O fim da pior semana socrática
Esta semana foi, sem grandes dúvidas, a pior semana vivida pelo governo de Sócrates durante o seu mandato. O estado de anarquia em que parte da sociedade entrou revelou-nos cenários que, embrenhados numa vida quotidiana e já de si difícil, julgávamos impossíveis de acontecer. É certo que não foi o princípio de uma guerra, mas também há a reconhecer que foi uma balbúrdia pior que a do buzinão da ponte em 1995 (que se revelou o princípio do fim do governo cavaquista) e, tendo em conta esse facto, é importante perguntar: será que o protesto dos camionistas marca igualmente o fim de Sócrates como PM?
É curioso que parte da resposta a essa questão tenha vindo de onde menos se esperava: da Irlanda. O Não irlandês no referendo ao Tratado de Lisboa foi para Sócrates a última facada pelas costas que poderia ter recebido numa semana indescritivelmente má, pois o esforço levado a cabo por ele na política externa foi imenso e, falhando esta, desvaneceu-se igualmente uma das suas últimas tábuas de salvação. As restantes são apenas duas: os valores estatísticos positivos numa era de dificuldade económica global e a oposição frágil. De salientar que apenas a estatística ainda é controlada por ele, ou seja, Sócrates tem agora muito pouco por onde se agarrar quando chegarmos às eleições.
Falo nisto sob a perspectiva das várias opiniões que tenho ouvido, pois considero que Sócrates tem procedido bem com algumas políticas que já há muito deveriam ter sido elaboradas. Refiro-me concretamente à aposta nas energias renováveis, à reestruturação dos sectores da educação e da saúde e ao reordenamento da função pública. Em teoria, isto já devia ter sido feito há longos anos atrás, contudo, a maneira como está a ser feito tem sido demasiado tecnocrata. Todos sabemos que são processos difíceis face a muitos valores tradicionais e anti-progressistas incutidos nas pessoas, mas ainda assim este governo deveria ter maior capacidade de visão aos problemas reais das pessoas. Como fazê-lo? Essa é a grande questão que este governo não vai solucionar, nem possivelmente nenhum que lhe venha a suceder. É um problema acima de tudo de modelo. A nossa democracia carece de comunicação entre os governantes e o cidadão comum, sendo que o intermediário - vulgo deputado - está preso perante a opinião da sua bancada e não defende seriamente o território que o elegeu, ou seja, o deputado é apenas um número, um voto. Esse é possivelmente o maior problema do nosso modelo democrático e que dificulta em muito a tarefa de quem deseja impor medidas ajustadas à realidade.
É curioso que parte da resposta a essa questão tenha vindo de onde menos se esperava: da Irlanda. O Não irlandês no referendo ao Tratado de Lisboa foi para Sócrates a última facada pelas costas que poderia ter recebido numa semana indescritivelmente má, pois o esforço levado a cabo por ele na política externa foi imenso e, falhando esta, desvaneceu-se igualmente uma das suas últimas tábuas de salvação. As restantes são apenas duas: os valores estatísticos positivos numa era de dificuldade económica global e a oposição frágil. De salientar que apenas a estatística ainda é controlada por ele, ou seja, Sócrates tem agora muito pouco por onde se agarrar quando chegarmos às eleições.
Falo nisto sob a perspectiva das várias opiniões que tenho ouvido, pois considero que Sócrates tem procedido bem com algumas políticas que já há muito deveriam ter sido elaboradas. Refiro-me concretamente à aposta nas energias renováveis, à reestruturação dos sectores da educação e da saúde e ao reordenamento da função pública. Em teoria, isto já devia ter sido feito há longos anos atrás, contudo, a maneira como está a ser feito tem sido demasiado tecnocrata. Todos sabemos que são processos difíceis face a muitos valores tradicionais e anti-progressistas incutidos nas pessoas, mas ainda assim este governo deveria ter maior capacidade de visão aos problemas reais das pessoas. Como fazê-lo? Essa é a grande questão que este governo não vai solucionar, nem possivelmente nenhum que lhe venha a suceder. É um problema acima de tudo de modelo. A nossa democracia carece de comunicação entre os governantes e o cidadão comum, sendo que o intermediário - vulgo deputado - está preso perante a opinião da sua bancada e não defende seriamente o território que o elegeu, ou seja, o deputado é apenas um número, um voto. Esse é possivelmente o maior problema do nosso modelo democrático e que dificulta em muito a tarefa de quem deseja impor medidas ajustadas à realidade.