Gostei de ler e não posso deixar de comentar a opinião de João Silva sobre a moldabilidade da opinião pública portuguesa. Claro que antes prefiro dizer mundial, pois a globalização não deve ser desprezada sob a pena de caírmos numa especie de vortex minoritário que só nos trará mais dissabores (é possível..acreditem).
Numa simples frase o João resume a nossa sociedade "No fundo, é o tal "vazio de expectativa", de que eu falava, que deixa os portugueses à mercê dos órgãos de comunicação, que, por sua vez, abundam em tudo menos imparcialidade".
O vazio de expectativa é quanto a mim o que o Professor Ernesto Castro Leal chama de pessimismo incondicional dos portugueses, é aquilo que alguma coisa tem que estar mal e é nos impossível estar bem com tudo. É por estas e por outras que a selecção nacional devia jogar sempre com um jogador em vez de outro..porque todos temos opinião de bancada mas não passa disso mesmo, duma opinião longínqua dos grandes palcos e dos grandes centros de debate. É daí que vem a moldabilidade da nossa opinião, do nosso medo de opinar e assim restringirmo-nos às regras rangelianas ou monizticas (perdoem-me os palavrões) que são em termo concreto tão viáveis como a moda. Talvez seja o objectivo base da faculdade ajudar-nos a argumentar com sabedoria a nossa opinião, mas o real da questão é que a negativizamos e acabam por cair 4 anos de estudo por terra...
"Mas não encaro esta "teoria" com pessimismo. Aliás, estou bem consciente que é um sintoma humano e não português."
É aqui que a a globalização conflue em actor global. Teatralização e representação da sociedade como ela não é. O português é pessimista, o alemão não, quando se calhar, teria mais razões para isso (Ver guerras mundiais).
E porque não gosto de opinar sem tentar dar soluções vou fiar-me no exemplo alemão. Os portugueses enquanto aguardam pelo horário nobre televisivo com impaciência, não muito longe daqui, o povo alemão aproveita-o para ler o que de melhor tem a literatura alemã (e não só alemã...não quero entrar em nacionalismos descontextualizados).
Por estas e por outras é que a mudança tem mais impacto nestes países, pois normalmente é pensada, reformulada e gerida. A sudoeste europeu a mudança chega de forma inevitável, como um tornado se tratasse.
É por isso que aprecio enjoado a cada reza à santinha e a cada discussão futebolistico-politica (aqui é tudo a mesma coisa - Ver Sevilha 2003).
A Sudoeste..nada de novo
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