segunda-feira, janeiro 05, 2009

I

O pior que podia acontecer, o maior de todos, a notícia mais escandalosa, o paraíso mais fascinante. O mundo está carregado de hipérboles e cada vez estará mais, tal é a necessidade pessoal de sobressair. Curioso é que os que mais se escondem acabam por ser os que mais aparecem nos escaparates. São eles os idosos do interior português que não se queixam de falta de subsídio porque nem sabiam que o podiam pedir, tal como os desportistas amadores que lá vão treinando e competindo nos intervalos da vida profissional ou simplesmente, os que escrevem em blogues, cadernos e guardanapos, explorando realidades que os outros olhos não vêem. Assim que algum deles tropeça na passadeira da fama, logo é considerado elitista e fútil, mesmo que nada tenha feito para isso. Tudo porque a sociedade precisa de caras novas, caras para reciclar, caras que nada valem e que são colocadas no ar, naquele minuto de fama, no meio de outros imberbes de opinião desfasada. Infelizmente, o idoso, o desportista e o escritor não mais terão momentos de fama, pois tudo se resumiu aquela reportagem onde se descobriam os mesmo temas de sempre como a subsidio-dependência ou a dificuldade de imposição no meio. Mesmo que nenhum deles se tenha queixado disso, basta um pequeno traço do discurso e pronto, lá se foi o minuto de fama e da pior maneira possível. Obrigado mundo.