domingo, fevereiro 11, 2007

A vitória da Abstenção

É este o Portugal que temos. Não vou ser negativo nem positivo, mas sim consumar factos. O sim venceu. Em 1998 havia perdido. Houve menos abstenção em 2007, mesmo assim ela foi demasiada, não permitindo o acto vinculativo do instrumento legislativo referendo. Em números, 57% de abstenção. Acho muito, ainda para mais num país em que a ditadura não foi assim há tanto tempo atrás (2 gerações). Acho ainda que muita gente ainda não sabe o real significado do voto que nos é concedido. Neste sentido partilho da opinião do Miguel Sousa Tavares, quando diz que "as pessoas devem votar nem que seja em branco", pois isso evita estas altas taxas de abstenção e ajuda a compreender se a informação da campanha foi elucidativa ou não. Faz-me alguma confusão pensar que num universo de 100 pessoas (mais ou menos os meus amigos do Hi5), mais de metade deles não foram votar.
Outro dado interessante é a distribuição do Sim e do Não por Portugal. Do distrito de Leiria, Coimbra e Castelo Branco para Norte (excepto Porto) o Não ganhou e nesses mesmos distritos e para Sul o Sim venceu. Na Madeira e Açores o Não venceu, o que me dá a ideia de ter sido uma forma de canalizar o descontentamento pelos ajustamentos nas finanças regionais. Espero que esteja errado. O que é de ressalvar é que o antagonismo entre a esquerda e direita e sua distribuição pelo território português acabaram por influenciar uma questão que se queria despolitizada, ou seja, mais uma derrota do Humanismo (não confundir a vitória do Sim com esta conclusão) face ao poder dos homens.