gestão das várias comissões, pois não pode obrigá-las a trabalhar a tempo inteiro, se bem que neste caso está entre a espada e a parede, visto que não tem poder judicial sobre as vítimas nem sobre os seus próprios empregados e apesar de tudo isto, é um serviço conectado com o Estado. Para variar chegámos à eterna raíz do mal: o Estado.

Mas eu não gosto que o processo seja sempre este, e por isso é preciso apurar responsabilidades às comissões e mesmo ao cidadão comum:

- Porque as vizinhas que tudo sabiam não informaram ninguém? É preciso acontecer uma tragédia para se tomar a iniciativa. Isto é algo que está tão intrínseco ao nosso povo, assim como o nosso natural negativismo.

- Porque não há acções informativas junto ao cidadão por parte das comissões? Da minha parte, eu não faço ideia aonde me devo dirigir, que telefones usar e com quem falar. Estas acções informativas poderiam "matar dois coelhos de uma só vez", pois informavam o cidadão e além disso podiam apelar ao voluntariado, como tantas outras associações o fazem. Resolvia-se parte do problema da falta de pessoal e as pessoas, nem que seja uma dezena delas, saíam mais informadas.

- Questionamos diariamente o Estado e as suas medidas, mas esquecemo-nos que ele é o ultimo recurso em caso de desespero. Logo, tem que ser cada um de nós a contribuir de uma forma civilizada e com debate de opiniões, em vez de só dizer mal mas não mostrar qualquer tipo de solução, para a melhoria constante do orgão estatal. É urgente a reforma na administração pública e na justiça, pois os enquadramentos legais não permitem que os casos judiciais sejam resolvidos de forma célere como deveriam ser. Mas também é urgente que nós mudemos as mentalidades. Há quem se esqueça, mas quem fala mal do estado é o mesmo que incendeia a floresta portuguesa, que suja as praias, que conduz mal e que comete este tipo de crimes. Não nos serve de muito falarmos de uma hipocrisia dos serviços, quando no debate politico o que vemos é o insulto bárbaro em contraste com a falta de soluções. Não nos serve falar de filas de espera nos serviços públicos quando somos os mesmos que não deixamos que ninguém nos passe à frente.

Não sei como acontece, mas a origem do problema para mim, vai sempre dar ao mesmo: falta de civismo proveniente de uma educação em crise. O epicentro de todo o problema é sempre a educação, e é no minímo estranho que se trate este assunto de maneira tão leve. Educação e Saúde são os alicerces de qualquer sociedade estável e feliz. Não entendo porque as prioridades deste país não são estas. Se continuar tudo por fazer, não me admira que um novo 25 de Abril ecoe cada vez mais em cada nova conversa.

segunda-feira, maio 02, 2005

Aku

Por vezes tenho a raiva que me podia levar a isso. Mas são momentos de cólera que passam rapidamente, pois tenho a sorte de ter sido bem aconselhado nos momentos exactos. Pelo menos é assim que olho a maior parte da minha vida. No entanto surge sempre a dúvida universal:

"e se tivesse acontecido de outra forma?"

A resposta é invariavelmente igual:

"vive o presente e não o passado"

Os conselhos têm a sua utilidade, mas infelizmente os úteis são sempre dados por pessoas em pior condição que a nossa, pessoas que nos compreendem tão bem que não querem que soframos o mesmo que elas, porque afinal, elas sabem o que estamos a viver porque em qualquer parte do passado, também passaram por isso.
Custa ouvir a história de quem sofre e nunca uma única vez foi bafejado pela sorte, mas ainda assim, continua a caminhar sem objectivo. Havia outra forma dessa pessoa ter vivido a vida? Está ela a viver o passado a cada passo que toma no seu caminho disperso ou simnplesmente está a viver o presente na mais pura das formas?

Quem me dera viver também o presente.