terça-feira, abril 24, 2007

Boris Ieltsin

Morreu mais uma figura da minha juventude. À hora de jantar, enquanto davam as notícias, surgia sempre a figura de Ieltsin, comentada pelo eterno Carlos Fino. Gostava sobretudo das notícias que surgiram sobre ele já no final da sua carreira política, aquelas que referiam sobretudo as suas bebedeiras e bailaricos entre os russos. Da minha parte, achava tudo aquilo surreal, como se fosse de um outro planeta. E naquela mesma época, nem imaginava sequer que outro esquerdista, neste caso Jerónimo de Sousa, fizesse as mesmas figuras por cá.
Incontestável é que, de facto, Boris Ieltsin é uma figura histórica. Rival de Gorbatchev e difusor de um novo sistema de relações internacionais com os E.U.A. (mais aberto ao contacto, mas igualmente às desconfianças), Ieltsin gostava de criar ruptura, de quebrar em vez de torcer e foi sob esse estatuto que cortou de vez com a U.R.S.S. e abriu a "nova" Rússia à Comunidade Internacional. Infelizmente, e como é apanágio dos líderes na Rússia, abusou de alguns poderes, não tanto em benefício próprio, mas mais em malefício de outros. No entanto, esse é um problema muito russo, herança ideológica das políticas de esquerda.

quinta-feira, abril 05, 2007

O cartaz

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Curiosamente, esta tentativa de humor não me fez rir. Achei de mau gosto até. Acho engraçado que se diga em alto e bom som que vivemos sob o signo da Democracia participativa e depois se sucedam situações de exclusão como esta. O facto do Partido Nacional Renovador ser um partido pequeno (mas em expansão, por muito que custe aceitar) ajuda a explicar o porquê do Estado perder tempo e fundos a gozar com o cartaz do PNR. Aliás, essa perda de tempo e de fundos foi ainda visível no debate parlamentar sobre a mesma situação, quando já todos sabemos que os partidos com assento repudiam o nacionalismo. Percam tempo na campanha, não na Assembleia da República, pois essa é directamente financiada pelo nosso bolso.

Acho incompreensível ainda o compromisso dos Gato Fedorento pela causa, pois parece-me a mim que aquilo não foi opção deles, mas sim da RTP, e, se assim for, é mais um tiro no escuro dado pela estação, depois da eleição de Salazar como melhor português. Se estes paradoxos são para alertar ou para fomentar o debate, isso não sei, apenas sei que em Portugal as opiniões encolerizam-se por tudo e por nada. Vai ser preciso morrer alguém para se descobrir que se foi longe demais. Como sempre.

Voltando ao nacionalismo, chamá-lo de parvoíce é passar ao lado de uma realidade mundial, onde cada vez mais esse valor vai ganhando força, é fazer dos portugueses idiotas que nada vêem nem sentem. Grande parte dos portugueses podem não gostar de Salazar, mas acreditem que também não vêem com bons olhos o fluxo de imigrantes que afecta o país. Perguntem-lhes apenas por chineses, romenos, ucranianos ou africanos e terão a resposta.

domingo, abril 01, 2007

Usufruto

A vida dói-me. Sinto-me fracassado quando observo aquilo que ela me pode oferecer e o que não usufruo. Mais angustiado me sinto quando posso realizar certas coisas que me agradariam mas que não o faço porque uma força estranha me impede. Perco demasiado do meu tempo a descobrir que força maligna é essa e chego sempre à mesma conclusão: qualquer que seja a sua forma, ela torna-me infeliz mas ao mesmo tempo compreensivo da condição humana. Porém, interessa-me assim tanto essa condição enquanto vivo angustiado? Todo este paradoxo desmotiva-me e torna-me frágil, incapaz de responder como nos tempos em que era livre e inocente, capaz de dar o troco sem pensar nas consequência. Lugar comum, é isto a idade adulta? Talvez seja, talvez não, nem sequer penso nisso porque não sei o que define criança de adulto, tamanhas são as convenções sociais que não deixam sonhar e só servem para nos forçar a reconhecer o nosso erro de ter crescido e de agora sermos alvos de responsabilidades que em nada servem para a aprendizagem de nós mesmos, mas apenas dos outros, do seu modo de funcionamento, dos seus defeitos e das suas poucas virtudes pois, também eles, estão convertidos a um sistema morto.