quarta-feira, agosto 27, 2003

Under a dying sun

É natural que ele morra e por esse facto a Terra deixe de existir, acabando assim um mar de sofrimentos, que segundo muitos é o que dá côr à vida, mas segundo outros é um mal desnecessário que os vicios lá vão relembrando.
Hoje, envolto pelo ruído chato do barco, o Sol batia-me na nuca com imensa força, tornando a ocasião por mim vivida em algo especial, visto que ao mesmo tempo decorria no meu discman a música que dá titulo à etapa de hoje...e a equivalência foi extrema, tão extrema que fechei os olhos e no cor-de-laranja escuro que as minhas palpebras escondiam tornei aquele momento em algo fantástico. Foi paz que durou poucos segundos, entre os quais, as batidas da música amainavam a minha cólera pelo errado do mundo e fizeram aparecer em mim, por míseros segundo (volto a salientar), a paz que há muito não me passava pela mente poder ainda existir.
Adorava que essa paz voltasse por mais tempo, mas não sou louco para pedir o infinito, pois se vivesse sobre esse espírito ameno e calmo, seria apelidado de louco. Loucos que nós condenamos, porque não compreendemos o seu bem-estar.
E assim o Sol vai observando e morrendo...

domingo, agosto 24, 2003

"O nenúfar é uma belíssima e inútil flor da poesia descritiva, dói ainda mais a formusura sem objectivo que o desamor" - Camilo José Cela

Quem fala assim não é gago, é um génio.
Continuo a adorar as situações simples, no entanto perco-me tanto em esquemas complexos que acabo por me afundar em pensamentos que em nada contribuem para o meu bem-estar.

sexta-feira, agosto 22, 2003

Ela é fácil de satisfazer, está em todo o lado, não é dificil alimentá-la. Dificil é fazer com que ela tenha fome. Tou perante um bloqueio satisfatório da minha existência. "In Defiance Of Existence" é o ultimo trabalho duma banda nórdica que muito aprecio e só o titulo leva-me por caminhos tão longos que não lhes vejo o fim, até porque em certas alturas as encruzilhadas são tantas que a desistência é um facto ponderado e eficaz. Tudo o que seja feito sem o consentimento da desistência é doloroso e extremamente interrogativo. No fundo a minha existência não é desobediente, até porque só a imortalidade desobece o fenómeno natural vida e por isso ser tão sagrado. Porque neste mar de interrogações há lugar para certezas e uma delas é que tudo o que não está ao nosso alcance é sagrado. Por isso os brinquedos que estavam em cima do armário eram os melhores, por isso aquela por quem todos se babavam na escola era a melhor e por isso o Vodka purissimo é o melhor.
São fases, e estruturalmente todas acabam, umas demoram mais tempo que as outras, é certo, mas têm todas o seu termo. Há convenções sociais que nos dizem que há mortes mais "saudáveis" que as outras mas no fundo é tudo uma patetice, é o mesmo que dizer que há nascimentos melhores que os outros, por outras palavras, és um ser inútil e que mais valias não teres nascido! Claro que isto não pode ser dito assim, por isso tal como um nascimento pode demorar mais ou ter mais problemas, também uma morte tem o direito de ter também problemas e de poder se alongar um bocado mais!
Se merecemos que ela seja lenta ou rápida isso não somos nós que decidimos, tal como não fomos nós que decidimos se queríamos nascer ou não.

A temática "Deus" torna-se ambígua e chata, demasiado fervor e pouco raciocinio:

"No dia do Juizo Final os ressuscitados falarão apenas quando Deus lhes mandar com muito generosa complacência"

quarta-feira, agosto 20, 2003

Assassínio

Confesso que de Sérgio Vieira de Mello conhecia pouco mais do que a sua participação no findar do conflito em Timor-Leste. Seja como fôr, o assassinato brutal que ontem o vitimou deixa-me chocado e com poucos argumentos. A ONU é a instituição máxima de paz mundial e cada atentado sobre ela deve ser punido. Pensa-se que foi por motivos de ordem religiosa mas de tal facto não tenho provas, visto que ultimamente tenho vivido pouco informado, mas só o relato do sucedido é uma catástrofe para a paz.
Pouco mais tenho para dizer, apenas queria demonstrar o meu choque pela notícia, pois não morreu apenas mais um homem, morreu um dos poucos homens que ainda acreditava na Humanidade do nosso ser e isso quanto a mim, é uma perda pesada no nosso mundi-sistema.

terça-feira, agosto 19, 2003

Não é mais um daqueles dias...

Pior que tudo é esta solidão interna, externa e eu sei lá de que mais tipos. Mais estranho ainda é poder estar com as pessoas mas rejeitá-lo para continuar neste estado. Não tenho forças para nada, não me apetece divertir, não desejo entusiasmo...só queria alguém para partilhar esta noite, alguém que sentisse o que digo, alguém com quem conversar, apenas isso.
Mas anda tudo ocupado...a divertirem-se e a rirem-se com quem gostam, pena eu não reunir as condições para essas relações.

Por isso é q tou farto de discursos positivos, que tudo há de correr bem, etc, etc...
Se tudo corresse bem não estava a sentir-me como agora.

domingo, agosto 17, 2003

"Politica é fazer escolhas dificeis. Mas é também fazer juizos de valor. Toda a politica é baseada em juizos de valor e esses devem ser o objecto do debate e escrutinio publico.
Esta era a minha visão quando me tornei Primeiro-Ministro da Noruega, seis anos atrás, e assim estabeleci a Comissão dos Valores Humanos. A ideia por detrás desta comissão era convidar toda a população a reflectir connosco (a classe politica) questões como: O que é uma boa vida? Que valores queremos implantar ou modificar na nossa sociedade? Como podemos assegurar que todos os actores da sociedade participem na construção de um futuro benéfico para todos nós?"
- Primeiro Ministro norueguês, Kjell Magne Bondevik

Esta comissão teve um sucesso tão tremendo na Noruega que numa conferência realizada em Oslo 98, o presidente da IDB (International Data Base) decidiu aplicar a fórmula aos países da América do Sul. O sucesso foi novamente extraordinário, com uma franca adesão das pessoas à iniciativa.

E eu pergunto-me, ninguém por cá tem ideias destas???
Nunca ninguém me veio perguntar o que são as condições de vida ideais ou quais os valores mais importantes no nosso país. Ao meus pais acho que também não perguntaram, o que é grave, pois no 25 de Abril tal contacto com o povo deveria ter sido estabelecido. Ao meu avô nem pergunto, pois a história salazarista dá-me a resposta. E é nesta distância povo/chefias politicas que vivemos há tanto tempo mas parece que ninguém está disposto a mudar.
Depois admiramo-nos da distância entre estes povos e o nosso...distância essa que podemos encurtar, mas que os discursos politicos que enviusam normalmente em redundâncias e/ou extremismos não querem saber.

Se alguém tivesse perguntado o que estava mal nas florestas portuguesas aos proprietários, aos guardas florestais e obviamente aos bombeiros teriam-se salvo muitos hectares, mas para variar, só se tomam medidas depois dos desastres acontecerem.

Enfim...

quinta-feira, agosto 14, 2003

Que bom, tou em decadência!

Extravasar da alma em mil bocados, o ladrar do cães em timbres humanos, que redundante!
É impressionante a quantidade de expressões sobre as quais reflicto, pareço um pólo multifuncional onde tudo encaixa e toda a linha de montagem segue sem paragens ou dúvidas. Taylor havia de achar piada ao meu ser. Hmmm...talvez não, afinal o carácter humano pouco significava para ele. Mas o que interesa mesmo é o presente e ele é FANTÁSTiCO!
Porquê?
Porque a minha existência é tão igual como uma pauta aduaneira entrada em vigor no ano de 83, o mesmo em que nasci.
É ridiculamente frustrante apagar o que escrevo, corrijo-me a mim próprio e às minhas afirmações que saem para o ar, quais flamingos atacados por um rinoceronte! Com medo que não seja a realidade apago-as, fazendo esquecer o quão incompetente é a minha capacidade de raciocionio. Claro que não podemos ter todos o mesmo Q.I. não é? O meu chega-me para fazer uma existência imbecil e sem significado, sem vontade de alterar nada, sonhando muito mas fazendo muito pouco para que eles (sonhos) se concretizem.
Por isso caio nesta virtualidade tão efémera quanto uma obra dum aldeão senegalês. Tanto não lhe ligam a ele como a mim.
E engasgo-me a falar mais uma vez, que quotidiano, que falta de confiança! Mas também não me interessa mudar isso. Apetece-me sim apagar este post todo mas por teimosia deixo-o estar como está e pouco mais lhe acrescentarei. Finalizo com um "bem hajam" esta tirada de hoje, porque são vocês que me fazem ver o quão inutil é minha presença neste planeta tão acolhedor.

sábado, agosto 09, 2003

O Hino

Na inauguração do Alvalade XXI houve uma altura que me confundiu: o Hino. Vozes ao alto, entoando um canto vivo e forte que ecoava pelas paredes recentemente erguidas do novo estádio. E aí me deparei com uma dúvida: será que o Hino me arrepia pelos milhares de vozes que o entoam ao mesmo tempo ou será pelo apelo ao patriotismo que ele representa?
A letra do Hino, todos sabem, está obsoleta e nada tem a ver com a actualidade. Por outro lado é uma canção do principio do século passado e por isso a carga histórica acentua-se a cada ano que passa. No entanto parece-me pouco para com a música que nos representa em qualquer parte do globo...muito pouco mesmo.
Isto leva-me à conclusão que afinal arrepiei-me sim, pelo conjunto de vozes que entoam o Hino. Um factor chave d' "A Portuguesa" é o cativar da voz através de uma letra de fácil memorização e que muda o ambiente tornando-o algo de único. Comparando-o a outro hinos, como "Le Marseillese" ou o "God save the Queen" vejo que o português não é um tédio como estes dois, nos quais a letra e a música arrastam-se numa melodia melancólica e pouco apelativa ao chamamento das vozes.
É aqui que reside a diferença, os hinos de Inglaterra e França apelam ao verdadeiro patrotismo, à história do povo, ao passado, presente e futuro duma nação, deixando de lado a força da voz. Quanto ao nosso, definiria-o assim: Muita pujança na voz, mas pouca reflexão sobre o que ela significa.

De qualquer maneira sou contra um nova versão do Hino. Essa mudança só por si não mudaria o facto do português não ser patriótico. Perguntem a qualquer um onde nasceu Portugal e vão ter muitas surpresas...muitas mesmo.