segunda-feira, agosto 30, 2004

Jogos Olímpicos de Atenas 2004

Já não escrevia aqui há algum tempo. Ando a levar o termo férias demasiado a peito e ainda bem.

Vou aproveitar para expôr um comentário que escrevi no www.relvado.com no dia 27 de Agosto sobre algumas das incidências que marcam o desporto com base nos Jogos Olímpicos.

Se há algo que se tem desvanecido nos últimos Jogos Olimpicos é o espirito olimpico. Ele ainda existe, mas está cada vez mais perdido entre os patrocinios, as federações, os prémios monetários e a falta de fair-play entre os atletas.

Uma imagem que indica isto é a final dos 200 metros, onde o trio norte-americano fez jus ao favoritismo e assim ganharam os três primeiros lugares no podium. Nessa final, aquando as imagens antes da partida reparei na atitude do atleta Crawford, que posando às camâras, mostrou uma face arrogante e convencida, como se estivesse no trono do mundo. Essa imagem do atleta gabarolas em contraste com a concentração do namibiano Fredericks, que pedia ao mesmo tempo silêncio ao público, chegou para que eu ganhasse alguma aversão ao norte-americano. E maior ficou essa mesma aversão após o final da prova, já que Crawford ignorou os atletas dos outros países que o tentavam cumprimentar/felicitar, optando por unir-se aos seus 'irmãos de armas'.
Foi uma tremenda falta de respeito para com os seus concorrentes e foi uma atitude egocêntrica. Quando os melhores corredores são assim, é porque o desporto está em crise, é porque os valores de união, do combate leal, do respeito pelo adversário estão em crise. Após esses valores estarem em crise não me interessa se amam o país como mais ninguém, pois a realidade é que não são atletas olimpicos, são meros mercenários, aliçercados em patrocinios e treinadores que muitas vezes optam por caminhos desleais. O facto de 2 dos 3 primeiros classificados na prova dos 200m serem treinados pelo mesmo treinador da 'acabada' Marion Jones chega-me para saber de antemão que esta não terá sido uma prova justa. Acredito piamente que haja doping envolvido nesta prova.

E acredito também que há ainda atletas valentes e humildes como o Rui Silva ou a Fernanda Ribeiro (para citar só alguns) que tanto nos deram, mas que ainda assim são criticados como se as vitórias fossem uma obrigação. O público também tem uma certa culpa, pois já não vê os JO com o intuito de assistir a um espectaculo, mas sim com o intuito de ver a sua nação ganhar. Tornou-se um pouco como os adeptos que vão aos campos de futebol portugueses.

Há uma falha enorme na cultura desportiva, e essa só poderá ser reposta na educação familiar e escolar.

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