domingo, abril 01, 2007

Usufruto

A vida dói-me. Sinto-me fracassado quando observo aquilo que ela me pode oferecer e o que não usufruo. Mais angustiado me sinto quando posso realizar certas coisas que me agradariam mas que não o faço porque uma força estranha me impede. Perco demasiado do meu tempo a descobrir que força maligna é essa e chego sempre à mesma conclusão: qualquer que seja a sua forma, ela torna-me infeliz mas ao mesmo tempo compreensivo da condição humana. Porém, interessa-me assim tanto essa condição enquanto vivo angustiado? Todo este paradoxo desmotiva-me e torna-me frágil, incapaz de responder como nos tempos em que era livre e inocente, capaz de dar o troco sem pensar nas consequência. Lugar comum, é isto a idade adulta? Talvez seja, talvez não, nem sequer penso nisso porque não sei o que define criança de adulto, tamanhas são as convenções sociais que não deixam sonhar e só servem para nos forçar a reconhecer o nosso erro de ter crescido e de agora sermos alvos de responsabilidades que em nada servem para a aprendizagem de nós mesmos, mas apenas dos outros, do seu modo de funcionamento, dos seus defeitos e das suas poucas virtudes pois, também eles, estão convertidos a um sistema morto.

2 comentários:

Akuma Kanji disse...

Se achas que as tuas acções estão dependentes de uma suposta força estranha e se essa tal força que tu dizes te continua a impedir de realizar coisas que te agradam então não compreendes absolutamente nada da condição humana.

Akuma Kanji disse...

Há quem se queira convencer da sua própria felicidade, há quem se queira convencer da sua própria infelicidade e há quem se queira convencer das duas, o problema é não acreditar em nenhuma delas.