Mar de outrora, mar de amanhã
Hic uasto rex Aeolus antro
luctantis uentos tempestatesque sonoras
imperio premit ac uinclis et carcere frenat
luctantis uentos tempestatesque sonoras
imperio premit ac uinclis et carcere frenat
[ Eolo, rei, aqui numa espaçosa
Gruta, com o seu império e mando enfreia
Dos ventos a cruel ferocidade,
E em prisões tem a insana tempestade ]
Gruta, com o seu império e mando enfreia
Dos ventos a cruel ferocidade,
E em prisões tem a insana tempestade ]
A Eneida de Virgilio, apesar de nunca o ter lido na íntegra, é uma obra saudável e rica em conteúdo mitológico, assim como palavras exóticas e poderosas. Nela encontramos treixos absolutamente maravilhosos que nos proporcionam uma pequena viagem ao mundo em que o mare nostrum era a força reinante. Hoje o mar não é a força dominante mas a força dominada. O aquecimento global tornou o mar no cemitério da humanidade. Engane-se quem pense que o mar é apenas o elo de ligação entre aquecimento global e morte da humanidade. O mar é mais que isso, é um ser com vida própria que chora por cada um de nós. O mundo é um ser perfeito, ninguém tenha dúvidas disso, mas como todos os outros seres, também morrerá. E com ele irá o mar, inspirador de paixões e de saudade. Que pena que em vez o perpetuarmos até onde pudermos, o assassinemos da pior maneira: lenta e dolorosamente.