O equívoco das relações entre os clubes e a comunicação social
Tenho reparado que ao longo dos últimos anos, os clubes têm vindo a adoptar uma postura cada vez mais fria e arrogante para com a comunicação social, pois dizem eles, esta espalha pelo território que abrange informação falsa sobre a vida interna dos clubes. Este é um argumento típico de quem entende como funciona o mercado básico, mas que não olha para as leis de sobrevivência do mesmo. Numa primeira análise, os clubes precisam da comunicação social para se promoverem e garantirem um encaixe financeiro avultado devido às transmissões televisivas, enquanto a comunicação social necessita dos clubes para ganhar audiências e assim melhorar os contratos publicitários adjacentes às transmissões dos jogos. Contudo, e numa segunda análise que os gestores dos clubes teimam em não entender, a comunicação social pode viver sem os clubes, ao passo que os clubes não podem viver sem a comunicação social. Por isso causa-me sempre estranheza quando vejo o presidente de um clube criticar a (suposta) falsidade das notícias que a comunicação social propaga. A comunicação social não tem qualquer compromisso com a verdade, pois os rumores e os boatos são de facto, o seu melhor produto (isto seguindo uma lógica de mercado). Porém, os clubes têm um compromisso para com os seus sócios. Se um sócio deseja saber o que se passa dentro do clube, tal deve-lhe ser dito. Se a comunicação social quiser saber a mesma informação, a mesma pode ser negada pelo clube e com razão. O que para mim não tem lógica é que um clube use a comunicação social para chegar aos sócios, facultando toda a informação que lhe convém e escondendo aquilo que bem entende. Trata-se de um desrespeito para com os sócios do clube e de uma manipulação da comunicação social que se for dizimada como tem vindo a acontecer devido às arrogâncias desnecessárias dos presidentes, fará com que os clubes deixem de ter o melhor veículo de informação, obrigando-os a assembleias regulares, bastante dispendiosas ao nível de tempo, num claro retorno ao principio do século passado, quando o desporto ainda não era o fenómeno global que é hoje, num total desajuste à modernidade necessária para sustentar um clube.