Jogos Olímpicos de Atenas 2004
Já não escrevia aqui há algum tempo. Ando a levar o termo férias demasiado a peito e ainda bem.
Vou aproveitar para expôr um comentário que escrevi no www.relvado.com no dia 27 de Agosto sobre algumas das incidências que marcam o desporto com base nos Jogos Olímpicos.
Se há algo que se tem desvanecido nos últimos Jogos Olimpicos é o espirito olimpico. Ele ainda existe, mas está cada vez mais perdido entre os patrocinios, as federações, os prémios monetários e a falta de fair-play entre os atletas.
Uma imagem que indica isto é a final dos 200 metros, onde o trio norte-americano fez jus ao favoritismo e assim ganharam os três primeiros lugares no podium. Nessa final, aquando as imagens antes da partida reparei na atitude do atleta Crawford, que posando às camâras, mostrou uma face arrogante e convencida, como se estivesse no trono do mundo. Essa imagem do atleta gabarolas em contraste com a concentração do namibiano Fredericks, que pedia ao mesmo tempo silêncio ao público, chegou para que eu ganhasse alguma aversão ao norte-americano. E maior ficou essa mesma aversão após o final da prova, já que Crawford ignorou os atletas dos outros países que o tentavam cumprimentar/felicitar, optando por unir-se aos seus 'irmãos de armas'.
Foi uma tremenda falta de respeito para com os seus concorrentes e foi uma atitude egocêntrica. Quando os melhores corredores são assim, é porque o desporto está em crise, é porque os valores de união, do combate leal, do respeito pelo adversário estão em crise. Após esses valores estarem em crise não me interessa se amam o país como mais ninguém, pois a realidade é que não são atletas olimpicos, são meros mercenários, aliçercados em patrocinios e treinadores que muitas vezes optam por caminhos desleais. O facto de 2 dos 3 primeiros classificados na prova dos 200m serem treinados pelo mesmo treinador da 'acabada' Marion Jones chega-me para saber de antemão que esta não terá sido uma prova justa. Acredito piamente que haja doping envolvido nesta prova.
E acredito também que há ainda atletas valentes e humildes como o Rui Silva ou a Fernanda Ribeiro (para citar só alguns) que tanto nos deram, mas que ainda assim são criticados como se as vitórias fossem uma obrigação. O público também tem uma certa culpa, pois já não vê os JO com o intuito de assistir a um espectaculo, mas sim com o intuito de ver a sua nação ganhar. Tornou-se um pouco como os adeptos que vão aos campos de futebol portugueses.
Há uma falha enorme na cultura desportiva, e essa só poderá ser reposta na educação familiar e escolar.
segunda-feira, agosto 30, 2004
segunda-feira, agosto 02, 2004
Entre-os-Fogos
A primeira etapa da volta a Portugal em bicicleta foi uma boa janela para os olhos dos que ainda duvidam da força do fogo. Ao mesmo tempo que os ciclistas rolavam pelo asfalto quente das terras próximas de Castelo Branco, o telespectador podia contemplar a paisagem completamente arrasada pelo fogo dos últimos dias naquela outrora verdejante floresta.
Eu sabia que o Euro2004 tinha sido uma excepção à nossa capacidade organizacional, não sabia é que o exemplo seguinte seria logo passado um mês.
Outro acontecimento do qual me recordei quando me deparei com esta nova vaga de chamas no solo nacional foi o de Entre-os-Rios. Tal como no ano passado ( e no anterior), falou-se de protecção civil, políticas ambientais e apoios às corporações de bombeiros a nível terrestre e essencialmente aéreo, mas, e para não variar no nosso cantinho à beira-mar plantado, as orelhas continuam todas moucas e será necessária uma catástrofe (como se esta situação já não fosse uma) para que hajam medidas. Foi por isto que me lembrei de Entre-os-Rios, visto que foi preciso a ponte cair para existirem vistorias e obras de recuperação às envelhecidas pontes espalhadas pelo nosso país. E, apesar de toda as medidas efectuadas com base na tragédia, ainda houve quem se limitasse a procurar culpados entre os areeiros e os governantes municipais, como se não passasse tudo de um jogo político. É neste contexto que cada vez mais situo os fogos em Portugal: numa luta política de interesses que desconhecemos, mas que certamente serão pessoais ou monetários.
No mesmo patamar criminal dos piromaníacos só mesmo essas pessoas preocupadas com tais interesses.
A primeira etapa da volta a Portugal em bicicleta foi uma boa janela para os olhos dos que ainda duvidam da força do fogo. Ao mesmo tempo que os ciclistas rolavam pelo asfalto quente das terras próximas de Castelo Branco, o telespectador podia contemplar a paisagem completamente arrasada pelo fogo dos últimos dias naquela outrora verdejante floresta.
Eu sabia que o Euro2004 tinha sido uma excepção à nossa capacidade organizacional, não sabia é que o exemplo seguinte seria logo passado um mês.
Outro acontecimento do qual me recordei quando me deparei com esta nova vaga de chamas no solo nacional foi o de Entre-os-Rios. Tal como no ano passado ( e no anterior), falou-se de protecção civil, políticas ambientais e apoios às corporações de bombeiros a nível terrestre e essencialmente aéreo, mas, e para não variar no nosso cantinho à beira-mar plantado, as orelhas continuam todas moucas e será necessária uma catástrofe (como se esta situação já não fosse uma) para que hajam medidas. Foi por isto que me lembrei de Entre-os-Rios, visto que foi preciso a ponte cair para existirem vistorias e obras de recuperação às envelhecidas pontes espalhadas pelo nosso país. E, apesar de toda as medidas efectuadas com base na tragédia, ainda houve quem se limitasse a procurar culpados entre os areeiros e os governantes municipais, como se não passasse tudo de um jogo político. É neste contexto que cada vez mais situo os fogos em Portugal: numa luta política de interesses que desconhecemos, mas que certamente serão pessoais ou monetários.
No mesmo patamar criminal dos piromaníacos só mesmo essas pessoas preocupadas com tais interesses.
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