quinta-feira, julho 28, 2005

O meu tempo

Luto contra o tempo, mas ele não luta contra mim. Não quer ser meu adversário, mas sim um amigo, uma identidade que me quer ajudar segundo as suas regras e a sua conduta. Só que o tempo é escasso para mim. Quero muita coisa e nada faço, o tempo não me ajuda a fazê-lo mas ao mesmo tempo, eu também não tenho a capacidade e engenho para fazer essas coisas.

Será que eu quero culpar o tempo em vez de mim?

Será que a minha existência finita me leva a condenar aqueles que são infinitos?

Terei eu inveja do tempo?

Se me fizerem esta última pergunta de rompante, responderei com quase toda a certeza que não. No entanto, e analisando os últimos anos da minha vida, o que vejo é que não consigo fazer as coisas porque as forço em demasia, torno as metas tão realizáveis como se todo o mundo fosse feito com as minhas medidas. Depois, quando descubro que não funciona bem dessa maneira, acabo por condenar o tempo e toda a sua calma. Ele deve rir-se da minha pressa em viver a vida. Ou simplesmente não entende essa pressa. Inclino-me para esta última, em grande parte porque nem eu entendo correctamente o porquê dessa pressa. Desconfio que o sangue corre mais depressa nas minhas veias do que a electricidade corre nos fios que brotam das paredes cá de casa. Acho até que a própria electricidade não consegue acompanhar (quanto mais entender), a pressa com que eu quero viver a vida.

No meio disto tudo é importante constantar que quem me conhece de vista ou de conversas em amena cavaqueira, me vê como uma pessoa calma e ponderada. A palavras esquizofrenia ecoou sorrateiramente após esta última frase, mas não creio (e não quero acreditar), que me ande para aí a desmultiplicar em personalidades tão antagónicas quanto uma pessoa calma e outra completamente descontrolada no seu desejo de debitar activos numa vida pouco lucrativa.

Será que acomodei o desejo de viver intensamente a vida na minha aparente calma?

Não consigo responder a isto, e nem sequer vou pensar na resposta, pois a consequência típica de conclusões a esta pergunta é depressão ou euforia desmedida.

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