Entre-os-Fogos
A primeira etapa da volta a Portugal em bicicleta foi uma boa janela para os olhos dos que ainda duvidam da força do fogo. Ao mesmo tempo que os ciclistas rolavam pelo asfalto quente das terras próximas de Castelo Branco, o telespectador podia contemplar a paisagem completamente arrasada pelo fogo dos últimos dias naquela outrora verdejante floresta.
Eu sabia que o Euro2004 tinha sido uma excepção à nossa capacidade organizacional, não sabia é que o exemplo seguinte seria logo passado um mês.
Outro acontecimento do qual me recordei quando me deparei com esta nova vaga de chamas no solo nacional foi o de Entre-os-Rios. Tal como no ano passado ( e no anterior), falou-se de protecção civil, políticas ambientais e apoios às corporações de bombeiros a nível terrestre e essencialmente aéreo, mas, e para não variar no nosso cantinho à beira-mar plantado, as orelhas continuam todas moucas e será necessária uma catástrofe (como se esta situação já não fosse uma) para que hajam medidas. Foi por isto que me lembrei de Entre-os-Rios, visto que foi preciso a ponte cair para existirem vistorias e obras de recuperação às envelhecidas pontes espalhadas pelo nosso país. E, apesar de toda as medidas efectuadas com base na tragédia, ainda houve quem se limitasse a procurar culpados entre os areeiros e os governantes municipais, como se não passasse tudo de um jogo político. É neste contexto que cada vez mais situo os fogos em Portugal: numa luta política de interesses que desconhecemos, mas que certamente serão pessoais ou monetários.
No mesmo patamar criminal dos piromaníacos só mesmo essas pessoas preocupadas com tais interesses.
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