Yuri Gagarin
e os tempos de ouro da exploração espacial
e os tempos de ouro da exploração espacial
Numa altura em que se comemoram os 50 anos da viagem espacial de Yuri Gagarin é com nostalgia e muita desilusão que revejo este dia:
Nostalgia
Nascido nos anos 80, fui um previligiado por assistir ainda à loucura em volta da exploração espacial: foguetões, cometas, planetas, guerra das estrelas, telescópios, guerra fria, comunistas, NASA, aviões e tudo o mais que estivesse relacionado com o Espaço era visto com esperança e espanto. Lembro-me que era "normal" os putos como eu tomarem um partido: americanos ou russos, Apollo ou Sputnik, F-15 ou MIGs. Não sei exactamente porquê, mas pessoalmente sempre gostei mais do programa russo. Penso que no fundo, Gagarin contribuiu muito para essa escolha, ao ser o primeiro lá fora. Está certo que os americanos chegaram primeiro à Lua e realizaram mais missões bem sucedidas que os russos, no entanto o facto da URSS ter sido a primeira deve ter ajudado na minha tendência. Seja como fôr, esses tempos já lá vão.
Desilusão
Na verdade, parece que passaram muitos anos, mas nem uma geração passou. Enquanto eu e os meus amigos discutíamos quem tinha maior poder bélico, mais tecnologia e mais dinheiro, a geração nascida nos anos 90 já não vê as coisas dessa forma. Para eles interessa sobretudo o imediato e nesse contexto não existem avanços significativos no espaço que despertem a sua imaginação. A culpa não é deles, mas sim da estagnação de todo o programa espacial. Seja por falta de orçamento ou pela consolidação do valor da vida*, a realidade é que todos os grandes avanços do século passado parecem memórias estranhas nos tempos actuais. A maior elaboração das experiências na área espacial torna todo o processo mais lento e mais redundante. Acredito que a escassez dos recursos naturais no planeta Terra dê um novo impulso à exploração espacial, mas para já o panorama é desolador: os Estados Unidos investem na democratização mundial, os Russos olham só para dentro, os Japoneses e Europeus só trabalham em parceria e os Chineses estudam a melhor forma de suplantar todas as potências nesta área, num projecto para muitas décadas. Face áquilo que vivi na minha juventude, só consigo ficar desapontado com o rumo que todos os programas espaciais levaram. Eu e muitos outros esperavam mais. É pena.
*Nos tempos que se seguiram à 2ª Guerra Mundial havia menos cérebro mas muito mais coragem. Só assim se conseguem explicar as proezas de Gagarin, Armstrong ou Kittinger, que apesar das condições de segurança mínimas, decidiram entrar de cabeça no desconhecido. Hoje em dia, tudo é estudado ao pormenor, obrigando a que as condições estejam reunidas a 100% para prosseguir com a missão. Apesar de correcto, nada tem a ver com o espírito que caracterizou as missões dos anos 50,60 e 70. Eu quero essa espírito de volta!