domingo, junho 05, 2011

Portugal
Um novo acto político, a história do costume





Findo o acto eleitoral de 5 de Junho de 2011, rapidamente se chegou à conclusão sobre o partido vencedor, mesmo a tempo dos telejornais terem um destaque digno desse nome. Parece que o partido que estava no poder perdeu as eleições e deu lugar a outro com novas ideias, que quer provar ao povo que é possível sair da crise em que estamos mergulhados. É assim em Portugal, tal como poderia ser noutro qualquer país do mundo, com uma democracia saudável, na qual os diversos partidos concorrentes apresentam novas propostas e ideias, adaptadas aos problemas de cada nação ou cultura.


Claro que, neste e em muitos outros aspectos, Portugal gosta de ser diferente!



Podia ser diferente para melhor, tal como o são os países nórdicos no aproveitamento dos seus recursos naturais. Mas não, nós portugueses ousamos arriscar ser diferentes pela negativa, isto é, gostamos de abraçar, congratular e voltar a dar oportunidade a quem já antes falhou! Aparentemente, e segundo os resultados eleitorais, os portugueses acreditam que vale a pena confiar de novo a tarefa de governar Portugal a um dos partidos membros do bloco central, mudando de vez em quando a côr do poder, mas mantendo a fé inabalável que PSD ou PS são os salvadores desta nação, como o demonstram os cerca de 70% dos votos nestes partidos.



Tanto o partido que agora alcança o poder, como aquele que de lá saiu são co-responsáveis pelo Portugal actual: o Portugal injusto para com quem ajuda e favorável para quem rouba, simpático para as visitas e malvado para com os seus, uma terra de oportunidade para uns e uma terra sem esperança para outros... Portugal é hoje isto, um país em fase negativa, incapaz de publicitar o que de melhor tem.



Isto porque nem tudo é mau em Portugal. Temos coisas boas como as praias, a hospitalidade, a gastronomia, a História, escritores geniais, artistas sobredotados, mares translúcidos, entre muitas outras coisas boas, no entanto, há de facto algo que é muito mau neste país e que, quem sabe, ajude a explicar a nossa muito célebre preferência pelo negativismo: a nossa política.



A política portuguesa é má. Muito má. Rancorosa e vingativa. Suja e corrupta. Interesseira, maquiavélica, oportunista, herética, indigna, vulgar e um sem fim de outros adjectivos de carga negativa. Porque é assim a nossa política, se os portugueses até são um povo educado e bem formado? Essencialmente, porque os portugueses, no geral, são mal formados e mal-educados!



A nossa classe política não é mais do que a representação cabal do pior que temos no que a pessoas diz respeito. Todos os dias, se sairmos de casa, encontramos sempre pelo menos uma mão cheia de maus exemplos. Se tivermos numa posição em que lidamos com público, então aí perdemos a conta. Há má educação a toda a hora, em todos os locais, a cada momento neste pequeno país e os políticos não fogem à regra nesse particular. Claro que, se à partida, são rudes e mal-educados, não seja de estranhar que sejam capazes de pedir também aquilo que eles não se dignam a fazer: mais trabalho!



Daí vem uma das minhas mais profundas admirações: quando os políticos nos pedem sacrificios e trabalho, nós devolvemos a simpatia elegendo alguém que só começou a trabalhar aos 37 anos! Melhor ainda é o facto desse novo eleito vir a substituir um outro que gostava de ser tratado por Engenheiro quando nem o curso fez devidamente!



Se a liderança se faz pelo exemplo, Portugal está desde há muito sem um líder capaz de incutir o respeito que as pessoas merecem.


Assim, espero sinceramente no futuro, rever estas palavras, pedir desculpas e fazer mea culpa, dizendo que o novo primeiro-ministro é o melhor que aconteceu a Portugal. Acredito tanto nisso como na resurreição, no entanto seria óptimo sinal ter que fazê-lo. Seria também sinal que depois de morrer ainda vinha cá para dar mais uma voltinha...

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