quinta-feira, março 24, 2011

Já vai tarde?


Sinceramente, nem sei. As razões que apresentou para a demissão são para mim válidas, pois é impossível aplicar medidas austeras aos portugueses sem maioria absoluta ou no mínimo, sem um parceiro que garanta a mesma. Ainda sobre essas medidas, pessoalmente prefiro um novo PEC do que a entrada do FMI em cena, pois enquanto que estes PECs são claros, já as medidas do FMI são muito duras e pouco transparentes. Se o FMI fosse bom, tinha dado resultado quando foi pedido o primeiro empréstimo na década de 80 e como está claro, a situação financeira de Portugal não está muito diferente de então: balança comercial em défice, fundo da segurança social em colapso, dependência total dos parceiros comerciais.

Assim, cai o governo, mas não creio que seja para melhor. As alternativas políticas são fracas e ilusórias. Temos medo da dependência externa mas acho que neste momento é a única alternativa: deixar nos comandos de Portugal alguém de fora que não ganhe nada com o cargo, isto é, um gestor puro e não influenciável por bens, estátuas ou lugares no céu. Duvido muito que alguém assim desça à Terra, mas há que não perder a esperança. Quem é sportinguista consegue entender melhor estas coisas...

terça-feira, março 08, 2011

Percebemos que Portugal não faz sentido quando:


  • Temos um primeiro-ministro e um governo que todos sabem que vai cair brevemente, ainda assim olhamos e encolhemos os ombros. Se ele e o seu grupo de ministros ficar mais dois anos por lá não faz mal, nós cá nos orientamos, afinal é só o governo, o que nos interessa as suas decisões?
  • Olhamos para os partidos da oposição e para o debate político e descobrimos que continua a valer a pena ser mais amigo do tipo que nos vai arranjar uma cunha algures, do que votar neste ou naquele partido, pois as soluções imediatas são todas iguais: inócuas e abstractas.
  • Perante os problemas, os presidentes da Junta dizem que a culpa é da Câmara, estes dizem que a culpa é do Distrito, o Distrito diz que a culpa é do Governo central e estes últimos acusam tudo e todos.
  • Temos relações comerciais privilegiadas com a Espanha e Inglaterra e apoiamos social e financeiramente chineses e brasileiros.
  • Apoiámos e providenciámos as condições ideias para que Kadafi viesse a Portugal o ano passado e agora presidimos o comité de sanções ao seu regime.
  • Queremos um modelo social assente nos planos escandinavos para a educação, cultura e planeamento territorial, planos esses que já foram alvos de reformas nos países de origem.
  • Se investiu milhares de milhões em energias renováveis e ainda assim, a conta da electricidade sobe todos os anos.
  • No início de cada ano, a taxa de inflação é revista e adaptada aos produtos. Desde que me lembro, os preços só subiram e pelo que sei, a taxa de inflação já desceu algumas vezes.
  • Queixas e mais queixas de falta de verbas para a cultura, contudo fazem-se espectáculos milionários para plateias de meia dúzia de pessoas. E não, a culpa não é das pessoas não irem.
  • Deslocamo-nos aos estádios de futebol pagando por vezes mais de 20€ para ver um jogo, os clubes queixam-se que os estádios estão sempre vazios e ainda assim, ninguém vê o óbvio.
  • Vemos os Homens da Luta ganhar o Festival RTP da Canção e insultamo-los, dizemos que é uma vergonha, um gasto estúpido de dinheiros público e ainda assim esquecemo-nos que foi o voto do povo que lhes deu a vitória.
  • Ainda na RTP e sobre o gasto de dinheiro, parece que todos querem ignorar os ordenados milionários que José Alberto Carvalho ou Judite de Sousa auferiam, esta última que nem ordenado mínimo devia receber, tal o serviço vergonhoso que prestou na televisão pública (rever entrevista a Passos Coelho para as campanhas presidenciais)
  • Dois clubes da primeira divisão são acusados e punidos por corrupção e ainda assim, as penas são totalmente diferentes: uns perdem pontos (curiosamente não os suficientes para deixarem de ser campeões) e os outros, descem de divisão e têm que pagar multas astronómicas.
  • Os casos sérios na justiça demoram anos e mesmo décadas a resolver e os pequenos problemas são resolvidos quase de imediato.
  • A moldura penal beneficia os criminosos: se matarem alguém vão presos por meia dúzia de anos, se ferirem talvez nem chegue a um ano e se falharem a tentativa, como não aconteceu nada, saem em liberdade. É um pouco como a história do "bateste-me, assim não vale!"
  • Um dos nossos orgulhos enquanto portugueses é o nosso clube, que joga normalmente com 6 argentinos ou 7 brasileiros.
  • Pagamos a gasolina mais cara da Europa e ainda assim, vangloriamo-nos de ter 40 mil quilómetros feitos no automóvel em 2 anos.
  • Não nos importamos de pagar quase 30€ pela SporTV mas ficamos todos revoltados quando o café aumenta 0,05€.
  • Pagamos (muito) para ter Internet e só a usamos para ir ao Facebook dizer "Bom dia!"
Banana?